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Crítica | G.I. Joe: Scarlett (minissérie)

O clube dos ninjas.

por Ritter Fan
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  • Leiam, aqui, todas as críticas do Universo Energon.

A estratégia da Skybound/Image Comics para criar o Universo Energon difere no que se refere as propriedades Transformers e G.I. Joe da Hasbro. Na primeira, a abordagem é mais direta, com um título único que leva o nome dos robozões recontando sua chegada à Terra, com Void Rivals servindo, apenas, de expansão da mitologia sem, porém, por enquanto ter conexão direta para além da participação especial de, até agora, dois Autobots. No caso de G.I. Joe, a escolha da editora foi lançar quatro minisséries focadas em quatro personagens chave da franquia que servem de prelúdio para a formação da equipe e, portanto, para o lançamento do título principal, que será singelamente batizado de G.I. Joe, de forma a diferenciá-lo de G.I. Joe: A Real American Hero que corre em paralelo, mas completamente separado do Universo Energon, continuando as histórias clássicas iniciadas na década de 80.

Scarlett é a terceira e penúltima minissérie a chegar ao seu fim, depois de Duke e Cobra Commander, cada uma dessas duas últimas, obviamente, (re)introduzindo os conceitos básicos das duas equipes rivais, os G.I. Joes ainda não formados oficialmente e o Comando Cobra que, ao final da minissérie de seu comandante, passa a existir e ambas já estabelecendo conexões com os Transformers. O objetivo principal da minissérie focada na ruiva Shana O’Hara, codinome Scarlett, é não só reapresentá-la como uma espiã das Forças Armadas dos EUA, como, também, abrir as portas para o Clã Arashikage de ninjas de onde vêm dois dos personagens mais queridos de toda a franquia, o inicialmente vilão Storm Shadow e o silencioso Snake Eyes.

E a premissa da história funciona bem e não perde tempo em estabelecer o tom da narrativa comandada por Kelly Thompson: em uma missão de infiltração em Mônaco, Scarlett desobedece ordens e interfere ativamente na recuperação de reféns depois que se depara com sua amiga (namorada?) Jinx, desaparecida há dois anos, no comando de forças que invadem o local e que sinaliza para ela usando um código que só as duas entendem. Sua atitude a leva a uma situação de conflito com seu superior, mas, ao mesmo tempo, atrai a atenção de Stalker (que já havia sido introduzido na minissérie Duke) que revela ter sido ele que infiltrara Jinx no Clã Arashikage e que o contato entre ela e Scarlett é de vital importância tanto para que a ninja seja trazida de volta, quanto para a recuperação de uma arma secreta que o soldado diz estar na posse do clã e pede que Scarlett tente fazer o mesmo, algo que ela não hesita em aceitar. Com transporte fornecido pelo barbudo Snow Job, o segundo mais famoso ruivo da franquia, Scarlett, então, invade a fortaleza Arashikage para mostrar-se valiosa para o clã, logo sendo arregimentada para ajudar os ninjas a obter a tal arma secreta da Yakuza, o que transforma a minissérie em uma variação altamente militar e mortal de um “filme de roubo”.

A ação é ininterrupta, mas o texto de Thompson nunca se perde e nunca se trai, ou seja, nunca realmente reúne Scarlett e Jinx a não ser em flashbacks, de maneira que as duas possam manter suas respectivas coberturas intactas. Além disso, a introdução de Storm Shadow não em uma luta espetacular, mas sim, apenas, em seu “modo furtivo”, é uma escolha inspirada da roteirista que, com isso, mantém a minissérie focada na protagonista que passa a ser uma espécie de protegida do famoso ninja de traje branco, mesmo que da categoria “dispensável”, ou seja, ganhando a parte da missão potencialmente mais perigosa, que é desabilitar o sistema de defesa em uma das três torres da Yakuza onde grande parte da ação se passa.

O leitor mais atento reparará que eu fiz uma indagação acima sobre a conexão de Scarlett com Jinx, pois, apesar de as duas serem muito próximas nos flashbacks, inclusive escolhendo uma idílica casa para morarem juntas, fiquei sinceramente na dúvida se elas formam um casal ou se são realmente apenas grandes amigas. Scarlett fala tanto em Jinx, justificando que tudo o que faz, todos os riscos que assume em razão dela, que a impressão que passa é que Thompson quis fazê-las namoradas, mas alguma determinação editorial estabeleceu que isso só poderia ficar implícito, pelo menos por enquanto. Seja como for, amigas ou namoradas, essa dinâmica funciona bem e tem enorme potencial de ser explorada quando houver a convergência das minisséries em um título único. Outra coisa que ajuda muito na fluidez da história é que a minissérie não tem ligação com o Comando Cobra ou com os Transformers a não ser bem no finalzinho, permitindo desenvolvimento sem amarras muito específicas, ainda que, quando a poeira baixa, a sensação que fica para o leitor é que a narrativa está bem inserida no Universo Energon, mesmo que a tal arma secreta seja decepcionante.

Enquanto a arte de Marco Ferrari é belíssima na recriação dos personagens e na forma como ele conduz a ação, fiquei cabreiro com a maneira como ele desenhou Scarlett, mais especificamente seu rosto. Aqui, ela tem uma aparência quase adolescente, o que de forma alguma combina com seu grau de experiência militar em campo e suas habilidades físicas. Uma coisa é desenhar uma mulher adulta jovem, outra bem diferente é desenhar uma mulher adulta jovem como uma menina. E é curiosa essa escolha, já que Jinx, possivelmente da mesma idade que Scarlett, ganhou feições mais maduras, mantendo a jovialidade. Sei que pode parecer um pequeno detalhe, mas é que esse negócio de rejuvenescer personagens vem se tornando uma febre incompreensível nos quadrinhos, como se leitores fossem incapazes de apreciar personagens que parecem adultos de verdade e não crianças. Pelo menos, como disse, isso só ocorre com Jinx, já que os veteranos Stalker e Snow Job realmente parecem veteranos e Storm Shadow, mesmo que jovem, parece bem mais maduro que Scarlett.

Agora é esperar apenas um pouco para saber como o título principal G.I. Joe será conduzido, especialmente no que se refere à Scarlett que, ao final, acaba como uma personagem consideravelmente separada do que parece ser a trama central, mesmo que haja pistas amplas sobre seu futuro e também os dos demais personagens introduzidos aqui. Com uma introdução à altura de seu status lendário entre os Joes, Scarlett tem tudo para ser vital para a reintrodução do grupo militar antiterrorista da Hasbro.

Scarlett (EUA, 2024)
Contendo: Scarlett #1 a 5
Roteiro: Kelly Thompson
Arte: Marco Ferrari
Cores: Lee Loughridge
Letras: Rus Wooton
Editoria: Ben Abertnathy
Editora: Skybound (Image Comics)
Datas originais de publicação: 05 de junho, 03 de julho, 07 de agosto, 04 de setembro e 09 de outubro de 2024
Páginas: 120

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