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Crítica | Justiça Extrema: Cachorros Loucos e Super-Heróis

por Luiz Santiago
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Considerada uma das piores séries da Liga da Justiça (ou melhor, de um spin-off da Liga), Justiça Extrema teve ao menos uma motivação interessante para existir. Após a morte de Gelo (Tora Olafsdotter) as coisas ficaram estranhas na Liga da Justiça Internacional e o Capitão Átomo foi um dos que mais sentiu essa morte. Progressivamente irritado, ele passou a se colocar contra as ações dos colegas e não tinha muito mais paciência para frases como “não podemos fazer isso“, “não podemos ir neste tipo de lugar porque a ONU cairá em cima de nós“, “não podermos…“. Decidido a tomar um outro rumo heroico em sua vida, ele saiu da Liga e criou o próprio grupo, inicialmente sem nome (por “força do hábito”, chamado de Liga da Justiça pelo Besouro Azul, logo na primeira missão), mas rapidamente nomeado de Extreme Justice.

A primeira formação da Justiça Extrema contou com Admirável III (William Everett III), Besouro Azul, Máxima, Gladiador Dourado e o líder Capitão Átomo. Posteriormente Nuclear (Ronald Raymond) e até os Supergêmeos entrariam para o time, mas a revista não durou muito tempo, ela foi cancelada em seu número #18, com data de capa de julho de 1996.

A ideia geral da Justiça Extrema, em termos editoriais, era simples: este grupo não poderia ter receio de fazer algumas coisas… digamos… mais agressivas contra vilões; ou ter algum pé atrás em uma missão que fosse acender os ânimos de diversas organizações internacionais. Isso não quer dizer que seria um grupo de anti-heróis. Mas eles certamente se aproximam dessa linha divisória, encarnando uma formação mais adulta, mais “sombria” da Liga, fazendo mudanças que às vezes ficam difíceis de engolir, como pegar um personagem brincalhão como o Gladiador Dourado e colocá-lo em uma baita armadura, falando frases que só fariam sentido se fossem ditas pelo Caçador de Marte.

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Calma, gente, é só o Capitão Átomo “voltando dos mortos”.

Alguns fãs — os que implicam mais com esta série do que eu — costumam dizer que o Besouro Azul aqui é desenhado para se parecer cada vez mais com o Homem-Aranha de Todd McFarlane, o que pode parecer apenas uma maldade de quem está de birra com título, mas prestando bem atenção, faz sentido, e não é só em relação ao desenho não. O fato é que a proposta para este grupo mais “sombrio” não colou bem. Nem a parceria sempre interessante entre Besouro e Gladiador (a despeito da rixa na época do Conglomerado) é bem colocada na história, o que nos faz questionar a verdadeira intenção de se criar uma equipe onde os membros não possuem um mínimo de relação fraterna. Claro que é necessário algumas farpas, mas isso vindo de todo mundo? E ainda pior, de dois velhos amigos? É uma descaracterização de personagens que não tem como engolir.

A história, ao menos em sua proposta geral, é boa. Ela toma como fonte as mazelas da época da Guerra Fria e destaca o patriotismo em nível “maluco” de um General (Mister Synge), agora a serviço de uma operação cheia de segredos financiada pela Casa Branca, e o coloca em um ponto crítico, disponível para “destruir alguns se for para o bem de uma maioria” — o bom e velho resumo de extermínio que nazistas, ditaduras em geral e alguns grupos, mesmo que não oficialmente, tomaram para si. O que os heróis da Justiça Extrema faz é lutar desprevenidos contra uma força que não esperavam que existisse.

A chegada dos heróis ao Mount Thunder apenas para ter um lugar para ficar e a surpresa desagradável de encontrar o espaço ocupado por “coisas mortais” abre as portas da primeira aventura, que tenta estabelecer o conjunto, mas o roteiro cansativo e pouco criativo de Dan Vado, não vai muito longe. A arte de Marc Campos e finalização de Ken Branch são muito boas, mas sozinhas, também não faz milagre. Não é nada espantoso notar que a série teve uma vida curta. E a julgar pela baixa qualidade do arco de abertura, foi até longe demais.

Justiça Extrema: Cachorros Loucos e Super-Heróis (Extreme Justice #0 – 3: Mad Dogs and Super Heroes) — EUA, 1995
Roteiro: Dan Vado
Arte: Marc Campos
Arte-final: Ken Branch
Cores: Lee Loughridge
Letras: Kevin Cunningham
Capas: Marc Campos, Ken Branch
Editoria: Brian Augustyn
20 a 24 páginas

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