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Crítica | Invencível – 2X04: Já Faz Um Tempo

Contenda familiar.

por Kevin Rick
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos episódios da série.

Depois do cliffhanger de Esta Missiva, Esta Maquinação!, chegamos ao final da primeira metade da segunda temporada de Invencível, que agora entrará num estranho hiato em que só veremos a reta final da história no ano que vem. Como esperado, essa meia temporada finaliza de forma impactante, deixando um rastro de sangue, tripas, consequências e, como vem sendo a toada deste novo ano, muita melancolia. Em mais um episódio que tem a contenda da família Grayson como drama central, somos presenteados com um capítulo em que os personagens desse universo lidam com seus conflitos internos e até questionam suas próprias existências!

A sequência de Nolan vagando pelo espaço é desoladora, com mais uma escolha musical assertiva para representar a tristeza vaga do pior pai do mundo. Existem pitadas de existencialismo e depressão na ótima direção de Jason Zurek, atingindo o ápice da desolação quando Nolan chega a beira do suicídio, antes de salvar a nave dos Thraxan. A forma como o roteiro encaminha um possível arco de redenção para o personagem sem justificar seus atos e sim apresentando a ele um novo propósito é mais um exemplo da ótima escrita de Kirkman, evitando saídas fáceis em prol de discussões moralmente tênues. Afinal, como perdoar um genocida?

Bem, não perdoamos, mas Já Faz Um Tempo nos faz sentir empatia pelo monstro, num misto de emoções eclipsado pela reação confusa de Mark em ver seu pai. Ele o abraça e o ama, e o xinga, julga e o odeia por seus atos e mentiras, num momento emblemático para a série. O roteiro se desvia completamente de qualquer tipo de melodrama bobo, criando um palco de emoções cruas, diálogos realistas, sentimentos ambíguos e um nível caótico de revelações que beira o absurdo cômico quando Nolan se “lambuza” com uma formiga e nos apresenta seu filho roxo. A brilhante cena do antagonista completamente desordenado com a morte do povo Thraxan, descontando sua tristeza com raiva, é praticamente uma epifania para o personagem. Será extremamente interessante ver seu arco tomando forma a partir desse amadurecimento emocional e empático extremamente complicado e traumático.

Paralelamente, Debbie também recebe seus próprios holofotes desoladores, numa sequência ainda mais letárgica que a de Nolan. A cena do túmulo é particularmente comovente e simbólica de como a personagem encara seu relacionamento com luto e culpa. O diálogo com Art contextualiza a força da personagem para ela mesma, num desfecho temporário de arco que chega a ser otimista, com a melhor mãe do mundo adquirindo independência e seguindo em frente. Me pergunto se isso continuará quando Debbie descobrir os novos desdobramentos de sua contenda familiar a alguns sistemas solares de distância. O drama dos Graysons continua absurdamente sensacional, com destaque para o trabalho vocal de J.K. Simmons, Steven Yeun e Sandra Oh que vendem cada sentimento a flor da pele.

Até Eve e Donald sofrem com existencialismo no episódio, em duas subtramas que narrativamente são meio intrusivas e deslocadas, mas que tematicamente se encaixam perfeitamente na sensação melancólica do episódio. A quantidade de montagens tristes é tanta que chega a passar do ponto, com sequência até de desolação em frente ao espelho (quem nunca?). A quantidade de subtramas ainda é algo a se preocupar, porém, com o núcleo dos clones se mostrando disfuncional aqui – ainda que divertido – e muitos questionamentos sobre os esquecidos blocos de Angstrom, de Allen e dos Marcianos nesse final de meio de temporada, que em retrospecto felizmente não incham esse episódio, mas que deixam muitas pontas soltas para o restante da temporada.

Até aqui, porém, Já Faz Um Tempo é o ápice do amadurecimento dramático de uma temporada sem medo de mergulhar na melancolia de seus personagens através de situações impossíveis. Obviamente que a carnificina ganha a frente do desfecho bombástico do episódio, adicionando muita intensidade, ação e choque para uma guerra que ainda está no seu início, incluindo aí algumas lições de combate na marra para Mark entender que nem sempre pode ser um herói comum, mas não se enganem, o protagonista aqui é o tocante drama desses personagens em conflito. Para a audiência, resta agora a ansiedade de esperar o fim do hiato.

Invencível – 2X04: Já Faz Um Tempo (Invincible – 2X04: It’s Been a While) – EUA, 17 de novembro de 2023
Criado por: Robert Kirkman, Cory Walker, Ryan Ottley
Direção: Jason Zurek
Roteiro: Helen Leigh
Elenco: Steven Yeun, Sandra Oh, J.K. Simmons, Jason Mantzoukas, Gillian Jacobs, Zazie Beetz, Walton Goggins, Grey Griffin, Kevin Michael Richardson, Zachary Quinto, Chris Diamantopoulos, Melise, Khary Payton, Ezra Miller, Andrew Rannells, Jonathan Groff, Mark Hamill, Ross Marquand, Seth Rogen
Duração: 49 min.

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