Número de temporadas: 04
Número de episódios: 76
Período de exibição: 26 de setembro de 2011 até 27 de março de 2015
Há continuação ou reboot?: Não.
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Lançada em 2011 pela emissora americana CW, a série Hart of Dixie foi uma das produções mais fofas e encantadoras da televisão, tendo um ar de família e de aconchego. Essa sensação e esse sentimento estavam presentes no interior de uma pequena cidade ficcional chamada Bluebell, no estado do Alabama, um dos estados da região sul dos Estados Unidos da América (EUA). Protagonizada pela eterna e amada Summer Roberts de The O.C., a atriz Rachel Bilson interpreta Zoe Hart, uma médica nova-iorquina, a qual, além de perder um namorado e uma vaga na residência em cirurgia cardiotorácica, acaba tendo que se mudar para o município citado. O motivo? Ela precisa trabalhar durante um ano na medicina raiz, ou seja, aquela voltada para os cuidados preventivos, mais conhecida aqui, no Brasil, como Medicina da Família. Apesar de não visualizarmos a imaturidade da jovem garota de Orange County, torcemos para o sucesso da madura profissional da saúde, que acaba também conhecendo mais sobre o seu passado, repleto de segredos.
Todavia, a chegada da moça ao local não é vista com bons olhos pela maioria da população e, em virtude disso, ela teve que conquistar o seu lugar, seja como profissional da saúde, seja como pessoa que precisa ter atos humanos. Isso se justifica em virtude de os indivíduos “bluebellenses” serem tradicionais, repletos de costumes e de danças típicas, ou seja, um público resistente com a chegada de novos indivíduos e de novos costumes no espaço tão amado por todos os cidadãos. Destaque para a azeda Lemon Breeland (Jaime King), juntamente ao seu pai, o médico Dr. Brick Breeland (Tim Matheson), que terá que dividir a única clínica médica particular do município com Zoe. Em meio a isso, acompanhamos as trapalhadas da moça durante os atendimentos: liberação de um cego para dirigir; parto de emergência; encontro noturno com o jacaré de estimação do prefeito de Bluebell, o ex-jogador de futebol americano Lavon Hayes (Cress Williams), e bebedeira de vinho no meio da estrada. Foram diversas desavenças e tribulações ao longo do caminho da mocinha, que, no final, acaba se afeiçoando à cidade após descobrir quem era de fato o seu verdadeiro pai, o já falecido Dr. Harley Wilkes (Nicholas Pryor), em meio à mentira de sua mãe, Candice Hart (JoBeth Williams).
Somado a isso, Zoe acaba convivendo também os seus futuros pretendentes amorosos: o advogado e o noivo de Lemon, George Tucker (Scott Porter), e o guitarrista irresponsável Wade Kinsella (Wilson Bethel). Ambos possuem uma intensa química com a protagonista e, de certa forma, fica difícil escolher qual dos dois ela deve escolher no futuro, pois eles são simpáticos e, claro, extremamente bonitos. Consequentemente, vemos nascer um possível triângulo amoroso ou quarteto, ao incluir a Lemon, e, para piorar, um quinteto, porque a última mencionada envolveu-se no passado com o prefeito da cidade. Pelo visto, a cidadezinha acolhedora e bucólica não vive só de festividades culturais, e sim de fofocas e de intrigas entre os seus membros, bastando você, telespectador, apenas piscar os olhos e todos já estão sabendo dos burburinhos e das desavenças do município sulista americano.
Além disso, o retorno de Rachel Bilson é cativante, porque a atriz possui um carisma ao apresentar as diferenças entre a cidade grande e o interior pacato, em um formato atrapalhado e simpático, como a série pretende se desenvolver ao longo das suas quatro temporadas. Mais do que uma jovem descolada de seu ambiente natural, Zoe é uma mulher que não parece verdadeiramente se conhecer em sua essência. Toda a sua vida foi pensada e arquitetada em seguir os passos e reconquistar o afeto e o amor do seu então pai. Logo, a estadia de 365 dias ao sul será além de uma simples mudança de ares, e sim uma jornada de promoção de autoconhecimento e autoaceitação sobre a sua história íntima. A intenção dela, desse modo, é despertar o seu lado mais amável e pessoal com os seus pacientes, na tentativa de no futuro deixar a frieza e o calculismo de lado, características que ainda não a fazem ser considerada uma médica humana.
Ademais, o seriado por se centralizar nos personagens e nas relações interpessoais e familiares apresenta as principais e quase unânimes características do povo sulista estadunidense: a maioria é machista e racista, aparentando, inclusive, ser retrógrada, justamente pelo fato de ser o antigo território americano escravocrata. Não me admira que a relação amorosa implícita entre a Lemon e o Lavon confirme o quão devastador é a questão racial, afinal de contas o Dr. Brick infelizmente não aceitará e, dessa maneira, relutará de todas as formas para impedir que a filha branca se relacione com o prefeito negro. No entanto, a série não apresenta apenas aspectos históricos negativos e inaceitáveis, e sim as tradições do sul estadunidense, como o forte sotaque, o costume com as danças e a culinária típica. Para quem resolver dar uma chance ao seriado, vai se deparar com várias festividades e competições entre os moradores de Bluebell, rendendo momentos memoráveis, divertidos e engraçados.
Portanto, Hart of Dixie é uma série extremamente fofa, a qual consegue cativar o telespectador pela delicadeza de uma cidade bucólica e excêntrica, mas, ao mesmo tempo, apresenta tramas densas com conflitos familiares. Aliás, tratando-se de curiosidades, segue o significado do termo “dixie”, o qual faz parte do nome do seriado: ele é um trocadilho com o apelido oficial do estado do Alabama – intitulado de “Heart of Dixie” – o qual, em um contexto maior, significa “o coração do sul”, ou seja, em referência à população proveniente dos estados sulinos dos Estados Unidos. Não é para menos que aqui, no Brasil, a série ganhou um nome extremamente sugestivo: Uma Escolha do Coração. Ah, e caso você, meu(minha) caro(a) leitor(a), der uma chance ao charme vintage de Bluebell, tenha a certeza que será uma escolha do coração: cheio de amor e o melhor: um caminho sem voltas, sem arrependimentos!
Hart of Dixie 1X01: Piloto (EUA, 26 de setembro de 2011)
Criação: Leila Gerstein
Direção: Jason Ensler
Roteiro: Leila Gerstein
Elenco: Rachel Bilson, Jaime King, Cress Williams, Wilson Bethel, McKaley Miller, Scott Porter, Tim Matheson, JoBeth Williams, Nicholas Pryor, Ann Mahoney, Nancy Travis, Bruce Altman
Duração: 45 minutos