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Crítica | Halo – 1X08: Allegiance

O amor quebrando barreiras antagônicas e digitais.

por Iann Jeliel
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Allegiance

  • COM SPOILERS. Acompanhe por aqui, as críticas dos demais episódios da série.

Allegiance segue a mesma problemática vista nos episódios dessa segunda metade de temporada, onde a convergência de tramas vem se dando de maneira rápida demais e com várias mudanças de rumo inesperadas, sem tempo de ser desenvolvidas prontamente ao encaixe da continuidade narrativa. A diferença primordial é que nesse caso, a velocidade é muito bem aplicada à crescente de tensão interna do núcleo principal (construída desde Solace) e as mudanças de rumo são os fatores que facultam essa urgência coerentemente.

Depois de compartilharem uma experiência “transcendental” vislumbrando Halo, Makee (Charlie Murphy) e Master Chief (Pablo Schreiber) passam de antíteses a complementos um do outro, tanto que se veem rapidamente dentro de um relacionamento amoroso, incrivelmente plausível perante as circunstâncias apresentadas aos personagens. Chief se enxerga em Makee, como uma “massa de manobra” de intuito maior, utilizada pelos pilares de uma guerra. Ele acredita que a lavagem cerebral da UNSC feita para ele na vida inteira é de algum modo semelhante ao que os Covenants fizeram para Makee desacreditar na humanidade ao ponto de se voltar contra ela. E realmente é algo que faz tanto sentido e que deixa a própria Makee dividida entre sua missão como espiã e agarrar a oportunidade de fugir dessa realidade com alguém com sua mesma “especialidade” – rimando visualmente com aquele flashback dela na infância querendo fugir com aquele garoto que deu seu primeiro beijo.

De certo modo, há até uma inversão de papéis entre os personagens. Chief é quem passa a tentar manipular (no caso, convencer) Makee para o seu lado, visando usar sua habilidade para conseguir encontrar o segundo artefato dos Covenant. Um plano que a UNSC vê com muita desconfiança, o que traz ainda mais suspense para a investigação de Miranda (Olive Gray) sob as gravações de áudio daquela chacina de Makee a umas das tripulações do comando espacial. A sua descoberta da antiga índole de Makee (leia-se: a índole antes de vislumbrar Halo) em sincronia com o plano de fuga de Hasley (Natascha McElhone) traz um imediatismo empolgante ao clímax do capítulo, bifurcando criativamente na montagem, o confronto físico entre os Spartans com um interrogatório hostil de Keyes (Danny Sapani) e Margaret (Shabana Azmi) contra Makee – novamente trazendo uma rima visual com seu flashback de infância, dessa vez relembrando as memórias de torturas sofridas.

Embora tivesse sido bem mais legal ver Chief com a armadura completa na batalha, a sequência consegue imprimir pela primeira vez o peso rígido das couraças em contraste com a desproteção de estar sem elas, interligando essa diferenciação com o teor emocional distinto dos soldados. A racionalização robótica implacável de Vannak-134 (Bentley Kalu) e Riz-028 (Natasha Culzac) versus a instintividade sentimental de Kai-125 (Kate Kennedy) e John-117 não querendo fazer mal aos companheiros, forçando um despertar, tentando fazer com que enxerguem como estão sendo usados por Hasley. Todo esse contexto potencializa a direção verticalizada e visceral da cena com sua constante troca de planos abertos aproximados.

É nela também que pela primeira vez vemos Cortana (Jen Taylor) auxiliando Chief nas estratégias de combate. A inteligência artificial depois de visualizar/compartilhar a experiência sexual de Makee e Chief desperta seus próprios sentimentos (ou passa a compreendê-los), se voltando contra Hasley e impedindo seu plano de captura dos “especiais”. Hasley que, apesar de ser cada vez mais “vilanizada” no enredo, continua sob um desenvolvimento interessantíssimo. É fascinante como ela questiona o egoísmo vigente do ser humano e faz ações movidas exclusivamente pelo próprio egoísmo, na desculpa de estar sacrificando sentimentos nas relações interpessoais para acabar esses ciclos narcísicos.

Afinal, Hasley quer salvar a humanidade ou ser “a salvadora”? Nesse prisma suas motivações permanecem dúbias, assim como quase todas as jornadas dos personagens nos arredores permanecem fortemente ambíguas: John mesmo com todas as verdades descobertas, mantém-se fiel à humanidade por enxergar mais os lapsos esperançosos de suas memórias; Makee retirou sua unha Covenant como impulso do amor, mas dá adeus a Chief em um lapso de Halo pouco depois de ser torturada, deixando dúvidas da escolha que tomou entre prosseguir com seu objetivo original ou dar suporte a Chief com a nova mentalidade; Keyes que estava a pouco tempo retirando o envolvimento da filha no projeto para acobertar Hasley, confronta Hasley de seus limites e dá suporte para Miranda na hora de traduzir a gravação; dentre outros exemplos.

Allegiance poderia ser um episódio ainda melhor caso viesse na sequência de Solace, que, por sua vez, cresce como complemento porque coloca em prática os vários tensionamentos trabalhados por seu antecessor. A quebra com o filler Inheritance deveria ter sido feita antes, ou agora, após a finalização desse episódio. Felizmente, essas escolhas não foram suficientemente prejudiciais para o efeito empolgante isolado do capítulo, por mais que dentro do compacto ele reforce o sentimento de que o compasso ideal para a primeira temporada eram dez, em vez de nove episódios. Isto posto, é o grande episódio de Halo até o momento, deixando o terreno fértil para um fim de temporada ainda melhor.

Halo – 1X08: Allegiance | EUA, 12 de Maio de 2022
Criação: 
Kyle Killen, Steven Kane
Direção: 
Jonathan Liebesman
Roteiro: 
Steven Kane
Elenco: 
Pablo Schreiber, Shabana Azmi, Natasha Culzac, Olive Gray, Bentley Kalu, Kate Kennedy, Charlie Murphy, Danny Sapani, Jen Taylor,  Natascha McElhone, Ryan McParland, Zsuzsanna Roe, Jessica Fostekew, Karl Akortia, Claudius Peters, David Z. Miller, Samuel Tamunotoku Gbobo, Caroline Boulton, Amirreza Farajvand
Duração: 48 min.

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