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Crítica | Lakers: Hora de Vencer – 2ª Temporada

BEAT L.A!!

por Kevin Rick
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Após a temporada de estreia acompanhar Magic Johnson em seu ano de novato, liderando os Lakers para seu primeiro título da NBA em quase uma década, é curioso tentar imaginar quanto terreno a segunda temporada iria cobrir. Afinal, considerando que Magic jogou até o início dos anos 90, quando teve seu diagnóstico de AIDS (cena de abertura da série, vale lembrar), é difícil pensar que cada temporada da série vai cobrir cada ano da NBA, porque então a produção iria passar dos dez anos em exibição. Bem, na temporada “sophomore” da obra, acompanhamos os Lakers pós-1980 até a final de 1984 contra o Boston Celtics.

O longo período de tempo é narrativamente complicado de apresentar nos curtos sete episódios da temporada. Eventos importantes são completamente descartados ou rapidamente abordados na temporada, como o primeiro título de Larry Bird com o Boston Celtics, o segundo título dos Lakers na década e a revanche do Philadelphia 76ers de Erving e Malone em 1983. Tudo é contextualizado, claro, mas pouco desenvolvido e, na minha opinião, de difícil envolvimento para uma audiência que não tem conhecimento prévio da história da NBA. Muitas elipses, saltos temporais e recapitulações expositivas atrapalham o ritmo da narrativa e a representação do período, ainda que, de certa forma, é um sacrifício em prol de uma história mais focada que o ano de estreia.

Minha principal reclamação no texto da primeira temporada é como os roteiristas tentam fazer coisas demais, abordar muitos elementos e dar holofotes a tantas figuras que tudo acaba sendo um tantinho superficial e nada ganha uma direção dramática completa. Seria injusto, então, reclamar de como a segunda temporada descarta muita coisa para dar atenção para os elementos mais importantes, ainda que seja decepcionante ver personagens como James Worthy, Julius Erving, Moses Malone, Kevin McHale, entre outros não ganharem destaque. Acredito, porém, que a temporada poderia ter abordado menos eventos, talvez até a revanche de Philly em 83, e certamente poderia ter tido mais episódios para destrinchar e espaçar a extensa história do período.

No entanto, no que a produção foca, não tenho nada para reclamar, porque funciona perfeitamente. Grande parte do drama da temporada acontece em torno das relações de hierarquia e os atritos de vestiário do Lakers, dando dimensão para momentos como a troca de técnicos do time, o contrato milionário de Magic e seu posterior pedido para ser trocado, e como o restante dos jogadores lidam com esse ego destilado na franquia, principalmente Kareem e Norm Nixon. A maioria dos personagens não recebem retratos elogiosos, principalmente Paul Westhead (talvez um pouco caricatural demais, mas com boa performance de Segel), o que é um ponto positivo. Esses momentos de dramatização interna, sempre com destaque para Magic em cenas bem dirigidas quando está sozinho e solitário com suas decisões equivocadas, ganham a frente de uma história que captura nossa atenção com a dificuldade que é coexistir em um time de basquete desse tamanho e com essa pressão.

Gosto de todos os arcos das figuras centrais, passando pelo amadurecimento de Magic com Cookie, o crescimento e confiança de Pat Riley, os lados positivos e negativos de envelhecer neste esporte com Kareem e, claro, os contínuos excessos de Buss. Apenas a trama de Jeanie parece um pouco deslocada, ainda que não de toda ruim em seu contraste feminismo num universo dominado por egos masculinos. Em termos de direção, é uma temporada menos de show e diminuída no humor, até por conta do peso e desgaste emocional dos eventos contados, mas o estilo nostálgico e de falso-documentário é mantido na direção e na fotografia que alternam entre filtros de 16mm, 35mm e imagens de VHS. A efetivação de Bird, Red, os Celtics e a cidade de Boston como antagonistas mantém o entretenimento ligado com a diversão calorosa de uma das maiores rivalidades esportivas de todos os tempos.

É uma pena, então, que a série tenha sido cancelada. Lakers: Hora de Vencer termina numa nota agridoce com os slides que nos contam os futuros eventos da história, num desfecho interrompido pela HBO. É difícil não ficar decepcionado com a quantidade de eventos que ainda seriam abordados e de dramas que não foram concluídos, mas pelo menos a jornada até aqui foi divertida, nos mostrando o início do showtime em toda sua glória e percalços. Magic, Buss e companhia farão falta nas minhas telinhas de domingo.

Lakers: Hora de Vencer (Winning Time: The Rise of the Lakers Dinasty) – 2ª Temporada — EUA, 2023
Criação: Max Borenstein, Jim Hecht
Direção: Trey Edward Shults, Tanya Hamilton, Todd Banhazl, Salli Richardson-Whitfield
Roteiro: Rodney Barnes, Max Borenstein, Jim Hecht, Rebecca Bertuch
Elenco: John C. Reilly, Quincy Isaiah, Jason Clarke, Sally Field, Adrien Brody, Gaby Hoffmann, Jason Segel, Hadley Robinson, DeVaughn Nixon, Tracy Letts, Solomon Hughes, Tamera Tomakili, Brett Cullen, Stephen Adly Guirgis, Spencer Garrett, Sarah Ramos, Molly Gordon, Rob Morgan, Delante Desouza, Austin Aaron
Duração: 07 episódios de aprox. 60 min.

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