- Há SPOILERS! Confira a crítica para os outros episódios da série aqui.
Mesmo com uma estranha correria para a ocorrência da grande batalha no Norte e, neste episódio, a migração do pessoal do Magisterium para a região boreal, eu tenho gostado dos rumos que Fronteiras do Universo tem tomado nesta reta final da temporada. Tirando a estranha elipse e nenhuma colocação mais sólida sobre Layra & Cia. terem sobrevivido à queda do balão, todo o episódio se desenvolve de maneira muitíssimo interessante, com cenas até bem pesadas para um show aparentemente tão “bonitinho e inofensivo” como este.
Basicamente o que tivemos foi a resolução de alguns casos deixados em aberto antes (especialmente o dilema de rei envolvendo Iorek Byrnison) e o afunilamento dos personagens ligados a Lyra, Sra. Coulter e o Magisterium, dando-nos a impressão de que um evento muito importante está para acontecer, mas que existe bastante receio sobre quem deve dar o primeiro passo. É bem curioso o que vou dizer agora, mas confesso que sinto falta dos gípcios nessa jornada. Este povo esteve em metade da temporada e conseguiu formar um laço tão forte com o público que acaba fazendo falta, especialmente porque não foram substituídos e, pelo menos para mim, não há nenhum núcleo de personagens do qual eu consiga me aproximar tanto quanto o deles.
A direção de Jamie Childs (que começou a fazer um bom nome na TV a partir dos episódios que dirigiu para a 11ª Temporada de Doctor Who) faz um uso belíssimo das paisagens nevadas e usa tomadas de grande impacto como panorâmicas e planos gerais para mostrar a grandeza de determinadas empreitadas, os desafios de espaço geográfico ou uns ambientes macabros para se enfrentar, como a caverna/palácio cheio de sangue já na entrada, o reino de terror do golpista Iofur Raknison. A fotografia trabalha com bastante contraste em todo esse segmento e a direção entrega uma baita luta entre os ursos, com direito a momento que chegamos a estreitar os olhos. Lyra se mostra aqui uma boa manipuladora e ao mesmo tempo alguém que consegue pensar nos caminhos mais improváveis para se sair de uma situação difícil, o que é bem legal de se ver, pois a personagem não fica refém apenas de reagir a coisas que a afetam fisicamente. Ela pensa, e pensa de maneira bem intricada.
Diferente do episódio passado, as cenas no nosso mundo estão bem colocadas no episódio e mesmo que não possua uma ligação direta ou imediata com o Universo de Lyra, carrega um bom peso de ação, o bastante para nos entreter e para equilibrar melhor a balança de ritmo no episódio. Eu só acho muito estranho que em um Universo a gente perceba o roteiro correndo para aglutinar o máximo de coisas possíveis em um único Finale (vocês que leram o livro veem uma explicação plausível para isso?) e no outro as coisas andem em ritmo lento demais — embora não a ponto de estragar a nossa experiência ou atrapalhar o episódio, vale-se dizer. E a propósito: dois episódios seguidos repetindo o mesmo trecho de gravação com Andrew Scott? Faltou dinheiro para fazer mais cenas de contexto?
Se as linhas gerais do que entendemos como “motivos para todo mundo ir para o Norte” estiverem corretas, eu fico imaginando o que pode sobrar de realmente excitante para a próxima temporada que já foi confirmada há tempos. E olhem que nunca subestimo o poder de um bom roteiro, mas mesmo eu que não li uma única página do livro consigo perceber que estão gastando uma boa quantidade de munição aqui. De toda forma, falta apenas uma semana para a gente descobrir as consequências disso tudo, ou seja, onde é que o roteiro irá nos deixar. Espero que pelo menos o núcleo de Will Parry avance consideravelmente. Já o restante… confesso que não tenho ideia do que querer ou esperar a respeito.
His Dark Materials (Fronteiras do Universo) – 1X07: The Fight to the Death — Reino Unido, 15 de dezembro de 2019
Direção: Jamie Childs
Roteiro: Jack Thorne (baseado na obra de Philip Pullman)
Elenco: Dafne Keen, Ruth Wilson, Ruta Gedmintas, Ariyon Bakare, Amir Wilson, Nina Sosanya, Gary Lewis, Lewin Lloyd, Lin-Manuel Miranda, Morfydd Clark, Asheq Akhtar, Kit Connor, Robert Emms, Joi Johannsson, James McAvoy, Joe Tandberg
Duração: 55 min.