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Crítica | Kamen Rider Amazon (1974) – 1X01: Homem ou Besta? O Carinha que Veio da Selva!

Apenas chamar de bizarro não começa a descrever esse piloto...

por Ritter Fan
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Bem-vindos ao Plano Piloto, coluna semanal dedicada a abordar exclusivamente os pilotos de séries de TV.

Número de temporadas: 1
Número de episódios: 24
Período de exibição: 19 de outubro de 1974 a 29 de março de 1975.
Há continuação ou reboot?: Sim. Foi precedida por Kamen Rider (1971), Kamen Rider V3 (1973) e Kamen Rider X (1974) e sucedida por mais de 30 séries, especiais televisivos e longas-metragens que continuam sendo lançados até hoje em dia.

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Essa minha jornada pelos episódios pilotos das séries da franquia Kamen Rider tem sido cheia de surpresas boas! Um leitor havia me dito que Kamen Rider Amazon era bem diferente das versões anteriores dos Kamen Riders, o que me preparou, então, para encarar algo fora de esquadro. Mas nem em um milhão de anos eu poderia esperar o que vi em Homem ou Besta? O Carinha que Veio da Selva!, pois, mesmo tendo achado o começo da série original absolutamente provocador e bizarro, com toques de surrealismo, ele não se compara à mistura de Mogli e Tarzan que se transforma não exatamente em um androide-gafanhoto, mas na sensacional fusão de um Sleestak com a criatura da Lagoa Negra que, claro, não deixa de contar com aquela “charmosa” echarpe, que encontrei em Kamen Rider Amazon.

Minha reação ao episódio, desde seus primeiros segundos em que a origem mais do que apressada do personagem é contada – ainda antes dos créditos! – foi de completa estupefação. Claro que eu esperava algum tipo de ligação com a floresta Amazônica (ainda que o nome pudesse ser uma referência à Mitologia Grega, claro), mas ver um órfão japonês que não fala perdido por lá ser transformado em um ciborgue por um xamã/cientista também japonês que por alguma razão qualquer também estava no meio da selva e, ainda por cima, com instrumentos pré-históricos, seguido de uma sessão de hipnose para que o jovem viaje ao Japão (como é que o garoto em estado feral consegue sair de lá e chegar na pátria de seus pais é um dos mistérios do piloto!) e ache determinada pessoa que poderá ajudá-lo, depois que ele enfrenta o Demônio de Dez Faces (que tem mesmo 10 face humanas na base do que parece ser um nave, com o demônio em cima pilotando-a), foi demais para a minha cabeça.

Mas nem teria sido tão demais assim se a coisa parasse por aí. O problema – que não é um problema, vejam bem, mas sim uma bênção! – é que as doideiras completas não param, pois o tal garoto, que se chama Daisuke Yamamoto (Tōru Okazaki), chega em Tóquio e, de tanga mesmo (além de um cinturão e um bracelete quase no ombro), fazendo caretas com direito a closes em seus dentes sei lá porque, fazendo garra com as mãos e gritando como um aprendiz de Tarzan, passa a enfrentar uma “barata” assassina que mata, em nome da organização criminosa Gedon, todos aqueles que tinham alguma ligação com o tal xamã/cientista Bago (Ushio Akashi). E o que dizer do adorável e destemido menininho Masahiko Okamura (Yōji Matsuda) que faz instantânea amizade com Amazon, tendo até tempo de ensinar-lhe o padrão “mim Jane, você Tarzan”?

E o melhor de tudo é que praticamente do nada, sem nenhuma preparação prévia, o Garoto da Selva, ao falar “Amazon” e fazer uma dancinha, transforma-se na tal fusão de Sleestak com criatura da Lagoa Negra que só o garotinho consegue reconhecer como um Rider (se eu não soubesse o título da série, não faria essa conexão), pois o bicho parece um anfíbio, com direito até mesmo a uma espinha dorsal que levanta e abaixa e, pelo menos aqui nesse começo, sem qualquer moto para ele ser o rider. É de fazer cabeças explodirem, pois eu sei que estou recolhendo os pedaços da minha…

Sei que escrevo de maneira jocosa, mas garanto que minha intenção não é depreciar o piloto de Kamen Rider Amazon. Muito ao contrário, eu aprecio demais a coragem da equipe criativa em partir para algo realmente diferente na franquia – e relativamente cedo, pois é, apenas, a quarta série Kamen Rider – que retorna à pegada bizarra do início da Kamen Rider de 1971, inclusive com um grau de violência bem interessante. Até mesmo a estrutura do episódio agrada, pois, mesmo que não seja uma história de origem clássica – já que a origem mesmo fica apertada nos dois minutos iniciais -, ela dá conta do recado quando o espectador consegue absorver a maluquice conceitual da série que mistura a floresta Amazônica com tribo Inca, xamã e órfão japoneses no meio da floresta e um uniforme de Kamen Rider que, não tenho dúvida em afirmar, é facilmente o melhor de todos até esse ponto (ainda que ver o sujeito lutar de tanga seja imbatível, obviamente…).

Kamen Rider Amazon é uma maravilha para ser contemplada e digerida com calma pelo espectador. Mais uma vez, fiquei com muita vontade de continuar vendo a série toda, até porque ela é a mais curta de todas até o presente, com apenas 24 episódios. Sei que não conseguirei, mas lembrarei com enorme carinho dessa coisa estranhamente fascinante que acabei de assistir de queixo caído!

Kamen Rider Amazon – 1X01: Homem ou Besta? O Carinha que Veio da Selva! / Man or Beast? The Cool Guy Who Came From the Jungle! ((仮面ライダーアマゾン/ Kamen Raidā Amazon – Japão, 19 de outubro de 1974)
Criação: Shotaro Ishinomori
Direção: Masaki Tsukada
Roteiro: Shou Daimon
Elenco: Tōru Okazaki, Yōji Matsuda, Mariko Matsuoka, Ryūji Saikachi, Ushio Akashi, Ritsuo Sawa
Duração: 25 min.

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