Número de temporadas: 04
Número de episódios: 104
Período de exibição: 17 de setembro de 1965 a 11 de abril de 1969
Há continuação ou reboot?: Sim. Houve duas continuações na forma de telefilmes, The Wild Wild West Revisited, de 09 de maio de 1979) e More Wild Wild West, de 07 de outubro de 1980, ambos com pegada mais leve e humorística, mas com a mesma dupla principal. Além disso, em 1999, a série ganhou um reboot estrelado por Will Smith e Kevin Kline batizado de As Loucas Aventuras de James West.
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Infelizmente, James West ou, no original, The Wild Wild West, só será lembrado, nos dias de hoje, pelo terrível, terrível filme de 1999 protagonizado por Will Smith e Kevin Kline, com direção de Barry Sonnenfeld, o que é inegavelmente uma grande injustiça para esta divertida série sessentista que muito eficiente mistura dois gêneros populares na época, o faroeste, em leve declínio de público, e as obras de espionagem, então em franca ascensão tanto na televisão com séries como O Agente da U.N.C.L.E. quanto no cinema com, claro, 007. Diferente do longa – e, sejamos justos, dos dois telefilmes que se seguiram ao seu cancelamento – a série tem uma pegada séria, com um bom grau de violência, usando o que de melhor os gêneros que mescla tinham a oferecer na época.
Exatamente como Sean Connery e seu James Bond (até o primeiro nome é o mesmo!), Robert Conrad vive o bonitão e mulherengo agente do governo americano James West que se apresenta como “West, James West”, usa gadgets variados para derrotar vilões estereotipados – no piloto, de uma tacada só, temos mexicanos e chineses malvados – sob ordens e proteção do presidente Ulysses S. Grant (James Gregory vivendo o personagem apenas essa única vez) e com a ajuda do inventor e especialista em disfarces Artemus Gordon (Ross Martin). A primeira aventura, que já apresenta West como um agente de grande reputação, mas recebendo do presidente seu “vagão particular” que serve de base móvel de operações, coloca o protagonista contra o revolucionário mexicano Juan Manolo (Nehemiah Persoff) que planeja começar uma guerra contra os EUA.
A ambientação de Velho Oeste é muito cuidadosa, com uma fotografia em preto e branco acima da média para obras televisivas da época, com um desenho de produção interessante e cuidadosa que é visto por muitos – em combinação com a tecnologia verniana usada – como umas das primeiras manifestações do steampunk no audiovisual. Isso é particularmente verdadeiro no interior do vagão de West, repleto de armas e armadilhas e que ganharia outros diversos exemplos em episódios futuros. O roteiro do piloto mantém o foco em James West ao ponto de seu parceiro ter uma participação minguada, quase que como unicamente seu valete que, por acaso, gosta de usar disfarces que, pelo menos aqui nesse começo, de nada realmente servem.
Há também, no desenrolar da história, um particular gosto por reviravoltas, algo um tanto quanto exagerado para um episódio de 50 minutos. Sejam as verdadeiras intenções da “dama em perigo” Lydia Monteran (Suzanne Pleshette), ou a identidade do chinês obeso Wing Fat (Victor Buono), os eventos vão se desdobrando em um passo acelerado, mas dependente desses momentos no estilo “ahá” que são razoavelmente óbvios, ainda que divertidos. Ajuda que a ação é intensa, sem economia de pancadaria e explosões – para uma série de TV, claro – e que West seja literalmente o James Bond do Velho Oeste, com direito a arma desmontável nos saltos do sapato e com balas que saem da fivela do cinto (um marco da série, aliás), além de bolas de sinuca explosivas.
The Night of the Inferno, título muito mais dramático que o episódio, vale dizer, funciona como uma boa introdução a James West, mas não tão boa assim a Artemus Gordon, que sequer é relacionado com os gadgets usados neste começo. Mas a fusão de gêneros é bem feita e até parece natural e óbvia (talvez sob olhares modernos, claro), o que funcionou para refrescar as séries de faroeste trazendo algo novo e ainda não tentado. No mínimo dos mínimos, o piloto mostra que Sonnenfeld não precisava de muito para fazer de seu filme de 1999 um blockbuster até muito bom, se ele tivesse se inspirado na fonte certa e não no material genérico e histérico que Hollywood faz questão de produzir.
James West – 1X01: The Night of the Inferno (The Wild Wild West – EUA, 17 de setembro de 1965)
Criação: Michael Garrison
Direção: Richard C. Sarafian
Roteiro: Gilbert Ralston
Elenco: Robert Conrad, Ross Martin, Suzanne Pleshette, Victor Buono, Nehemiah Persoff, Walter Woolf King, James Gregory, Bebe Louie, Phil Chambers, Tom Reese, Warren Parker, Clint Ritchie, Alberto Morin
Duração: 50 min.