Home QuadrinhosOne-Shot Crítica | Júlia Kendall – Vol. 12: Amor e Dinheiro

Crítica | Júlia Kendall – Vol. 12: Amor e Dinheiro

por Luiz Santiago
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Amor e Dinheiro é a edição mais procedimental da série Júlia Kendall até aqui. Na minha percepção, desde Se as Montanhas Morrem os roteiros vêm ganhando uma linha narrativa bem mais próxima de um modelo investigativo em si mesmo, tanto para o lado da criminóloga, quanto para o lado dos policiais, talvez aproximando-se mais de outro giallo da editora Bonelli, só que protagonizado por um homem: Nick Raider. Nesse tipo de narrativa, o foco não está nem no modus operandi do assassino e nem no mistério em torno da morte propriamente dita, mas no cercamento que a lei faz aos criminosos, procurando erros cometidos e pistas deixadas a fim de levarem os malfeitores à justiça.

É com isso em mente que eu vejo a série ganhando uma nova camada, algo somado ao puro giallo que marcou a série em seus primeiros números. Isso não significa nada além da própria constatação: a série continua interessante, o desenvolvimento progressivo dos personagens acontece, temos bons casos em cena, mas a tônica dos enredos tem se tornado mais distante de Dario Argento, digamos assim, e bem mais próxima de Henri-Georges Clouzot, só pra manter as duas referências cinematográficas com trabalho no mistério policial, mas com métodos absolutamente distintos.

Nessa trama, temos um conjunto de apostas, drogas e traições, onde o galã cafajeste chamado Lionel West (que se parece com Antonio Banderas) sofre um atentado e quase morre. Ele é casado com uma herdeira milionária, mas o casamento não vai bem e Lionel é conhecido por iludir diversas mulheres e fazer muitas dívidas em jogos de azar. O submundo do crime entra em cena, é claro, e a investigação só ganha a presença de Júlia porque sua avó pede para que ela se envolva. No passado, a família da milionária (Stuart-Lee) foi muito próxima dos Kendall e a avó de Júlia sente que tem uma dívida moral para com a mulher que, no decorrer das investigações, acaba sendo a principal suspeita de ter mandado matar o marido.

Das edições da série até o momento, esta foi a que menos me interessou em seu processo investigativo. Mas paradoxalmente foi a que mais me fez gostar da presença de Leo Baxter num processo de investigação. Como Julia está trabalhando voluntariamente no caso, é compreensível que o texto tenha adotado uma linha mais solta ao explorar toda a sua jornada de envolvimento aqui, mas esta não é tão boa ou mesmo chamativa como as que tivemos em volumes anteriores. Como disse, o único ponto que realmente me deixou interessado foi o bloco de Leo em cena.

Amor e Dinheiro é a história de um golpe, quase um drama familiar no melhor estilo novelão. No contexto dessa série, contudo, tal linha de argumento tem um bom resultado final, mas certamente não um dos melhores que já encontramos nessas Aventuras de uma Criminóloga.

Julia – Le avventure di una criminologa #12: Una dolce bambina triste — Itália, setembro de 1999
Roteiro: Giancarlo Berardi, Giuseppe De Nardo
Arte: Federico Antinori
Capa: Marco Soldi
132 páginas

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