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Crítica | Invencível – 2X07: Não Vou a Lugar Nenhum

Saco de pancada.

por Kevin Rick
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos episódios da série.

O penúltimo episódio do segundo ano de Invencível segue a fórmula que tem funcionado na temporada: pancadarias intensas e cheias de consequências em volta de bons dramas familiares e traumas pessoais. Estava esperando um capítulo em torno da vingança de Angstrom, mas a produção decidiu empurrar o vilão para o desfecho da temporada na semana que vem, no que é uma escolha, digamos, curiosa ao preparar um clímax para um antagonista que mal vimos na segunda metade da temporada e que, por conseguinte, prorroga o início da Guerra Viltrumita para o próximo ano. De qualquer forma, mantenho o otimismo para a season finale com o viajante do multiverso, no que acredito que será uma resolução aterrorizante para a família Grayson se a adaptação seguir os acontecimentos dos quadrinhos.

A primeira meia hora do episódio mantém a abordagem de Não É Tão Simples, com foco em situações domésticas e pessoais dos personagens. Praticamente tudo que elogiei no episódio anterior se mantém aqui, razão pela qual seria redundante e repetitivo pontuar as mesmas qualidades criativas. Confesso que até fiquei um pouco surpreso, porque imaginava um capítulo mais intenso, possivelmente com Angstrom, mas mesmo sem sua participação, não achei que o tom mais calmo e ordinário seria mantido. Se me permitem ser um pouco chato, gostaria de dizer que senti até uma leve sensação ruim de repetição pela forma que o episódio reitera e recicla muitos núcleos dramáticos, mas, de maneira geral, é outra entrada na temporada que valoriza mais substância do que entretenimento vazio.

Dentre os personagens do vasto elenco, penso que Donald (e consequentemente Rick) tem ganhado um espaço inesperado. O conflito de identidade e o trauma desses personagens “transformados” é instigante e a sequência do possível suicídio da vítima de Sinclair (que rapidamente pipoca em tela também) é executada com muita destreza emocional. Às vezes noto que a série caminha em uma linha fina entre bons dramas e melodrama por ter tanta coisa acontecendo, o que acarreta em alguns personagens não ganhando tanta atenção (Robô e Garota-Monstro; Immortal; e até Debbie nos últimos episódios vêm à mente), mas a equipe criativa tem feito um esforço de qualidade em termos de diálogos, edição e organização narrativa para tudo funcionar.

No meio disso tudo, é Mark que, claro, ganha os holofotes com seu relacionamento com Amber. Através de uma fofa sequência do herói em um voo romântico com sua namorada, emulando as diversas vezes que Superman fez isso com Lois Lane, vemos o protagonista em raros momentos de felicidade, tranquilidade e ternura, o que, como já citei em outros textos, pode soar cafona, mas que é importante para a trama de coming-of-age em torno de Mark. O momento de paz é quebrado de maneira emblemática (mais disso à frente), dando um desfecho trágico e cheio de emoção para o choque de realidade dos personagens. Gosto particularmente de como o texto e a direção fazem um retrato do término que é ao mesmo tempo juvenil, exagerado e individualista (não falo de forma pejorativa), mas também com realizações maduras e pragmáticas de ambos os personagens.

Não Vou a Lugar Nenhum não esquece os Viltrumitas, porém, fazendo a introdução de Anissa em uma aparição repentina e perigosa, que serve tanta para preparar o terreno do relacionamento quebrado de Mark e Amber, como citei acima, quanto para fazer uma espécie de resolução para os dilemas morais do protagonista, determinado a morrer pelo que acredita. Para além de interpretações, a luta com Anissa é simplesmente intensa e divertida. Temos um kaiju, pessoas morrendo, um combate nos céus que lembra animes e uma animação visualmente fenomenal na forma que nos entretém com velocidade, fluidez, força e muitos detalhes em slow-motion durante a surra que Mark leva. A aparição da personagem, assim como o pós-crédito com Allen, servem para desenvolver o arco da Guerra Viltrumita para a próxima temporada. Não gosto muito dessa barriga narrativa e da forma como Angstrom ficou jogado para o último episódio, mas o penúltimo capítulo da segunda temporada da série é, mesmo entre algumas repetições dramáticas, completamente fiel à direção e ao tom que tem funcionado com excelência até aqui na intersecção entre pancadaria e drama.

Invencível – 2X07: Não Vou a Lugar Nenhum (Invincible – 2X07: I’m Not Going Anywhere) – EUA, 28 de março de 2024
Criado por: Robert Kirkman, Cory Walker, Ryan Ottley
Direção: Ian Abando
Roteiro: Simon Racioppa
Elenco: Steven Yeun, Sandra Oh, J.K. Simmons, Jason Mantzoukas, Gillian Jacobs, Zazie Beetz, Walton Goggins, Grey Griffin, Chris Diamantopoulos, Khary Payton, Jay Pharoah, Andrew Rannells, Ross Marquand, Seth Rogen, Sterling K. Brown, Eric Bauza, Clancy Brown, Cliff Curtis, Shantel VanSanten, Reginald VelJohnson, Luke Macfarlane, Calista Flockhart
Duração: 52 min.

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