- Há spoilers! Confira aqui a crítica dos outros episódios!
Em Barbarians at the Gate, o império continua preocupado com a possibilidade de Seldon estar correto em suas afirmações, enquanto a guardiã do Cofre, Salvor Hardin (Leah Harvey), precisa lidar com novos visitantes com a intenção de destruir tudo que a Fundação está construindo. E se essa premissa parece similar demais à do episódio anterior, não é por acaso. Até agora, a série parece tão interessada em estabelecer personagens e conceitos, que fica presa em uma trama arrastada e de poucos desenvolvimentos, o que compromete todo o resto, deixando o enredo cansativo e o drama sem peso.
Mesmo para alguns leitores do material original, está ficando difícil se importar com alguns elementos que a série nos apresenta, sem contar que há uma clara confusão por parte de quem não faz ideia do que acontece na obra de Asimov, o que evidencia ainda mais a montagem equivocada, perdendo tempo demais em apenas dois núcleos narrativos, sendo que a própria série já deixou claro como é vasto o universo de Fundação, e o que foi um dos pontos altos do episódio de estreia da temporada. Esse foco quase exclusivo no dilema dos imperadores e nos conflitos (internos e externos) de Salvor Hardin tem limitado o potencial da série. Acredito que, como os dois episódios de estreia serviram para estabelecer a ameaça principal da série, a trama dos episódios três e quatro foram utilizados para fazer a mesma coisa, mas no núcleo de Terminus.
O maior sinal da montagem fraca é como nem tendo apenas dois núcleos dramáticos recebendo total atenção, a série consegue construir uma narrativa menos tediosa, capaz de intercalar de forma eficiente entre esses dois, mesmo em uma narrativa que envolve diversos saltos temporais. Só consigo interpretar isso, pela perspectiva dos produtores, como fé demais na paciência do espectador, ou apenas preguiça de construir algo dinâmico e envolvente (estou mais inclinado para a segunda opção).
E como se não fosse o suficiente termos que assistir quase uma repetição do episódio anterior, as únicas novidades são a introdução de novos antagonistas para os habitantes de Terminus, e um destaque para a personagem do imperador Alvorada (Cassian Bilton), o que também não me pareceu uma boa decisão. Atuação, assim como quase todos os elementos de uma obra audiovisual, é uma coisa bem subjetiva, e na maioria das vezes, quando não gosto de uma atuação, ela envolve mais a mão do diretor, que não soube aproveitar os pontos fortes do ator. Dito isto, Cassian Bilton deve ter sido muito mal dirigido, porque sua personagem não entrega qualquer peso emocional e cada cena sua parecia ter o dobro de duração, mesmo esse sendo o episódio mais curto da série até agora.
Fundação continua em sua jornada para tentar emular o formato de outras séries do gênero, mas que são bem melhores em desenvolvimento e execução, talvez não na direção de arte – a fotografia dessa série continua impecável. Por mais que eu não tenha gostado tanto, Barbarians at the Gate não é um desastre. Esse episódio parece finalmente deixar as peças prontas para as batalhas que estão por vir, e se esforça para trazer debates interessantes sobre identidade quando explora os seus conceitos de clonagem, e tem sucesso em criar diálogos bem melhores dessa vez, mas soterrados debaixo de toneladas de atuações monótonas e uma direção reservada demais. Se não fosse isso, e a estrutura do episódio, que parece idêntica ao anterior, talvez Fundação tivesse uma avaliação melhor, mas vamos esperar para a próxima semana porque a cena final de Barbarians at the Gate promete movimentar bastante a trama.
Fundação (Foundation) – 1X04: Barbarians at the Gate (EUA, 08 de Outubro de 2021)
Criação: Josh Friedman e David S. Goyer
Direção: Alex Graves
Roteiro: Josh Friedman, David S. Goyer e Lauren Bello, baseado na obra de Isaac Asimov
Elenco: Lee Pace, Laura Birn, Terrence Mann, Alfred Enoch, Leah Harvey, Cassian Bilton, Teyarnie Galea, Daniel MacPherson, T’Nia Miller, Pravessh Rana, Kubbra Sait, Clarke Peters, Buddy Skelton.
Duração: 45 min.