Home TVTemporadas Crítica | Homem-Pipa: Já É! – 1ª Temporada

Crítica | Homem-Pipa: Já É! – 1ª Temporada

Um improvável derivado sobre uma dupla ridícula de vilões.

por Ritter Fan
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Harley Quinn é uma consistentemente excelente e bem-sucedida série animada, pelo que um derivado dela era inevitável. O que surpreende é a escolha do personagem para protagonizar a nova série, ninguém menos do que o ex-noivo de Hera Venenosa, o quase que completamente inútil e totalmente ridículo Charles “Chuck” Brown, mais conhecido como Homem-Pipa. E ainda mais surpreendentemente é que a escolha de base narrativa é inspirada em Cheers, a clássica e longeva sitcom, com o Homem-Pipa (Matt Oberg) e sua namorada Patinadora Dourada (Stephanie Hsu) comprando o bar Noonan’s de Sean Noonan (Jonathan Banks em um trabalho de voz absolutamente inconfundível que basicamente traz para a animação o inesquecível Mike Ehrmantraut do Universo Breaking Bad) e vivendo suas aventuras a partir dali. É como ver o casamento do ridículo com o improvável dando certo, pois o primeiro ano de Homem-Pipa: Já É! definitivamente dá certo.

Se partirmos para comparar a nova série com Harley Quinn, diria que o derivado é tonalmente mais bobo e também mais irreverente que a obra-mãe, com um humor que acerta muito, como, por exemplo, acontece com a transformação do protagonista em Modo Besta, com o Poder da Babaquice que consiste em tudo o que há no manual de bullying ou com o uso de Malice Vundabar (Natasia Demetriou), sobrinha de Darkseid, como a primeira (ou quase primeira) contratada para trabalhar no bar e a criação da deliciosamente vilanesca Helen Villigan (Judith Light), dona de uma cadeia de restaurantes temáticas que abre filial em frente ao bar e também de uma empresa à la Amazon que atua a partir do Poço de Lázaro, dentre outros empreendimentos de um império mais onipresente que o de Lex Luthor (Lance Reddick em seu último papel nos oito primeiros episódios e Amuche Chukudebelu nos dois últimos).

Trata-se de uma série que, porém, apenas enganosamente tem seu escopo reduzido à personagens Z da DC Comics para além das participações de alguns muito importantes, claro. Sim, a estrutura central emula Cheers na base da “confusão da semana”, o que inclui dramas familiares para o Homem-Pipa e para a Patinadora Dourada, passando por um vaso sanitário que é uma máquina do tempo que leva qualquer um que dê a descarga aos anos 80 e chegando a bobagens sem tamanho como uma competição de vilão mais sexy do mundo, mas a grande verdade é que o spin-off consegue ser ambicioso, pois, logo na largada, vemos Luthor esconder nada menos do que a cobiçada Equação Anti-Vida no bar, inicialmente tratada como um mero MacGuffin, mas depois tomando conta da história na trinca final de episódios que vai do literal 8 ao 80 muito rapidamente, com direito a explosões nucleares e Darkseid (Keith David) – sempre introduzido com um hilário coral – caçando a dupla principal.

Da série principal, além de Luthor como um dos grandes vilões, mas que não aparece sempre, temos o ótimo uso de Bane (James Adomian), que ganha espaço para brilhar ao apaixonar-se pela mãe da Patinadora Dourada nos anos 80 e, depois, servindo de babá para a Cachinhos Dourados (Carla Delaney) que foge do livro da Rainha das Fábulas (Janelle James) e a inserção de participações especiais. Mas os personagens criados para a nova série, além dos citados Noonan e Villigan, também valem ser destacados, como o beberrão Sixpack (Eddie Pepitone) e os gêmeos xifópagos mafiosos Joe e Moe Dubelz (Michael Imperioli provavelmente em seu melhor papel desde Família Soprano), ambos presenças constantes no bar e que acabam dando vida e muita peculiaridade ao lugar.

Nem sempre os roteiros acertam no humor, mas as linhas narrativas – das maiores às menores – são sempre curiosas e originais, o que mantém a atenção do espectador ao longo de toda a temporada mesmo quando algumas barrigas ocasionais aparecem. Além disso, exatamente como em Harley Quinn, Homem-Pipa: Já É! goza de excelentes trabalhos de direção de arte e de animação que, como já disse outras vezes, deveria ser o padrão atual para as animações da DC – tanto filmes como séries -, mas que infelizmente, por razões que fogem à razão, não são. Ver o ridículo, mas simpático Homem-Pipa protagonizar uma série animada inspirada em Cheers ao lado da Patinadora Dourada, que provavelmente tem o mais aleatório conjunto de superpoderes, em que Darkseid surge para tomar umas biritas via Tubo de Explosão e cujo barman é a versão animada de Mike Ehrmantraut simplesmente não tem preço. Uma belíssima adição a um bem particular universo DC – no momento meu favorito em qualquer mídia – iniciado por Harley Quinn!

Homem-Pipa: Já É! – 1ª Temporada (Kite-Man: Hell Yeah! – EUA, de 18 de julho a 12 de setembro de 2024)
Showrunners: Dean Lorey, Katie Rich
Direção: Yoriaki Mochizuki, Jeff Wamester, Ben Jones, Joonki Park, Rick Morales, Diana Huh
Elenco: Matt Oberg, Stephanie Hsu, James Adomian, Jonathan Banks, Natasia Demetriou, Michael Imperioli, Janelle James, Dee Bradley Baker, Maria Bamford, Tisha Campbell, Vic Chao, Margaret Cho, Amuche Chukudebelu, Andy Daly, Keith David, Carla Delaney, Phil LaMarr, Judith Light, Eddie Pepitone, Lance Reddick, Rory Scovel, Rhea Seehorn, Ben Aldridge, Lake Bell, Lacey Chabert, Kaley Cuoco, Brycen Hall, Richard Kind, Araceli Prasarttongosoth, Cristina Pucelli, Jim Rash, Katie Rich, J.B. Smoove, Alan Tudyk, Casey Wilson
Duração: 235 min. (10 episódios)

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