- COM SPOILERS. Acompanhe por aqui, as críticas dos demais episódios da série.
Olhando em retrospecto, talvez minha crítica de Visegrad tenha sido um pouco dura demais. Ainda penso que o episódio da semana passada é moroso, focou nas partes erradas e explorou menos do que poderia sobre a tensão da invasão em Reach, mas depois de assistir o entusiasmante quarto episódio da 2ª temporada, é possível analisar com olhos menos negativos a preparação feita no capítulo anterior. Como a cena da igreja indicou, estamos diante da queda do centro da humanidade em sua guerra mais importante. Para piorar a situação de John e companhia, Ackerson fugiu levando consigo os maiores recursos da UNSC, apesar de que Cortana foi deixada para trás (espero que não seja uma conveniência para a inteligência artificial cair nas mãos do inimigo).
Diante disso, Reach atende as expectativas ao ser um episódio focado na invasão de Covenant e na luta por sobrevivência daqueles que ficaram para trás. Mais do que um episódio excitante e de muita ação, temos o melhor retrato da série até aqui sobre a zona de guerra que circula a mitologia de Halo. Inclusive, penso que é a primeira vez que senti o peso do conflito intergaláctico no seriado, do desespero por sobrevivência, do sacrifício daqueles na linha de frente e do que significa ser uma ficção científica militar, que vai além do combate para chegar no limiar da extinção que categoriza a importância da missão do protagonista. Finalmente, o macro começa a impactar o micro.
Obviamente que ainda percebo problemas. Por diversos momentos do conflito, a narrativa faz paradas estranhas para termos algumas cenas deslocadas (todo o bloco na loja de antiguidades, muitos diálogos entre Perez e John, e as provocações de Soren e Halsey vêm à mente), em que poderíamos ter um retrato melhor da tragédia em andamento, da luta dos fuzileiros e das fugas dos inocentes. Para uma produção militar, continuo achando que Halo peca nesse tipo de narrativa visual impactante sobre a destruição da humanidade (não falo de ação, para deixar claro), para termos momentos expositivos que pouco agregam para a carga dramática da situação. O próprio conflito em si carece de tensão e suspense por parte da direção, que se apropria de muitos close-ups e se preocupa pouco com set-pieces mais criativas.
Ainda assim, como elogiei antes, a ação funciona e a guerra ganha mais significado para além de palavras ao vento. As batalhas em si são bem coreografadas, na mescla visualmente agradável que a produção faz entre o cinematográfico e o estilo de video games, principalmente quando a câmera segue os personagens em deslocamento pela cidade em ruínas. As lutas corpo-a-corpo com os Elites soam estranhas aqui e ali com uma computação gráfica limitada pelo orçamento, mas nada grave ou realmente ruim, no que me parece ter sido um esforço notável da produção em tornar tudo imageticamente crível e fluido.
O conflito é divertido, duro e até sombrio em determinados momentos, o que agrega o arco de alguns personagens, em particular John, Riz e Perez. Em linhas gerais, o episódio também retrata com propriedade perda e sacrifício ao tirar rostos conhecidos de cena, como Vannak e Jacob Keyes (que trouxe um clichê, mas ótimo discurso de batalha final), por mais que não sejam personagens realmente impactantes à audiência. As aparições de Soren, Halsey e principalmente Makee não são exatamente orgânicas, mas não subtraem de uma narrativa que finalmente pousa em uma única trama, sem se desviar com blocos ruins envolvendo Kwan e afins.
Reach é efetivamente um episódio para mostrar a queda da sede que dá título ao episódio, então felizmente a produção não se desvia disso, mesmo com probleminhas aqui e ali. De forma geral, somos atacados pela guerra, pela morte e pelo desespero, num retrato satisfatório do que é o conflito trágico de Halo, deixando bem claro a força e a resiliência da humanidade através da liderança de John, o guerreiro que encapsula a determinação da missão mais importante e impossível. Existe perda e existe derrota, mas também semblantes de esperança para uma série que finalmente parece começar a encontrar sua essência. Espero que nós próximos episódios possamos ver Chief liderando a revanche.
Halo – 2X04: Reach | EUA, 22 de fevereiro de 2024
Criação: Kyle Killen, Steven Kane
Direção: Craig Zisk
Roteiro: Tom Hemmings
Elenco: Pablo Schreiber, Shabana Azmi, Natasha Culzac, Bentley Kalu, Kate Kennedy, Charlie Murphy, Danny Sapani, Christina Bennington, Natascha McElhone, Julian Bleach, Karl Johnson, Hilton McRae, Ryan McParland, Gustavo Chiang, Oladapo Oluwatosin Okunlola, Samuel Tamunotoku Gbobo, Caroline Boulton, Claudius Peters, Danielle Fiamanya, Balázs Csémy, Joseph Morgan
Duração: 48 min.
