Home TVEpisódio Crítica | Fear the Walking Dead – 8X09: Sanctuary

Crítica | Fear the Walking Dead – 8X09: Sanctuary

A fornalha do amor.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas de todos os episódios da série e, aqui, de todo nosso material do universo The Walking Dead.

Eu só não revirei os olhos quando Dwight apareceu no começo de Sanctuary porque um leitor, nos comentários da crítica passada, alertou-me de que o episódio seria focado nele e em Sherry. Como eu não vejo “cenas dos próximos capítulos” e não fuço nada dos filmes e séries que vejo ou quero ver na internet para não ficar criando expectativas ou ser crivado de spoilers, mas também não tinha razão para duvidar do leitor, estava preparado para mais um episódio da velha e insuportável lenga lenga do casal do junta e separa. E é exatamente isso que recebi, para minha imensa e intensa frustração.

Iron Tiger foi uma surpresa tão grande que eu inocentemente cheguei a achar que Sanctuary seguiria a mesma linha, levando a temporada para um encerramento minimamente digno. Infelizmente, porém, tudo aquilo que o capítulo anterior teve de bom, movimento circular, fechamento de arco de personagens, sensação de perigo e catarse, esse daqui teve de ruim, pois tentou, mas falhou fragorosamente em levar Dwight e Sherry para caminho semelhante. E a falha se deu primeiro porque os showrunners aparentemente acharam uma ótima ideia criar toda uma situação absolutamente ridícula para repetir o começo da tragédia de Dwight ao tornar-se capacho de Negan no Santurário depois que foi para lá para procurar insulina para a irmã de Sherry. Depois, o casal não chegou a lugar algum em mais essa aventura com vilões genéricos e descartáveis e zumbis mal utilizados que não seja aquela coisa patética do tipo kumbaya de unidade e harmonia dentro de uma fornalha.

Faltou coragem em dar um fim efetivo à história no espírito – mas não da mesma forma – do que ocorreu com Charlie. Faltou coragem em trabalhar o desespero da perda de um filho, a falta de rumo e o sentimento de culpa por tudo de ruim que aconteceu ao redor de Dwight e companhia. Faltou um mínimo de criatividade narrativa para não repetir a interminável palhaçada que é o relacionamento de Dwight e Sherry. E, finalmente, faltou capacidade de criar um episódio para tratar da dupla – que eu mesmo admito que não poderia ficar esquecida no final da série – dentro do contexto do restante da história e não fazendo algo completamente separado na base do “olha lá, Dwight andou até sua casa na Virginia e chegou ao Santuário novamente!”.

E trazer June à tiracolo não ajudou muito, pois o drama dela é, em linhas gerais, igualzinho ao do casal, ou seja, ela se acha uma inútil, alguém que atrai desgraça para si. Ainda que isso seja verdade, ficou parecendo aquelas promoções de supermercado do tipo “compre dois rolos de papel higiênico e leve três”, com o roteiro querendo juntar todo mundo com problemas parecidos em um mesmo saco (ou fornalha) para fazer terapia de grupo. Foi hilário. Mas foi mais irritante do que hilário. MUITO mais irritante do que hilário se eu quiser ser honesto. No final das contas, o que Sanctuary faz está longe de ser algo que se assemelhe ao que vimos em Iron Tiger, sendo mais franco afirmar que Sanctuary é o anti-Iron Tiger em tom, desenvolvimento narrativo e de personagens e até em atuações, pois tudo o que vemos da trinca mais veterana são caras e bocas chorosas que não evocam drama, mas sim sono ou vontade de quebrar a televisão, dependendo do quanto de café foi consumido anteriormente.

No entanto, a luz no fim do túnel foi a presença de Odessa nessa história toda e não porque a personagem seja ótima, mas sim porque o roteiro lhe dá um momento quase metalinguístico em que ela desanca June, dizendo que ela e seus amigos são um bando de borra botas traumatizados que choram por qualquer coisa e que ou ficam paralisados ou não param de lavar roupa suja diante do perigo (não tem cena mais ridícula do que Dwight e Sherry discutindo enquanto estão cercados de zumbis, não é mesmo?). Nesse momento, eu cheguei a achar que a dupla de roteiristas estava querendo dizer algo para a dupla de showrunners que deixou passar essa ensaboada neles próprios achando que era alguma outra coisa diferente. E eu vou me agarrar à essa minha conclusão para eu poder me iludir e achar que teve alguma coisa boa no episódio afinal de contas.

Temos três episódios pela frente em que, ao que tudo indica, Strand sendo Strand usará uma criança sequestrada e trancafiada na prisão de Madison como moeda de troca para levar Troy a aceitar algum acordo de paz, o que provavelmente levará Madison, depois de achar Alicia viva, a retornar no último segundo para evitar uma desgraceira total, levando os personagens sobreviventes a encerrar a temporada cantando Hakuna Matata ao redor de uma fogueira em PADRE com os fantasmas da Força de Travis, Nick, Ofelia, John Pai, John Filho e Grace ao fundo. Ah, claro, e com Morgan chegando de helicóptero com a cura zumbi e, não podemos esquecer, os fantasmas de sua esposa e filho. Qualquer coisa menos do que isso, não será aceitável!

P.s.: Foi o fim da picada do ridículo brega e sem imaginação um tentilhão (“finch“) aparecer em cima da fornalha, não?

Fear the Walking Dead – 8X09: Sanctuary (EUA, 05 de novembro de 2023)
Showrunner: Andrew Chambliss, Ian Goldberg
Direção: Phil McLaughlin
Roteiro: Justin Boyd, David Johnson
Elenco: Austin Amelio, Christine Evangelista, Jenna Elfman, Jayla Walton, Colman Domingo
Duração: 47 min.

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