Home Literatura Crítica | Firefly: Big Damn Hero (Firefly: Livro 1), de James Lovegrove

Crítica | Firefly: Big Damn Hero (Firefly: Livro 1), de James Lovegrove

Poderia ter sido um episódio da saudosa série!

por Ritter Fan
144 views

Duas coisas que aqui se entrelaçam e que eu não costumo fazer: remoer sobre o cancelamento de séries que acompanho por mais do que alguns dias e ler romances que expandem o universo de obras cinematográficas e televisivas. No entanto, como cada regra tem sua exceção, até hoje sinto falta de Firefly, série de ficção científica Joss Whedon cancelada antes mesmo de sua temporada inaugural acabar de ir ao ar e eu já li alguns poucos livros do universo expandido de Star Wars. Big Damn Hero, porém, é o primeiro fora da criação de George Lucas em que me aventuro, exatamente em razão das saudades que volta e meia sinto da série de Whedon, mesmo que ela tenha sido “encerrada” três anos depois com o longa-metragem Serenity – A Luta pelo Amanhã.

Na verdade, Firefly nunca realmente morreu, pois a Dark Horse Comics continuou a história de forma canônica com a série em quadrinhos Serenity (por questões legais, não foi possível batizar as HQs de Firefly) que, na verdade, foi uma sucessão de one-shots e minisséries publicadas entre 2005 e 2017, com a BOOM! Studios assumindo a licença e publicando os quadrinhos, também de maneira canônica, desde então. Em outras palavras, mesmo tendo apenas 14 episódios e um filme, havia e há mercado para Firefly e, no começo de 2018, a Titan Books anunciou que lançaria uma série de romances também canônicos na franquia, um projeto muito bem-sucedido considerando que, passados pouco mais de cinco anos, sete livros foram publicados, com mais dois anunciados.

O primeiro romance – de três seguidos escritos por James Lovegrove – é Big Damn Hero (não consegui achar uma tradução boa o suficiente, pelo que deixei o título em inglês mesmo) que, a quem se interessar, ocorre entre os episódios 1X12 – The Message e 1X13 – Heart of Gold, da série televisiva, tem o jeito e a estrutura de um episódio extra, além de uma premissa bastante simples, algo que reputo à necessidade de agradar ao maior público possível, pelo menos neste começo de um projeto que exige investimento de tempo e dinheiro. Na história, durante uma missão de rotina em Persephone, Malcolm “Mal” Reynolds, capitão da Serenity, é sequestrado por um grupo de amargos e radicais Browncoats veteranos que acham que ele, durante a Guerra de Unificação, traiu a causa. Com seu desaparecimento, cabem aos demais tripulantes de sua nave, comandados por Zoë, localizar Mal e, ao mesmo tempo, lidar com a carga perigosamente volátil que está a bordo da Serenity.

Fica evidente, pela sinopse, aquilo que assinalei logo no começo do parágrafo anterior: Lovegrove joga seguro, trabalhando uma narrativa de cunho universal, capaz de agradar igualmente os fãs da franquia e eventuais leitores novos e curiosos. Aliás, o autor mostra muita segurança na maneira que escreve, pois ele consegue ser didático sem ser cansativo e estabelece muito bem o necessário contexto para que qualquer um entenda a história, sem engatar em tons professorais ou longas e cansativas explicações que não costumam levar a lugar algum além de aumentar desnecessariamente a contagem de páginas. Da mesma maneira, ao retirar Mal do centro das atenções e da ação propriamente dita- ainda que, claro, o périplo dele como prisioneiro de seus ex-aliados seja abordado constantemente -, o autor abre espaço para que toda a tripulação da nave ganhe seus devidos 15 minutos de atenção, com uma boa distribuição da narrativa por eles e por outros personagens menores que, de uma maneira ou de outra, ajudam na investigação.

E, ao longo da narrativa, Lovegrove ainda consegue, organicamente, inserir mistérios, traições e vinganças que apimentam as duas linhas narrativas e mantêm aprumado o interesse do leitor. Além disso, ele consegue capturar muito bem as personalidades de todos os personagens, focando tanto em suas habilidades como em suas fraquezas e entregando algo que muito claramente poderia ter sido um episódio de qualidade da série (não um filme, pois falta substância para uma duração maior do que 45 minutos). Big Damn Hero é, certamente, um simpático retorno à franquia que começa muito bem a série de livros da Titan Books. Quem sabe eu não me aventuro no segundo?

Firefly: Big Damn Hero (EUA, 2018)
Autoria: James Lovegrove (baseado em conceito de Nancy Holder)
Editora: Titan Books
Data original de publicação: novembro de 2018
Páginas: 336

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais