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Crítica | Homem-Aranha (Japão) – 1X01: A Hora da Vingança Chegou! Derrote o Exército da Cruz de Ferro!!

O que fizeram com o Amigão da Vizinhança?

por Ritter Fan
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Bem-vindos ao Plano Piloto, coluna semanal dedicada a abordar exclusivamente os pilotos de séries de TV.

Número de temporadas: 1
Número de episódios: 41 + um filme
Período de exibição: 17 de maio de 1978 a 14 de março de 1979
Há continuação ou reboot?: Não.

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Os anos 70 foram movimentados para a Marvel Comics que passou a enlouquecidamente licenciar suas propriedades para as mais diversas adaptações audiovisuais. Foi nessa década que, famosamente, as séries live-action do Incrível Hulk e do Homem-Aranha nasceram. E, em 1978, no mesmo ano em que Nicholas Hammond começou a vestir o uniforme do Aracnídeo para sua curta, mas inesquecível série, depois de apresentar o personagem em um telefilme em 1977, o famoso personagem da editora foi brindado com uma adaptação japonesa depois que a Toei obteve uma licença. O resultado é, não tenho medo de errar, a mais bizarra adaptação de um super-herói na história das adaptações de super-heróis, com a produtora, inicialmente imaginando fazer algo mais próximo do material fonte, simplesmente defenestrando tudo para fazer um tokusatsu exatamente no mesmo formato dos tokusatsus que produzia, com a única diferença sendo que seu personagem principal tem um uniforme igual ao do Homem-Aranha.

Peter Parker ou uma versão japonesa do personagem? Para que, se o protagonista pode ser Takuya Yamashiro (Shinji Tōdō), um motoqueiro com irmãos e um pai que é astro-arqueólogo? Aranha radioativa que leva o jovem a ganhar poderes de aranha? Ora, é muito melhor que um alienígena que vive em uma caverna na Terra há 400 anos e que é o último sobrevivente do planeta Spider, destruído pelo Exército da Cruz de Ferro, faça uma transfusão de seu sangue para Takuya e, ato contínuo, presenteie o jovem com um gigantesco bracelete prateado que o permite invocar o tal uniforme de Homem-Aranha, batizado de Protetor Aranha, além de uma nave, batizada de Marveller (o que faz todo sentido), que se transforma em um robô-leopardo que se chama Leopardon (o que, claro, não faz nenhum sentido) e que conta, ainda, com um aranhomóvel, tudo com padronagem de cores diferente de seu uniforme.

E para que usar os inimigos clássicos do Aranha dos quadrinhos se nem a série live-action americana os usou, não é mesmo? É infinitamente mais interessante inventar uma organização secreta alienígena que quer dominar o mundo – o tal Exército da Cruz de Ferro – liderada por um sujeito chamado Professor Monstro que é metade humanoide, metade robô e que é responsável por monstros da semana aleatórios que enfrentam nosso herói aracnídeo.

Para não dizer que não tem nada que lembre o personagem original, o pai de Takuya é assassinado pelos vilões, de certa forma – mas bem de longe – lembrando o assassinato do Tio Ben. Mas é tudo, além do uniforme, que posso dizer que esse Homem-Aranha nipônico lembra o americano. Entendo perfeitamente e, aliás, defendo veementemente, que adaptações devem ficar em pé por si mesmas, terem vida própria, mas há limite para tudo e essa produção da Toei rasga todos os manuais sobre adaptações e simplesmente faz o que a empresa já fazia antes, só que com um sujeito que por acaso usa o nome e uniforme do personagem criado por Stan Lee e Steve Ditko.

Mesmo assim, você acha que eu vou reclamar? Jamais. Eu sempre tive curiosidade de assistir a pelo menos o episódio piloto dessa série e, agora que o fiz, minha vontade é continuar simplesmente pela audácia que a Toei teve em fazer o que bem entendeu com a licença obtida da Marvel Comics. Que fotógrafo pobretão que é picado por uma aranha radioativa que nada! No Japão, o importante é que o herói tenha um robô gigante que não tem nenhum conexão com sua própria origem. O resto é detalhe irrelevante.

E, com isso, o mundo ganhou uma adaptação que desafia o próprio conceito do que é adaptação, mas que curiosamente, no conjunto, consegue ser melhor do que aquela porcaria live-action americana da mesma época com o já citado Hammond. Melhor no sentido de ser tão bizarro que é impossível não se interessar, claro, pois, no frigir dos ovos, o piloto do Homem-Aranha japonês, mesmo que esqueçamos que é uma adaptação do Homem-Aranha americano, não obedece à lógica alguma, seja ela interna ou não. É, apenas, um emaranhado de cenas costuradas de qualquer maneira que talvez, com muita boa vontade, tenham um semblante de história, com personagens que conseguem ser especialmente unidimensionais mesmo em comparação com outros super-heróis japoneses da época que, como sabemos, eram costumeiramente rasos. Mesmo assim, e talvez justamente por isso, Supaidāman seja completamente irresistível e merecidamente um clássico cult quase que inexplicável.

Homem-Aranha – 1X01: A Hora da Vingança Chegou! Derrote o Exército da Cruz de Ferro!! (スパイダーマン / Supaidāman – Japão, 17 de maio de 1978)
Direção: Kōichi Takemoto
Roteiro: Shōzō Uehara
Elenco: Shinji Tōdō, Rika Miura, Izumi Ōyama, Yoshiharu Yabuki, Mitsuo Andō, Toshiaki Nishizawa, Fuyuki Murakami
Duração: 24 min. (cada episódio)

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