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Crítica | G.I. Joe: Comandos em Ação (2023) – Vol. 3

Caos em Springfield.

por Ritter Fan
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Como um mangaká daqueles que só escrevem uma história contínua por décadas, Larry Hama parece um pinto no lixo de volta ao seu xodó G.I. Joe: A Real American Hero, HQ agora publicada pela Skybound, do grupo Image Comics, com seu criador ganhando um espaço reservado para continuar a fazer o que quer de maneira apartada e sem conexão com mais nada, enquanto Robert Kirkman, por seu turno, constrói o Universo Energon, reunindo os Transformers com os Comandos em Ação que, claro, ganharam recomeços. E, para ler o trabalho de Hama em pleno 2025 é necessário entender que o lendário quadrinista não tem a menor intenção de mudar sua forma de pensar e de escrever, mantendo-se firme e forte a um estilo praticamente congelado desde os anos 80 que é composto de situações exageradas em meio a diálogos repletos de jargão militar, com especial destaque para descrição de armamentos reais ou fictícios, como funcionam e assim por diante, com o uso do maior número possível dos personagens que criou e/ou ajudou a solidificar ao longo das décadas para ajudar a Hasbro a continuar a vender bonequinhos.

Pode-se dizer que o terceiro volume da publicação pela Skybound que marca o retorno de Chris Mooneyham para a arte em quatro das cinco edições é, para todos os efeitos, o final de um grande arco narrativo que coloca todas as equipes – o Comandante Cobra e seus seguidores, Serpentor Khan e seus Mutantes Ciborgues Amplificados, Zartan e seus Dreadnoks, Destro e seu exército e, finalmente, o Time Ninja dos Joes – em um conflito de larga escala em Springfield, cidade que faz as vezes de fortaleza Cobra. Enquanto o Comandante Cobra precisa enfrentar a ira de Serpentor e, ao mesmo tempo, a vingança de Destro por ter ferido mortalmente a Baronesa, as equipes de Zartan e dos Joes ficam sem ter muito o que fazer para além de volta e meia trucidar uma meia dúzia de vilões aqui e ali. Mesmo assim, todo mundo tem participação constante na narrativa e o “teatro de guerra” é bem explorado, com a arte de Mooneyham lidando muito bem com os espaços geográficos e a distribuição dos personagens nos quadros e nas páginas.

O que poderia ser um caos impossível de entender é, graças ao comando de Hama sobre suas criações e à sua capacidade de organizar seu pensamento sem perder muito o fio da meada, um caos organizado, por assim dizer, e tudo funciona bem, com núcleos bem definidos lidando com pequenas missões também bem definidas que servem a um todo coerente. Nos quatro números que lidam com a guerra em Springfield – todos menos o #4 que comentarei em breve – o tabuleiro é bem utilizado e as peças ganham movimentações que fazem sentido, ainda que com aquele típico histrionismo oitentista, muitas explosões e tiros e, claro, um dilúvio de diálogos explicando que armas cada um está usando ou pretende usar como é particularmente o caso da invasão de Destro no bunker do Comandante Cobra, basicamente um festival de “vou usar a arma X, que faz A e B, para conseguir fazer isso e você não vai conseguir me impedir usando essa arma Y que faz C e D porque a minha é mais poderosa”. Os únicos dois fiapos de história que se passam fora de Springfield nessas edições existem para armar futuros arcos, o primeiro deles lidando com um pequeno grupo de Joes que leva o Dr. Mindbender prisioneiro e o corpo clonado do Serpentor original e o segundo com o retorno de Alpha-001, da Revanche, à Ilha Cobra, para lidar com a situação deixada por lá e fazer o necessário reset nessa ideia tosca de “mutantes ciborgues”.

A edição #4 é, para todos os efeitos, completamente separada das demais e funciona como um respiro à pancadaria das três anteriores e do epílogo representado pela seguinte. Nela, um grupo de Joes liderado por Roadblock e Sherlock invadem um país árabe fictício em uma missão de resgate de uma adolescente de 15 anos chamada Lila Haddad, que foi sequestrada por Al Kawbra e seus minions. Trata-se de uma historia completa, com começo, meio e fim, com direito até mesmo a uma boa reviravolta, que pode ou não semear futuras linhas narrativas para Hama e, conhecendo o autor, há grandes chances de que isso efetivamente aconteça. A arte, aqui, ficou ao encargo de Andrew Krahnke que, para fins de um one-shot autocontido com uma equipe de infiltração, funciona a contento, mesmo que se traço seja talvez leve demais para a pancadaria que corre solta.

Com o fim da guerra em Springfield e a indicação de rearrumação de peças no final deste terceiro arco, Larry Hama tem todos os elementos na mão para continuar sua infinita saga militarística do bem contra o mal com infinitos personagens coloridos para usar. É diversão básica garantida para quem conseguir aceitar que Hama é Hama e não tem chance de ele fazer algo diferente do que vem fazendo por mais de 300 edições de sua criação favorita.

G.I. Joe: Comandos em Ação – Vol. 3 (G.I. Joe: A Real American Hero – Vol. 3, EUA – 2024/25)
Contendo: G.I. Joe: A Real American Hero #311 a 315
Roteiro: Larry Hama
Arte: Chris Mooneyham (#1 a 3 e 5), Andrew Krahnke (#4)
Cores: Francesco Segala
Flats: Sabrina Del Grosso
Letras: Pat Brosseau
Editoria: Alex Antone
Editora original: Skybound (Image Comics)
Datas originais de publicação: 20 de novembro e 26 de dezembro de 2024; 22 de janeiro, 26 de fevereiro e 26 de março de 2025
Páginas: 112

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