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Crítica | Hulk (2008) – Vol. 1: Hulk Vermelho

Vermelho é a cor da pancadaria.

por Ritter Fan
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Lá por meados da primeira década dos anos 2000, ainda antes do início do Universo Cinematográfico Marvel, a Marvel Comics estava na crista da onda de sua criatividade editorial, com grandes sagas de alta qualidade enfileiradas uma atrás da outra como Dinastia M, Planeta Hulk, Guerra Civil e Hulk contra o Mundo que geraram diversas consequências para seus mais importantes personagens por muitos anos depois de encerradas. No caso específico do Hulk, depois de sua guerra mundial contra a humanidade na última saga mencionada acima, ele reverte para sua forma de Bruce Banner e é aprisionado a quilômetros embaixo da Terra, com sua publicação solo clássica, O Incrível Hulk, sendo substituída por O Incrível Hércules e com a editora lançando um novo e misterioso título batizado singelamente de Hulk, em janeiro de 2008 e que duraria até outubro de 2012, com um total de 57 edições.

A presente crítica aborda única e exclusivamente o primeiro arco da então nova publicação, contendo as seis edições iniciais que servem quase que somente como veículo introdutório do Hulk Vermelho e que ganhou justamente esse título quando publicado na forma encadernada nos EUA, título esse que adotei aqui para facilitar. A história, escrita por Jeph Loeb, começa como um whodunnit, em que o brutal assassinato do Abominável é investigado por Doc Samson, que imediatamente desconfia do Hulk em uma reconstrução do crime seguindo a linha do que Sherlock Holmes faria, mas salientando que a causa mortis específica foram tiros à queima-roupa, algo que jamais combinou com o Golias Esmeralda. Acompanhando Samson, temos a Mulher-Hulk, o Homem de Ferro, agora diretor da S.H.I.E.L.D., e o General Thaddeus E. “Thunderbolt” Ross, além de Maria Hill. Não demora absolutamente nada e, já na segunda edição, o Hulk Vermelho é introduzido e, claro, imediatamente reconhecido como o assassino do Abominável, algo que ele mesmo confessa, com tudo o que segue servindo para mostrar o quão ele é poderoso e inteligente, além de emitir calor na medida em que fica com mais raiva a ponto de transformar o solo em vidro.

Além da introdução do Hulk Vermelho, com o arco todo mantendo mistério sobre quem ele realmente é (isso só seria revelado em 2010!), temos a apresentação também sem explicação do Bomba-A, uma versão azul do Abominável que na verdade é Rick Jones, em mais uma persona super-heróica que ele assume no Universo Marvel, o retorno de Thor, que ficara de fora de todos os grandes conflitos, inclusive e especialmente Guerra Civil, e, claro, a volta de Bruce Banner e do Hulk tradicional, verde mesmo, quase como se esse primeiro arco funcionasse como a versão resumida do “retorno geral do status quo” dos personagens mais relevantes da editora. No entanto, claro, o Hulk Vermelho é o destaque e sua presença é constante ao longo de todas as cinco edições que sucedem a primeira, com ele saindo no tapa com basicamente todos os seres superpoderosos que ousam enfrentá-lo, inclusive tornando-se mais um que consegue manipular Mjölnir, ainda que no vácuo.

Não é, porém, uma particularmente boa introdução de um novo personagem importante para o panteão da Marvel Comics, pois o texto de Loeb se resume a mostrar o quão poderoso e inteligente é o Hulk Vermelho, mas sem efetivamente explicar nada sobre ele, o que significa que tudo o que vemos é uma sucessão de rinhas de galo em que o novo vilão luta contra a Mulher-Hulk, Homem de Ferro, Bomba-A, Thor e Hulk, com diálogos que se restringem à tiração de onda dele a cada vez que espanca um dos heróis. Eu sei que, muitas vezes, tudo  o que se espera de quadrinhos mainstream tanto da Marvel quanto da DC é justamente esse tipo de narrativa simplificada com muita ação, mas tenho para mim que é perfeitamente possível fazer isso sem baixar demais o nível, algo que as duas sagas do Hulk que citei no primeiro parágrafo desta crítica fizeram de maneira exemplar. Aqui, muito ao contrário, tudo é genérico, com destruições gigantescas que não causam uma morte sequer ou consequências minimamente duradouras (chega a ser hilário como um terremoto enorme em São Francisco causado pelo Hulk Vermelho dando uma de meteoro é resolvido quase que fora das páginas somente porque alguns novos heróis aparecem para lidar com o problema na base do estalo de dedo) e com o Hulk Vermelho repetindo os mesmos monólogos sempre.

A arte de Ed McGuinness é sem dúvida vistosa, do tipo que imediatamente chama a atenção, algo que é reforçado pela curiosa presença de um Hulk na cor vermelha que é um chamariz de leitor com um mínimo de curiosidade (sei que é muito posterior, mas é impossível ler ou reler esse arco sem lembrar do Raiva, de Divertida Mente), mas ela é muito limpinha e arrumadinha demais para tanta pancadaria de grandes proporções acontecendo ao mesmo tempo. Seu traço preciso e sem hesitação faz de todos os personagens modelos de revista e do Hulk Vermelho um monstrão que, talvez inadvertidamente em razão dos diálogos de Loeb, é mais cômico do que realmente uma ameaça a ser levada a sério, com o poder do impacto dos golpes desferidos estranhamente não ganhando o tipo de destaque que era necessário. No entanto, é inegável que a arte combina com o texto, ou seja, ambos ficam ali naquela linha mediana e conversam bem entre si, mas sem arroubos criativos – apesar de alguns quadros e páginas duplas bonitos, sem dúvida – e sem tentar fazer mais do que o básico como veículo introdutório de um personagem derivado da clássica mitologia do Incrível Hulk. Ou seja, é um arco bonitinho, mas ordinário.

Hulk (2008) – Vol. 1: Hulk Vermelho (Hulk (2008) – Vol. 1: Red Hulk – EUA, 2008)
Contendo: Hulk (2008) #1 a 6
Roteiro: Jeph Loeb
Arte: Ed McGuinness
Arte-final: Dexter Vines, Mark Farmer (#5)
Cores: Jason Keith
Letras: Comicraft (#1 a 3 e 5), Albert Deschesne (#4)
Editoria: Joe Quesada
Editora: Marvel Comics
Data original de publicação: janeiro a novembro de 2008
Editora no Brasil: Panini (Marvel Action #29 a 31 e 33 e 34)
Data de publicação no Brasil: maio a outubro de 2009
Páginas: 125

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