Home TVEpisódio Crítica | Invasão Secreta – 1X06: Home

Crítica | Invasão Secreta – 1X06: Home

O fim do prelúdio de Invasão Secreta...

por Ritter Fan
3,7K views

  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Assisti e escrevi a crítica de Resurrection e me deparei com um sólido começo de uma promissora minissérie. Na semana seguinte, assisti e escrevi a crítica de Promises e confirmei que a série realmente era acima da média. Mas aí saí de férias, fiquei longe da internet e deixei a lojinha sob os cuidados de meu colega Kevin Rick (não o Feige) que, ato contínuo, tratou de estragar tudo, seja em Betrayed, que começou a descer a ladeira, mas ainda segurou as pontas, seja em Beloved que passou a assustar de verdade, chegando finalmente em Harvest, mais conhecido como o episódio que introduziu um MacGuffin quase que completamente do nada, ao mesmo tempo em que perdia a mão de vez com os bons diálogos do começo da série. E, agora, com a minha volta, não tinha como eu consertar o estrago que o Kevin deixou em seu rastro de destruição e Home não podia ser diferente de uma fusão de tudo o que Invasão Secreta prometia não ser.

E olha que eu não tenho problema algum com o fato de a minissérie ser um “trampolim” introdutório para o problema dos Skrulls e para mais séries e filmes no futuro que lidarão de verdade com a questão (ou, pelo menos, é isso que somos levados a crer, claro). Isso faz parte do DNA do Universo Cinematográfico Marvel e, muito sinceramente, acho até uma estratégia multimídia ousada e muito interessante, mesmo que, com o tempo, a tendência seja que isso não se sustente, especialmente se o mote for trabalhar roteiros da forma como aconteceu aqui. Além disso, todos que leem minhas críticas de obras do UCM sabem que eu costumo nadar na contramão do senso comum (até porque o senso comum, hoje em dia, não é sensato sobre quase nada), já que eu defendo Homem de Ferro 3 com unhas e dentes, acho Doutor Estranho 2 sensacional na forma como ele consegue ser autoral e sacana ao despedaçar sonhos de fanboys, e simplesmente amo as séries do Gavião Arqueiro e da Mulher-Hulk, da mesma forma que não ligo muito para a do Loki (mesmo tendo avaliado positivamente a 1ª temporada), ou, no caso dos filmes, para aquele arremedo cinematográfico dos Miranhas juntinhos brincando de ciranda, cirandinha.

Feitas essas considerações – e provocações (aguardo os xingamentos aqui embaixo, na seção de comentários) – não tenho muito como defender Home, que encerra a minissérie sobre a invasão silenciosa dos Skrulls na Terra. Aliás, encerra não. Introduz. Esse é o começo da invasão, é o prelúdio da coisa toda e, quanto a isso, eu já fiz as pazes. E adoro sem reservas o Nick Fury de Samuel L. Jackson (raios, eu gosto até do Fury do David Hasselhoff!) e abro sorrisos bobos toda vez que Olivia Colman aparece em tela divertindo-se absurdamente como Sonya Falsworth mesmo que a personagem não tenha lá muito rumo. Mas a coisa para por aí.

O que havia de bons diálogos desapareceu por completo aqui, sendo substituído por uma conversa entre Gravik e G’iah fingido ser Fury tão bem que ela sabe de coisas que só o Fury poderia saber e convence Gravik perfeitamente disso, tudo como prelúdio para uma pancadaria entre Super Skrulls que surpreende pela qualidade do CGI, mas que é completamente anticlimática, levando a uma resolução vagabunda para uma suposta ameaça enorme para a Terra. Isso, claro, se alguém, em algum momento que não tenha sido a sequência do golpe de estado lá atrás quando eu era responsável pela minissérie, realmente comprou a imponência desse vilão mixuruca. E o que havia de promessa de série de espionagem focada em um Fury mais para lá do que para cá acabou como algo genérico, simplista, sem peso dramático algum e que fere constantemente sua lógica interna, sequer conseguindo justificar a geografia e geopolítica da enorme ameaça que os Skrulls infiltrados representam.

Aliás, esse negocinho irritante de lógica interna não deve ser algo que faz parte do vocabulário de Kyle Bradstreet, pois aquela sequência de Rhodes capturado por Falsworth e Fury tentando convencer o Presidente Ritson que seu braço direito é um lagarto queixudo não faz o menor sentido. Afinal, aprendemos não muito tempo antes que basta ferir um Skrull para ele se revelar como tal, pelo que toda aquela conversinha de “olhe para sua esquerda, mire para o outro lado” e coisa que o valha é uma tentativa que chega a ser hilária de se criar suspense, enquanto tudo poderia ter sido resolvido em segundos com um tiro na perna do sujeito. E eu confesso que eu não entendo muito bem o relacionamento de Fury com Priscilla/Varra. Ok, eles se gostam. Ok, ela é independente. Ok, ele a deixou sem explicação. Mas esses três OKs aí, quando reunidos, não dão liga ou, se dão, eu não consegui entender direito a coisa toda. Será que o objetivo foi passar a mensagem que devemos amar as pessoas pelo que elas são? Porque se foi só esse clichê bobalhão, era melhor a Mulher-Hulk aparecer quebrando a quarta parede para nos dizer diretamente isso, sem a enrolação toda que vimos no episódio.

O que Home faz é pegar Invasão Secreta e transformar a promessa de algo bacana em um negócio banal e frustrante que desperdiça Fury e Falsworth. Poderia ter sido uma boa série introdutória para a questão que aborda e que, sem vergonha alguma, arremessasse a resolução real do problema para algum momento futuro do UCM, mas ela faz o arremesso sem ser boa e essa combinação não funciona. Não é o fim do mundo da ruindade, obviamente, mas irrita pelo caminho que a minissérie ensaiou tomar em seus dois primeiros episódios, dando a impressão de que só havia material para um longa-metragem ou, talvez mais apropriadamente, um “especial” média-metragem como o do Lobisomem na Noite. É, nunca mais largo nada bom na mão do Kevin Rick, pois ele não sabe brincar e só quebra os brinquedos dos outros…

Invasão Secreta – 1X06: Home (Secret Invasion – EUA, 26 de julho de 2023)
Desenvolvimento: Kyle Bradstreet
Direção: Ali Selim
Roteiro: Kyle Bradstreet, Brian Tucker
Elenco: Samuel L. Jackson, Kingsley Ben-Adir, Emilia Clarke, Olivia Colman, Killian Scott, Samuel Adewunmi, Dermot Mulroney, Richard Dormer, Charlayne Woodard, Don Cheadle, Martin Freeman
Duração: 37 min.

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais