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Crítica | Jack Frost (1997)

Os horrores de uma comemoração natalina macabra e sangrenta.

por Leonardo Campos
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Caro leitor. Pense em um filme ruim. Agora multiplique essa ruindade várias vezes. Fez? Depois deste breve exercício, volte para o grau de irregularidade do que analisou e reflita sobre a possibilidade de tirar alguma diversão desta narrativa que pensou. É bem provável que você, ao assistir Jack Frost, lançado diretamente no mercado de vídeo em 1997, utilize a produção como referência quando for repetir tal atividade no futuro. De tão bizarro e ruim, o filme consegue arrancar risos involuntários e garantir, para o espectador, momentos de nonsense que provavelmente se transformarão em um delicioso exercício de diletantismo. Na trama, acompanhamos os horrores de uma cidade interiorana em pleno período natalino. Em vez da diversão, dos encontros para reunião de familiares, amigos e pessoas que se amam, na habitual troca de presentes, os personagens precisam batalhar pela sobrevivência diante dos ataques brutais de um assassino não humano, “encarnado” em um boneco de neve.

Sim, coisas da cultura cinematográfica e da incansável indústria do entretenimento. Depois de fazer bastante investimento em brinquedos, geladeiras, biscoitos e até lasanhas assassinas, tivemos também o clássico boneco de neve da cultura natalina estadunidense como representante do panteão de psicopatas da ficção. Dirigido por Michael Cooney, também responsável pelo roteiro, escrito numa parceria com Jeremy Paige, Jack Frost nos apresenta a seguinte estrutura dramática básica: um assassino é encaminhando para a sua sentença de morte e durante um percurso, sofre um acidente. Ele sai ileso do veículo, mas após mencionar as suas frases de efeito ridículas sobre estar em liberdade, recebe um banho de ácido e seu corpo se dissolve no gelo. É o começo da história, então, logo ele ressuscitará.

Os motivos? O ácido em questão é parte de um projeto secreto do governo, baseado numa fórmula criada em laboratório para animar objetos inanimados. Agora ele se posiciona mais mortal do que antes, haja vista a sua sentença ter sido estabelecida após um longo de tempo de ação, período onde deixou um enorme rastro de violência pelas paragens em que esteve. Seu foco é aniquilar todos aqueles que estão pelo caminho, numa jornada de mortes engraçadas, personagens planos, situações exageradamente malucas, num filme de terror com toques consideráveis de ironia. Sam (Christopher Allport) é o seu alvo prioritário. O xerife da pequena cidade onde a trama se passa, responsável por ter aprisionado o antagonista, agora em busca de vingança.  Interpretado por Scott MacDonald na perspectiva humana, o monstro é caricato, tão estranho quanto a sua forma fantasiosa e macabra.

O tom paródico está por todos os lados em Jack Frost. É visivelmente ridícula a ornamentação dos ambientes, proposta pelo design de produção, ao colocar neve em tudo, claramente vista como tecido em torno dos adereços da narrativa. É de rachar de rir, tal como o traje do boneco de neve assassino, elementos que reforçam a falta de um orçamento maior para o desenvolvimento da proposta, falta de investimento que se reverte em recurso narrativo para fins cômicos. Setor assumido por dois profissionais, o design também não é somente avacalhação, funcionando também em suas preocupações ao estilizar de maneira natalina os espaços por onde os personagens atravessam. A direção de fotografia de Dean Lent opera alguns milagres ao disfarçar a ausência de efeitos visuais suficientes para o boneco de neve, numa produção slasher de Natal que é, ao menos, sincera, entendendo desde os seus primeiros instantes os absurdos de sua proposta e a maneira irreverente adotada para o seu desenvolvimento.

Jack Frost —EUA, 1997
Direção: Michael Cooney
Roteiro: Michael Cooney, Jeremy Paige
Elenco: Scott MacDonald, Christopher Allport, Stephen Mendel, F. William Parker, Eileen Seeley, Rob LaBelle, Zack Eginton, Kelly Jean Peters, Brian Leckner, Shannon Elizabeth, Paul Keith
Duração: 86 min.

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