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Crítica | Férias Frustradas de Natal

por Kevin Rick
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A franquia Férias Frustradas destoa-se bastante no nível de qualidade dos seus filmes, dispondo de clássicos, continuações fracas, reboot mal recebido pela crítica (apesar de achar ele até bonzinho), e existem até rumores de um spin-off televisivo com Johnny Galecki (o Leonard de The Big Bang Theory) retornando ao papel da sua infância, recentemente tomado por Ed Helms. O tema que permeia os filmes é o gênero road movie no âmbito familiar dos Griswold, tendo como protagonista o patriarca Clark Griswold (Chevy Chase). Ironicamente, em minha concepção, Férias Frustradas de Natal, que foge à regra temática dos outros filmes, dispondo de uma trama contida em grande parte do longa na casa da família, é a melhor obra da franquia tão fortemente lembrada por viagens malucas.

Com exceção de Férias Frustradas em Las Vegas, que ainda não assisti – e também ouvi coisas péssimas sobre –, a montagem dos filmes, compreensivelmente, por se tratar de road movies, tem uma estrutura episódica, com eventos das viagens servindo como esquetes cômicas dentro do esquema geral do enredo, que é a obsessão de Clark Griswold em construir feriados mirabolantes e inesquecíveis para sua esposa, Ellen (Beverly D’Angelo), e seus dois filhos, que não parecem dar a mesma bola para as férias familiares que o pai. O filme natalino manuseia de forma belíssima essas convenções da franquia, incorporando a ótima decupagem episódica na divergente ambientação abarcada da residência dos Griswold, trazendo o estilo de comédia que fez sucesso anteriormente, mas inovando sua utilização num espaço único.

E a brincadeira com a narrativa tradicional dos primeiros filmes continua no objetivo do Clark, que agora não quer um feriado espalhafatoso, mas um Natal clássico e antiquado, ainda que suas escolhas de decoração sejam completamente insanas. A abertura do filme até faz piada com isso, iniciando-se com uma viagem familiar, remetendo-se às fitas anteriores, mas após uma divertidíssima sequência de “perseguição” que dá errado, retornamos à casa que será o local das loucuras do Clark. Desde o início do filme, o roteiro de John Hughes é incrivelmente afiado, misturando uma comédia abobalhada com uma comicidade embaraçosamente sentimental; mistura essa que é canalizada por Chevy Chase, em sua melhor interpretação do personagem – quiçá da sua carreira –, mesclando um tom humorístico ora arrogante, ora afável, criando uma atmosfera bem divertida de ódio cômico das suas decisões ridículas com empatia por seu objetivo final. É como se torcêssemos por seu entusiasmo natalino, colocando a mão no rosto por indignação e para segurar as risadas das situações irresponsáveis que são apresentadas à ele.

O filme só não atinge nota de obra-prima do gênero pela pobre utilização dos personagens secundários, resignados a observadores e raras ferramentas no arco do Clark. E não me entendam mal, o protagonista merece toda a atenção da história, mas sua inserção caricata incessante quebra um ritmo gostoso de humor, que por ser preenchido de esquetes, merecia aproveitar melhor o resto da família. A exclusão a esse argumento é o personagem do Randy Quaid, o primo Eddie, que dá um ar de refresco à obra sempre que aparece em tela, agregando uma divertida relação com Chevy Chase, e exatamente por isso que fico triste pelo roteiro da película renunciar grande parte do elenco.

Ainda assim, Férias Frustradas de Natal é um marco cinemático natalino, atingindo todas as notas nostálgicas e sentimentais que temos com o feriado, utilizando o humor absurdo da franquia num clima sublime, proporcionando uma emocionante e divertida experiência sobre um indivíduo estoicamente ridículo e otimista que cumpre seu papel patriarcal de entregar um Natal clássico. Mas, principalmente, de entregar uma obra de Natal clássica da Sétima Arte.

Férias Frustradas de Natal (National Lampoon’s Christmas Vacation) — EUA, 1989
Direção: Jeremiah S. Chechik
Roteiro: John Hughes
Elenco: Chevy Chase, Beverly D’Angelo, Juliette Lewis, Johnny Galecki, John Randolph, Diane Ladd, E.G. Marshall, Doris Roberts, Randy Quaid, Miriam Flynn, Cody Burger, Ellen Latzen, William Hickey, Mae Questel, Sam McMurray, Nicholas Guest, Julia Louis-Dreyfus, Brian Doyle-Murray, Nicolette Scorsese, Natalija Nogulich
Duração: 97 min.

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