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Crítica | Invencível – 3X04: Você Era Meu Herói

Um futuro sombrio.

por Kevin Rick
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos episódios da série.

Depois de uma trinca de episódios bem intensa para abrir a terceira temporada, Invencível dá um passo pra trás e respira um pouco no autocontido e agradável Você Era Meu Herói. A estrutura narrativa é um pouco diferente aqui – apesar da série já ter feito isso antes – com uma divisão bem clara entre dois blocos, quase como se fosse um episódio com duas partes, incluindo um pós-crédito curto no meio da história. Não vou mentir, eu achei a transição esquisita, não só pelo pós-crédito, como também pela narração e pela forma abrupta como tudo acontece. Acho que uma montagem mais esperta teria lidado melhor com essa divisão… mas não é nada lá de muito negativo também; só um detalhe estranho, em que até pensei por um minuto que o episódio tinha acabado muito rápido.

Entrando nos meandros do episódio, temos um bloco inicial que lida diretamente com a humanidade e o lado ordinário dos heróis. Não estou querendo bater na mesma tecla sempre, mas a série continua sabendo explorar com qualidade, bom humor e até certa densidade dramática esse dia-a-dia dos seres superpoderosos, algo que se manifesta aqui em bons momentos, primeiro com uma curta – mas bem divertida – sequência de Rae e Rex (sério, o Jason Mantzoukas manda bem demais) no supermercado, e depois com um núcleo maior entre Mark e Eve tendo seu segundo primeiro encontro interrompido pelos viajantes do tempo que roubaram a Declaração de Independência dos Estados Unidos em Vocês Não Estão Mais Rindo, que não apenas acabam com os planos românticos da dupla, como simplesmente sequestram Mark, levando-o para um futuro pós-apocalíptico em que a Terra está sendo governado por uma versão insana e sanguinária de Immortal.

Antes dessa pequena viagem ao futuro, porém, temos uma rápida sequência de Mark confrontando Cecil. Não gosto da forma atrapalhada e corrida que essa parte da história é trabalhada, mas há uma importância narrativa em continuar o atrito dos episódios anteriores e estabelecer, mesmo que rapidamente, a futura ameaça de Levy. A maneira atabalhoada que as coisas acontecem aqui se torna um sintoma do restante do bloco, que parece bem impaciente em alguns desenvolvimentos. Entre o encontro desesperador com Immortal e o retorno desmoralizante de Mark para o encontro, depois de ter matado o personagem no futuro, temos alguns tópicos e temas bem recorrentes da série em cena, como culpa, existencialismo, moralidade, justiça e afins; mas sem um cuidado narrativo de destaque. Por exemplo, as mortes de Angstrom Levy no final da temporada anterior e dos Maulers no último episódio tiveram um peso bem maior do que a forma quase sem consequência que temos aqui, com Mark refletindo por alguns momentos se é uma boa pessoa, logo antes de termos uma longa – e, sim, fofa – montagem romântica dele com Eve.

Não me entendam mal, não acho nada ruim no bloco. Tudo está em linha com as temáticas sobre heroísmo da série e temos alguns desdobramentos bem perturbadores que agregam ao arco de alguns personagens – não só de Mark e Eve, mas do Immortal também e como enxergamos ele dentro da história -, além de sugestões sobre um possível futuro sombrio do Império Viltrumita e do que Mark pode vir a se tornar. A questão é que tudo é feito meio de qualquer jeito, meio espremido narrativamente. O segundo bloco já flui um pouco melhor, se aproveitando do imenso carisma de Allen, o Alien (com Seth Rogen se divertindo à beça aqui) e do arco de redenção contagiante de Nolan. A violência é um tantinho gratuita durante a fuga da prisão, principalmente com os guardas, mas de maneira geral é um núcleo que entretém bastante com a ação e que é carregado pela inesperada parceria entre Allen e Nolan (e Battle Beast, claro!), com destaque para o gancho final com a revelação sobre a fraqueza do Império Viltrumita.

Vamos ser honestos, Você Era Meu Herói parece, fala, anda e fede a filler, mas, curiosamente, tem muita coisa aqui importante em termos narrativos e muita continuidade dos bons arcos dos personagens em cena, em especial Mark e Nolan, que protagonizam os seus respectivos blocos. Não exatamente uma calmaria antes da tempestade, já que tem muita porradaria e morte rolando no episódio, o capítulo ainda é menos intenso do que estamos acostumados na série, principalmente pela forma como a narrativa soa como um pequeno desvio de curso da trama principal, mas o saldo final segue positivo, especialmente pela maneira como a produção segue interessada na humanidade de seus personagens, e sigo animado para o restante da temporada.

Invencível – 3X04: Você Era Meu Herói (Invincible – 3X04: You Were My Hero) – EUA, 13 de fevereiro de 2025
Criado por: Robert Kirkman, Cory Walker, Ryan Ottley
Direção: Ian Abando
Roteiro: Robert Kirkman
Elenco: Steven Yeun, Sandra Oh, J.K. Simmons, Jason Mantzoukas, Gillian Jacobs, Zazie Beetz, Walton Goggins, Grey Griffin, Chris Diamantopoulos, Khary Payton, Jay Pharoah, Andrew Rannells, Ross Marquand, Seth Rogen, Sterling K. Brown, Eric Bauza, Clancy Brown, Cliff Curtis, Shantel VanSanten, Reginald VelJohnson, Luke Macfarlane, Calista Flockhart
Duração: 50 min.

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