- Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.
Passei o episódio inteiro esperando o momento em que seria revelado que A execução de Lyta-Zod por Jax-Ur em A Better Yesterday fora um sofisticado engodo parte da estratégia da resistência para desestabilizar o general Zod. Tinha tanta certeza que isso se tornou até uma distração para mim, pois uma série como Krypton simplesmente não eliminaria personagem tão importante.
Mas a cada minuto que se passava, ficava mais e mais confiante de que sim, Cameron Welsh teve mesmo coragem de manter intacto o terrível cliffhanger do episódio anterior, o que só contribuiu para meu respeito pelo showrunner aumentar. Ao dedicar um capítulo inteiro para lidar com as consequências da morte da personagem, ele conseguiu elevar a série toda a outro patamar, um patamar em que as apostas tornam-se mais arriscadas e, portanto, bem mais interessantes.
E, melhor ainda, apesar de iniciar a história com um discurso moralista de Val-El condenando o ato de Jax, a primeira atitude que o veterano cientista toma desde que voltou da Zona Fantasma, a roteirista Nadria Tucker termina condenando-o ao mesmo papel de pessoa capaz de fazer o que é necessário por um bem maior que Jax é. Afinal, se nada mudar ou for “retconado”, ao destruir o elevador espacial, ele matou centenas de inocentes que lá trabalhavam. Nada mal para emprestar uma pegada surpreendentemente sombria e pesada à série, não é mesmo?
Zod, descontrolado, põe em movimento um plano ainda não completamente claro – pelo menos não para mim – que envolve o codex e Apocalypse que, pelo visto, terá consequências devastadoras para a rebelião e, diria mais, para toda Krypton, o que pode ser o ponto de virada efetivo para a derrocada do vilão. Será interessante ver os desdobramentos disso nos quatro episódios finais.
Outra personagem que merece nota é Nyssa-Vex. De vilãzinha mequetrefe clone da Brigitte Nielsen, Wallis Day vem fazendo um ótimo trabalho de desenvolvimento dela, demonstrando que o showrunner parece ter ótimos planos futuros para ela, talvez, agora, efetivamente ao lado de Seg.
Aliás, venho gostando muito da forma que Welsh encontrou para trazer “super-poderes” à série, transformando Seg em um híbrido, com Brainiac por vezes no comando. Claro que é um elemento de facilita muito a narrativa, como foi o caso do conserto supersônico da nave em que ele é Nyssa fugiam de Zod, mas o conceito é sem dúvida interessante e, provavelmente, terá utilidade quando do inevitável confronto do protagonista contra o futuro assassino de seu neto.
Fora dos eixos principais, porém, o episódio não sabe o que fazer com seus personagens. Adam e Kem não têm mais função alguma que não seja balançar suas respetivas cabeças em concordância ou discordância com alguém e Jayna e Zod são, apenas, enfeites de cenário, enfeites esses que, aqui, entram para o coro do luto por Lyta.
E isso me faz voltar à morte da amada de Seg. Afinal, estamos em uma série em que Zod voltou no tempo para dominar Krypton e o universo e esse artifício sci-fi, como bem se sabe, é capaz de trazer gente morta de volta e mudar atitudes radicais como explosões de elevadores espaciais. Ou seja, mesmo tendo coragem de fazer o que fez, Welsh pode tão facilmente desfazer que ainda fico incomodado e na dúvida se posso mesmo investir nessa abordagem que o episódio parece inaugurar. Tomara que ele não caia ness tentação e mantenha intacto o bom trabalho que fez aqui.
In Zod We Trust é, se tudo for mantido, um episódio corajoso que muda o status quo da série, assim como nossa percepção dela. A entrada efetiva de Apocalypse nesse jogo, assim como a aliança de Seg com Brainiac só têm a ampliar as possibilidades para um prelúdio inesperado e sangrento do Superman.
Krypton – 2X06: In Zod We Trust (EUA – 17 de julho de 2019)
Showrunner: Cameron Welsh
Direção: Metin Hüseyin
Roteiro: Nadria Tucker
Elenco: Cameron Cuffe, Georgina Campbell, Shaun Sipos, Elliot Cowan, Ann Ogbomo, Aaron Pierre, Rasmus Hardiker, Wallis Day, Blake Ritson, Ian McElhinney, Colin Salmon, Hannah Waddingham, Emmett J. Scanlan
Duração: 45 min.