Home FilmesCríticasCatálogos Crítica | Jurassic World: A Batalha de Big Rock

Crítica | Jurassic World: A Batalha de Big Rock

por Ritter Fan
5,3K views

  • spoilers de Jurassic World: Reino Ameaçado.

Mesmo os maiores fãs da franquia Jurassic Park, hoje “transformada” em Jurassic World, se pararem para respirar fundo e contemplar sobre todo o material que desde 1990, com a publicação do livro homônimo de Michael Crichton, vem capturando a imaginação sedenta por dinossauros do público em geral precisa reconhecer que, com exceção justamente do primeiro romance e do primeiro longa-metragem, todo o restante não consegue ultrapassar aquela desconfortável barreira do “mediano quase bonzinho”. Não só Steven Spielberg fez um de seus piores filmes na continuação de 1997, baseados em um dos mais fracos livros de Crichton (e a única continuação em sua bibliografia), como o soft reboot na forma de Jurassic World pode até ter engordado os cofres da Universal Studios, mas não passa, até agora, de sombras do que poderiam ter sido.

Colin Trevorrow, que ressuscitou a franquia em 2015 com Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros, abrindo espaço para J.A. Bayona fazer Reino Ameaçado em 2018, foi chamado de volta para o terceiro filme, Domínio, que será lançado em princípio em meados de 2022 (enquanto escrevo, a pandemia recrudesce e desfaz cada vez mais planos de lançamentos de filmes) e, como tira-gosto, produziu, co-escreveu e dirigiu o curta-metragem A Batalha de Big Rock, estrelando Andre Holland e Natalie Martinez, que é, para todos os efeitos, uma ponte entre o primeiro e segundo filmes da nova leva. E o cineasta faz, em apenas nove minutos, o que nem ele próprio, nem seu colega Bayona conseguiram com vastíssimos orçamentos e horas e horas de projeção interminável conseguiram: trazer de volta aquele senso de perigo, urgência e horror que dinossauros (pelo menos os carnívoros) deveriam criar quando interagem com humanos.

Em outras palavras, A Batalha de Big Rock, em sua mais completa simplicidade, com um acampamento de trailers sendo visitado por uma fêmea e um filhote de nasutoceratops que, por sua vez, atraem um particularmente faminto alossauro, consegue ser mais eficiente em sua proposta do que todas as 4 horas e tanto das duas doses jurássicas anteriores. Não só o CGI dos bicharocos é muito bom se consideramos a natureza do curta e mesmo levando em conta a fotografia propositalmente noturna para esconder eventuais defeitos e não encarecer a empreitada, como a família formada por Holland, Martinez e três crianças que, ato contínuo, passa a ser cobiçada pelo bípede carnívoro graças ao incessante choro do bebê, é mais instantaneamente interessante e bem trabalhada do que a dupla de bonitões protagonista dos dois Jurassic World.

Talvez seja justamente o efeito positivo da combinação de orçamento mais baixo e pouco tempo que tenha levado Trevorrow a focar no que é realmente importante, cortando absolutamente tudo que não interessava. Claro que isso resulta em curta em que a história se confunde com a ação, mas quando isso acontece de maneira eficiente e fluida, não há problema algum, especialmente quando, como mencionei, o roteiro e a direção conseguem invocar senso de perigo, algo muito presente aqui. Além disso, é interessante notar que a família não se mostra completamente surpresa com a chegada dos nasutoceratops, revelando que a fuga – na verdade libertação – dos animais ao final de O Reino Ameaçado aconteceu há algum tempo e já é de conhecimento geral pelo menos nos Estados Unidos, dando a entender que haverá algum tipo de salto temporal no terceiro longa que pode apresentar um status quo mundial (ou pelo menos continental) bem diferente dos ambientes mais contidos de todos os filmes anteriores.

Se Jurassic World: A Batalha de Big Rock for algum indício da intensidade que Trevorrow deseja imprimir na terceira parte da “segunda” saga, então Domínio terá chance de resgatar a qualidade quase que totalmente solitária do primeiro e já longínquo longa. Agora é só esperar que o reino ameaçado em que vivemos no momento não chegue a ser um mundo perdido até o dia de lançamento de Domínio

Jurassic World: A Batalha de Big Rock (Jurassic World: Battle at Big Rock – EUA, 2019)
Direção: Colin Trevorrow
Roteiro: Emily Carmichael, Colin Trevorrow
Elenco: André Holland, Natalie Martinez, Melody Hurd, Pierson Salvador, Chris Finlayson, Noah Cole, Ethan Cole
Duração: 9 min.

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais