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Crítica | Grace and Frankie – 6ª Temporada

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas das temporadas anteriores. 

Grace and Frankie é uma série deliciosa em sua premissa e execução, com a quadra de atores principais na terceira idade dando shows de atuação. Os criadores e showrunners Marta Kauffman e Howard J. Morris vinham acertando com constância desde a 1ª temporada, sempre trazendo frescor à narrativa. A única temporada que considero um tropeço é a , que experimenta um caminho menos coeso, fragmentando sua história em pequenas narrativas que mais parecem esquetes. A esperança era de que, nas duas temporadas finais, a série voltasse aos eixos e é alvissareiro notar que é sem dúvida isso que vemos agora na 6ª.

Ao final de minha crítica anterior, mencionei que era importante, agora com Grace casada com Nick, que os showruuners tivessem coragem para abraçar o novo status quo, evitando a reversão ao estado anterior acontecesse de imediato. Fazendo justamente isso, a temporada faz com que a manutenção de Grace e Nick como um casal seja um de seus eixos centrais, inclusive introduzindo um novo cenário fixo, o  nababesco apartamento do bilionário em San Diego com um sofá que serve de catalisador para que Grace perceba que tem problemas para levantar-se, o que leva à criação, por Frankie, do Rise Up (ou “Ascensão”, em português), um vaso sanitário que levanta o usuário e que é outro eixo narrativo da temporada.

Em outras palavras, no lugar de correr para “apagar” Nick da vida de Grace e fazê-la voltar à casa de praia com Frankie, os roteiros usam essa circunstância – que sim, nada contra a própria premissa da série, o que a torna justamente mais valorosa – para criar uma história relevante ao redor, unindo as duas ainda mais e formando um trio, já que a hilária Joan-Margaret aboleta-se junto à Frankie, para evitar a solidão da hippie octogenária (septuagenária na série). Toda essa dinâmica é muio bem trabalhada, inclusive a que coloca Nick na equação como o marido genuinamente apaixonado por sua nova esposa e que tenta fazer de tudo para agradá-la, inclusive permitir Frankie e sua vida muito mais do que o razoável. É bem verdade que há momentos em que Nick desaparece da história, deixando Grace e Frankie no cenário da casa de praia como se juntas morassem, mas, mesmo que isso incomode um pouco, não é algo que realmente desfaça o casamento sem desafazê-lo, mas sim uma escolha perfeitamente lógica de manter o relacionamento das duas como mola mestra desse lado da história.

É o outro lado da história, que aborda o relacionamento de Sol com Robert que carece de frescor. Há uma repetição temática – o câncer de Sol no lugar dos problemas cardíacos de Robert – que não acrescenta muita coisa ao desenvolvimento dos dois. Ainda é sensacional ver a dupla de atores veteranos claramente divertindo-se como um casal gay que demorou décadas e décadas para sair do armário, mas toda a narrativa, aqui, parece ficar em segundo plano, quase que como um mero apoio ao casal de amigas traídas.

Por outro lado, é uma felicidade perceber que Kauffman e Morris estabeleceram um terceiro vértice narrativo que coloca Brianna nos holofotes. A personagem de June Diane Raphael sempre teve um potencial cômico que ganhava destaque aqui e ali, mas que jamais havia sido brindada com uma história completa e própria. Aqui, porém, o erro é corrigido, já que Brianna tem que lidar com seu relacionamento com Barry (Peter Cambor, outro ótimo comediante) de maneira mais direta e com amplo espaço que nos leva a situações hilárias que vão desde a impregnação do casal de lésbicas com o esperma de Barry durante a Comic-Con até uma proposta muito peculiar de “casamento”. Se eu pudesse eleger um spin-off de Grace and Frankie para ser produzido, ele seria facilmente Brianna and Barry.

No entanto, olhando de maneira mais holística para a temporada e seu encaixe em toda a série, apesar de o nível ter subido muito em relação à desapontadora temporada anterior, já está mesmo na hora da série acabar. Seguir indefinidamente com uma obra dessa natureza é inevitavelmente voltar aos mesmos assuntos seguidas vezes. Tudo bem que o novo produto para idosos de Grace e Frankie e a separação das duas foram aspectos muito bem conduzidos pelo roteiro, mas esses assuntos são recorrentes e não há muito mais leite a ser tirado dessa pedra. A escolha de terminar tudo em mais uma temporada (que terá 16 episódios, a maior de todas), portanto, é mais do que acertada, permitindo que, se tudo der certo, a sensacional quadra de ases da terceira idade encerrem as histórias de seus personagens por cima.

Grace and Frankie – 6ª Temporada (Idem, EUA – 18 de janeiro de 2020)
Showrunners: Marta Kauffman, Howard J. Morris
Direção: Marta Kauffman, David Warren, Ken Whittingham, John Hoffman, Betty Thomas, Marta Cunningham, Ken Whittingham, Rebecca Asher, Alex Hardcastle
Roteiro: Marta Kauffman, Howard J. Morris, David Budin, Brendan McCarthy, Julie Durk, John Hoffman, Julieanne Smolinski, Alex Burnett, Barry Safchik, Michael Platt, Brooke Wied, Elena Crevello, Alex Levy, Ben Siskin, Alex Kavallierou
Elenco: Jane Fonda, Lily Tomlin, Sam Waterston, Martin Sheen, Brooklyn Decker, Ethan Embry, June Diane Raphael, Baron Vaughn, Peter Cambor, Ernie Hudson, Tim Bagley, Michael Charles Roman, Brittany Ishibashi, Millicent Martin, Lindsey Kraft, Peter Gallagher, Michael McKean
Duração: 25-32 min. por episódio (13 episódios)

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