Home QuadrinhosOne-Shot Crítica | Júlia Kendall – Vol. 5: Os Reféns

Crítica | Júlia Kendall – Vol. 5: Os Reféns

por Luiz Santiago
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Neste quinto capítulo da série Aventuras de uma Criminóloga, o roteiristas Giancarlo Berardi e Maurizio Mantero abordam o caso de um comando de ex-soldados que mantém a família de um joalheiro como refém, para forçá-lo a abrir o cofre da loja. A operação é narrada como uma instigante história de ação, investigação e suspense — e traz pela primeira vez uma mulher, Laura Zuccheri, ilustrando uma história de Júlia Kendall –, também mesclando organicamente o grande problema do volume com dramas menores, seja para a vida da criminóloga, seja para os reféns ou os sequestradores.

O texto começa simples, com uma cadência tão bem modulada, que chega a dar um pouco de medo, já que fica aquele ponto de atenção na mente: “será que os roteiristas vão conseguir tratar um tema relacionado a reféns em tão pouco tempo?“. Claro que estamos falando de um quadrinho de 130 páginas, mas o enredo não está direcionado unicamente a um assunto. Não podemos nos esquecer que assim como Nick Raider e como uma porção de histórias de Dylan Dog e Dampyr, Júlia pertence ao gênero giallo, de modo que a particularidade dos assassinatos, a violência com estilo e detalhes, o apelo psicológico e o tratamento ansioso da história (do tipo que deixa a gente esperando que a qualquer momento alguma coisa ruim aconteça, não de maneira sugestiva, mas porque temos base para esperar isso) chamam totalmente a nossa atenção para o texto e nos deixa apreensivos pelo andamento da trama. Só que mais uma vez Berardi nos mostra que não há motivo nenhum para se preocupar.

Ligando os pontos das relações entre os personagens, temos o namorado holandês de uma das sequestradas (linha rápida, mas tratada com perfeita colocação na história, sem forçar a barra e sem fazer com que se torne apenas uma sugestão inútil); o drama particular dos bandidos — que na verdade são ex-militares com TEPT, cada um lidando de forma diferente com a questão –; a pequena história interna do distrito, com uma referência refigurada, hilária e inteligente a Os Assassinatos na Rua Morgue e, por fim, a própria linha de Júlia como assistente do Distrito que acaba tendo que cuidar dos dois núcleos onde existem reféns.

Aproveitando-se de quadros simples para mostrar cenas rápidas de movimento, tiroteio ou ação pura em pelo menos duas dinâmicas opostas no tratamento de um caso de sequestro (uma para a casa do joalheiro, onde está a família, e outra para a loja, onde está o empresário, seus funcionários e clientes) os autores criam uma forte tensão que vai se delineando a cada página, fechando cada ponta a seu tempo (sem correrias ou dissonâncias dramáticas) e terminando com uma piscadela para um problema policial menor, apresentado no início da trama. Uma forma leve de fechar uma crônica pesada como essa e que, infelizmente, sabemos não estar nada longe da realidade em casos assim.

Julia – Le avventure di una criminologa #5: I Sequestrati (Itália, fevereiro de 1999)
Editora original:
 Sergio Bonelli Editore
No Brasil:
 Editora Mythos, 2005 e 2019
Roteiro: Giancarlo Berardi, Maurizio Mantero
Arte: Laura Zuccheri
Capa: Marco Soldi
130 páginas

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