- Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos episódios da série.
Em Já Faz um Tempo, abordei a escolha esquisita dos produtores em fazer um hiato no meio da temporada. Ainda mantenho a opinião de que a pausa não foi narrativamente necessária (talvez tecnicamente tenha sido para a equipe criativa ter mais tempo com a animação), mas Isso Deve Ser Um Choque é um retorno suave para o universo de Invencível, principalmente pela maneira que o hiato se entrelaça com o intervalo de tempo que Mark passa no planeta das formigas azuis se recuperando da batalha Viltrumita. É um início paciente e ligeiramente melancólico que abre bem a segunda parte da temporada antes do herói voltar para a Terra.
Chegando no planeta azul, a narrativa tem que fazer uma ginástica para lidar com muita coisa: o retorno de Mark; a descoberta de Debbie sobre Nolan e seu novo filho; a investida dos Sequids; o drama de Eve; o confronto entre Donald e Cecil; e o ataque da Liga Lagarto – sem falar do pós-créditos, que abordo mais à frente. A quantidade de núcleos da animação é um problema recorrente e uma preocupação constante, mas o quinto episódio tem, sem dúvida alguma, a melhor montagem de toda a série, passando por todos os blocos com uma fluidez agradável e sem deixar nada soar picotado. Inclusive, a forma como a narrativa é arranjada em torno da quantidade de subtramas enfatiza de uma forma positiva o frenesi da ação por conta da quantidade de ataques diferentes.
Inicialmente, o episódio dá tempo e lida de maneira calma com o drama central da série envolvendo os Graysons, mantendo o ótimo trabalho familiar com diálogos sutis e performances formidáveis do elenco de dublagem. O conflito em torno do irmão de Mark é cheio de camadas e gosto muito da participação de Cecil como uma espécie de figura antagônica nesse lado da história. Da mesma forma, as cenas de Mark e Amber, e de Rex e Eve, são desenvolvidas com muita destreza e intimidade, dando espaço para o drama ser aprofundado e ganharmos ótimas evoluções para os arcos dos personagens. Isso sem falar do inacreditavelmente chocante e perturbador segmento com Donald, que sempre é rápido, mas que tem se tornado uma pequena joia da obra. O nível de maturidade do roteiro da série continua sendo um destaque à parte, indo além do que Robert Kirkman fez nos quadrinhos.
Depois de alguns momentos tocantes e impactantes, o episódio vira puro caos ao trabalhar duas grandes batalhas, uma contra os Sequids e outra contra a Liga Lagarto. Novamente, a montagem é excepcional na forma como mantém tudo fluído e aumenta o alvoroço da ação. Ambos os blocos ganham méritos pelo trabalho técnico – a animação tá linda! – e pelo nível de periculosidade, mas o destaque principal tem que ficar com a sanguinolenta, bárbara e de certa forma comicamente ácida luta de Rex e companhia contra os vilões vestidos de répteis. Que negócio louco, satírico e divertidamente violento de assistir, sem falar nas eventuais consequências traumáticas/dramáticas que serão magníficas de assistir.
O retorno de Invencível é tudo que a gente precisava e muito mais! Apesar de uma quantidade insana de subtramas, a organização do episódio é magistral, dando atenção para tudo na medida certa e tecendo um capítulo que tem maturidade dramática, excelentes desenvolvimentos narrativos e que ainda abraça por completo a insanidade caótica que são as batalhas desse universo de heróis bem diferente. A maioria das pontas soltas estão quase finalizadas para a produção poder focar na Guerra Viltrumita em sua reta final, com exceção do núcleo do Angstrom. Para finalizar um grande episódio, ainda temos o retorno do divertido Allen e um gancho que irá mudar o rumo da história.
Invencível – 2X05: Isso Deve Ser Um Choque (Invincible – 2X05: It’s Been a While) – EUA, 15 de março de 2024
Criado por: Robert Kirkman, Cory Walker, Ryan Ottley
Direção: Haylee Herrick
Roteiro: Helen Leigh
Elenco: Steven Yeun, Sandra Oh, J.K. Simmons, Jason Mantzoukas, Gillian Jacobs, Zazie Beetz, Walton Goggins, Grey Griffin, Kevin Michael Richardson, Zachary Quinto, Chris Diamantopoulos, Melise, Khary Payton, Ezra Miller, Andrew Rannells, Jonathan Groff, Mark Hamill, Ross Marquand, Seth Rogen
Duração: 51 min.
