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Crítica | Fear the Walking Dead – 7X16: Gone

Este não é um episódio da 7ª temporada...

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leia, aqui, as críticas de todos os episódios da série e, aqui, de todo nosso material do universo The Walking Dead.

O que era então preciso para que Andrew Chambliss e Ian Goldberg nos agraciassem com um raro episódio bom na sétima temporada de Fear the Walking Dead? Simples. Que esse episódio basicamente não fosse da sétima temporada e que não tivesse uma penca de figurantes inúteis, personagens introduzidos para serem mortos logo em seguida, uma protagonista moribunda de olheiras se lamuriando, um suposto vilão que só sabe falar e fazer drama, radiação de conveniência, ambientação de filme de terror B mal aproveitada e que, ao revés, reapresentasse uma protagonista há muito dada com morta e que, mesmo contracenando apenas com o insuportável do Morgan, chamasse para si os holofotes de uma trama praticamente zero quilômetro que só usa o nome PADRE para fingir que isso foi pensado há muito tempo.

Ou seja, para entregar uma casa estalando de nova, bastava demolir a anterior e construir outra a partir de suas fundações, mesmo tendo que usar uma viga podre ali (sim, trata-se de uma alusão ao Morgan só para ninguém ficar com alguma dúvida). Claro que ficaria potencialmente melhor se os showrunners não fossem esses showrunners aí e se Gone fosse o começo de uma nova temporada e não o fim de uma, pois o que fica, no final das contas, é que muito obviamente a temporada foi enrolada de maneira a criar esse episódio de recomeço ainda nela, de forma a servir de armadilha aos espectadores que estavam prontos para largar essa porcaria de série depois dessa temporada insuportável. Porque não, Gone não salva a temporada. Se alguma coisa, ele deixa ainda mais evidente o quanto ela foi ruim, o quanto Goldberg e Chambliss fizeram a trama caminhar à deriva, completamente sem propósito, transformando o conceito de protagonista e antagonista em algo mais… hummm… socialista, em que todo mundo tem um pedaço de tudo, mas sem ter nada de verdade.

Portanto, para todos os efeitos práticos, Anima foi o episódio final da sétima temporada. Gone ou é o começo da oitava ou, talvez, na pior das hipóteses, uma cena pós-créditos de 47 minutos para reintroduzir Madison e criar toda a tal trama de sequestro de bebês e crianças para o misterioso complexo conhecido como PADRE, que mais parece um culto demoníaco que joga todas as criancinhas na fogueira em sacrifícios semanais para evocar alguma criatura indizível do quinto dos infernos. E, muito provavelmente porque o resto da temporada foi tão ruim é que o episódio, mesmo com todos os seus mistérios, mesmo não falando nada da sobrevivência milagrosa de Madison (eu até prefiro que isso não seja explicado, confesso), mesmo com ela emulando o Darth Vader e mesmo transformando-a temporariamente em uma vilã (queria muito que ela fosse uma mega-vilã logo de vez para sair chutando as bundas de Morgan e seus amiguinhos), consegue surpreender e cativar o suficiente para gerar justamente o efeito originalmente pretendido: fazer o espectador esquecer o que passou e deixá-lo curioso pelo que está por vir. Falando por mim, posso garantir, mesmo que minha memória seja mais furada que queijo suíço, que não tem como esquecer o suplício que foi o sétimo ano de uma série que, tenho que relembrar, jamais foi sequer fora do comum para começo de conversa.

Sei que mais reclamei do que falei do episódio, mas o que vocês estavam esperando, não é mesmo? Ver Kim Dickens novamente foi sem dúvida bacana e toda a introdução dessa nova linha narrativa de sequestro de bebês foi bem estruturada pelo roteiro dos showrunners e, mais ainda, pela direção de Sharat Raju que fez exatamente o que precisava fazer, ou seja, destacar Madison, criar todo o mistério, fazê-la perceber o quanto estava errada e preparar o caminho para que PADRE acabe sendo mais outra comunidade/base/culto que acabará dizimada por zumbis ou por chamas ou qualquer outra coisa parecida. Talvez o ponto mais positivo do episódio, também um feito do diretor, é que ele funcionou apesar de contar com Morgan o tempo todo, algo que só acontece porque o que vemos é, na verdade, um Morgan modificado pela perda de Mo e capaz de entregar uma mulher grávida a uma organização que ele nunca tinha ouvido falar antes para tê-la de volta. Mas que fique claro: a mudança dele não convence, mas, como ele ter um aneurisma e morrer de repente como o Renato Villar (sim, fiz uma referência à uma novela, algum problema?) é algo aparentemente fora do cardápio, eu despudoradamente fecho os olhos para essa mudança mágica de personalidade.

Se eu tenho esperança de que Gone seja o molde que dará o tom da vindoura oitava temporada? Não, nenhuma. Os showrunners já mostraram que gostam de modificar radicalmente o status quo apenas para estragar tudo o que ainda havia de bom na série. Aqui, a única real vantagem é que, diferente da transição da terceira para a quarta temporada, em que eles pegaram a série em seu ponto mais alto somente para sistematicamente destrui-la, eles, agora, estão impondo mudanças quando, por culpa exclusiva deles, FTWD está em seu ponto mais baixo. Mas isso não quer dizer que um alçapão no fundo do poço não possa ser encontrado, pois Titãs já provou que isso é perfeitamente possível. No final das contas, apesar de tudo acabar em uma nota em tese positiva, o que realmente importa é que, agora, tenho alguns meses de férias dessa série para espairecer, porque sim, como Madison, eu voltarei!

Fear the Walking Dead – 7X16: Gone (EUA, 05 de junho de 2022)
Showrunner: Andrew Chambliss, Ian Goldberg
Direção: Sharat Raju
Roteiro: Ian Goldberg, Andrew Chambliss
Elenco: Lennie James, Alycia Debnam-Carey, Maggie Grace, Colman Domingo, Danay García, Austin Amelio, Mo Collins, Alexa Nisenson, Karen David, Christine Evangelista, Colby Hollman, Jenna Elfman, Rubén Blades, Demetrius Grosse, Aisha Tyler, Sydney Lemmon, Gus Halper, Kim Dickens
Duração: 47 min.

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