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Crítica | Fullmetal Alchemist – Vol. 4

por Guilherme Coral
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estrelas 5,0

  • Leia também as críticas dos demais volumes do mangá, aqui.

O terceiro volume de Fullmetal Alchemist nos trouxe uma porção bastante agitada da história, com a invasão ao centro de pesquisa secreto na cidade Central. Após esses eventos, a autora, Hiromu Arakawa, opta por enfatizar mais nos personagens, através de uma edição quase sem qualquer combate, uma prova de como consegue trabalhar os diferentes indivíduos que apresenta em suas páginas, que são capazes de nos manter fixados na trama, passando página atrás de página de maneira praticamente ininterrupta. Com uma boa dosagem entre drama e humor, temos aqui mais um impecável volume do mangá que conta a busca dos irmãos Elric por uma forma de recuperar os seus corpos.

fma-esp_04Ao escaparem, por um triz, do centro de pesquisa, Edward e Alphonse são levados para um hospital, onde o irmão mais velho é internado em virtude de seus muitos ferimentos, fora o fato de seu automail ter parado de funcionar repentinamente. Suas descobertas na instalação secreta acaba levando a uma investigação por parte de membros seleto do exército, dentre eles o tenente-coronel Hughes e o major Armstrong. Pouco sabiam eles, contudo, que estavam iniciando um caminho sem volta, que os levaria a terríveis descobertas sobre o mundo a seu redor, colocando suas vidas em grande perigo.

 Arakawa certamente consegue nos surpreender a cada edição de seu mangá. É verdadeiramente impressionante a forma como ela consegue intercalar os momentos mais sérios com um alívio cômico, transformando seu traço em algo mais bem humorado, com expressões exageradas ou com poucas linhas, formando quase uma série de emotes. O melhor disso é que a comédia não soa forçada dentro da trama e ajuda a definir muito bem a personalidade de cada personagem, desde os acessos de ira de Edward quando alguém o chama de baixinho, até as piadas desconfortantes de King Bradley. Tudo se encaixa como uma luva dentro de seus quadros, transformando a leitura em algo prazeroso e dinâmico.

Praticamente sem qualquer ação, algo limitado nesse volume a poucas páginas, estamos falando de um extremo cuidado da autora em relação a seus personagens. Aqui temos arcos dramáticos sendo desenvolvidos e concluídos em apenas quatro capítulos, mas que certamente impactam a história como um todo. Um bom exemplo disso é a dúvida de Alphonse se sua alma e memórias foram fabricadas artificialmente pelo seu irmão, um questionamento que é levantado no final da edição anterior e que o atinge profundamente nessa daqui. Em paralelo a outros eventos, Arakawa trabalha esse ponto de forma orgânica, sem apressar uma resolução e quando, enfim, traz o clímax dessa subtrama, a realiza no momento certo, encaixando com a presença de outro personagem em quadro a fim de elevar o drama às devidas proporções.

Para falar do maior destaque desse volume, porém, devo entrar em spoilers, portanto somente leia este parágrafo se já tiver lido o volume por completo, se não, pule para o próximo parágrafo. Refiro-me, evidentemente, à morte do coronel tenente-Hughes. É nítido que a apresentação propriamente dita de sua família fora inserida convenientemente para causar um impacto maior no leitor, mas lembremos que ele já falava de sua filha no primeiro volume do mangá para Roy Mustang. Dessa forma, Hiromu estabelece uma forte coesão entre seus capítulos e não faz os eventos aqui ocorridos como um puro arranca-lágrimas do leitor. E por falar em lágrimas, não há como não se lembrar de uma das páginas mais lindas de todo o mangá, que está, em parte, na capa desta crítica, com Mustang demonstrando a dor da perda de seu amigo, mais um elemento que ajuda a construir sua persona.

Com tudo isso em mente, fica fácil enxergar a maneira dinâmica e fluida que Hiromu Arakawa consegue transitar entre o drama e a comédia, dispensando a ação quando ela não é verdadeiramente importante. Sentimos como se nada fosse colocado nas páginas por mero acaso, uma prova de um bom roteiro, que é conciso, fluido e atinge o leitor em cheio. Com uma arte que cada vez mais se refina, intercalando entre algo mais rebuscado e os traços escrachados dos painéis de comédia, a autora consegue nos entregar mais um volume apaixonante, que nos obriga a pular de página atrás de página, torcendo para que a edição não acabe ou que tenha outra para ser lida logo a seguir.

Fullmetal Alchemist – Vol. 4 – Japão, 2002
Roteiro: Hiromu Arakawa
Arte: Hiromu Arakawa
Editora (no Japão): Square Enix (originalmente Enix)
Editora (no Brasil): Editora JBC
Páginas: 200

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