Home TVEpisódio Crítica | Falcão e o Soldado Invernal – 1X01: New World Order

Crítica | Falcão e o Soldado Invernal – 1X01: New World Order

por Ritter Fan
4,5K views

Não sei se é a proximidade a WandaVision, indubitavelmente um projeto bem diferente da Marvel Studios que acaba atraindo comparações, ou se é a proposta aparentemente batida de buddy cop, no caso buddy hero, de Falcão e o Soldado Invernal, mas não consegui deixar de sentir uma certa decepção ao final de New World Order. Não que o episódio inaugural da segunda série da Fase 4 do Universo Cinematográfico Marvel seja ruim ou algo assim, pois ele está longe disso, mas faltou aquele difuso “algo mais” capaz de capturar a imaginação ou criar expectativas.

Mas vamos começar pelo que o episódio tem de bom, a começar da lógica reunião dos dois sidekicks do Capitão América em uma série só, algo que funciona bem para manter aceso o legado do clássico personagem. Da mesma forma, é sem dúvida alguma um ótimo conceito o de ancorar a narrativa em uma pegada substancialmente realista que não só lida com as consequências práticas do “blip”, como aborda as dificuldades financeiras de Sarah Wilson (Adepero Oduye), a irmã de Sam Wilson (Anthony Mackie), assim como a constante luta de Bucky (Sebastian Stan) para vencer seus traumas psicológicos causados por décadas de manipulação pela Hydra e expiar a culpa que sente por seu passado violento. Além disso, centralizar a história na relutância de Sam em assumir o escudo e o nome do Capitão América para garantir a continuidade do símbolo sem dúvida traz um sabor especial à série que foge do caminho mais óbvio, que seria simplesmente fazer do Falcão imediatamente o novo Capitão.

Além disso, a sequência inicial de ação aérea capitaneada por Wilson poderia muito bem constar de um longa cinematográfico de tão bem feita que é, com direito a Batroc (Georges St-Pierre) de volta e o estabelecimento da parceria de Sam com Joaquin Torres (Danny Ramirez) que, nos quadrinhos, acaba se tornando o novo Falcão. No entanto, esse frenético início, por mais cuidadoso e bem acabado que seja, não é algo fora do comum. Muito ao contrário, é uma cena de ação que, apesar de funcionar bem para relembrar as habilidades do Falcão e para marcar o início do episódio, é do tipo “já vi variações disso antes algumas dezenas de vezes”.

Do lado vilanesco da história, apesar de Falcão e o Soldado Invernal ter apenas seis episódios, aprendemos muito pouco sobre ele. Há o estabelecimento da existência de um grupo chamado de Apátridas (Flag-Smasher no original) que deseja unir o mundo como uma só nação por meio do terrorismo – uma incongruência em termos – e de seu líder que parece ter super-poderes que eu arriscaria dizer são conectados de alguma forma com o soro do super-soldado. Além disso, há o próprio governo dos EUA que vê na doação do escudo do Capitão América para o Smithsonian por Sam, sob protesto de Rhodey (Don Cheadle), uma chance de criar um novo símbolo para a nação. Em outras palavras, pelo menos aqui nesse começo, são ameaças ainda literalmente “sem rosto” e, portanto, sem personalidade, que, com exceção das referências aos quadrinhos – que, porém, não são importantes que sejam conhecidas -, não oferece uma história particularmente excitante.

Ainda que em momento algum a dupla titular seja reunida, Mackie e Stan estão bem em seus respectivos papeis, com especial destaque para o segundo que tem a vantagem de aparecer – em pesadelo – como o Soldado Invernal do passado e, claro, como o dolorido e solitário Bucky do presente com seu caderninho com nomes que precisa riscar de sua “lista de reparação”. Esses momentos mais mundanos é que conseguem tirar o episódio do chão, mostrando que o showrunner Malcolm Spellman até pode estar interessado em pancadaria, mas ele claramente sinaliza um enfoque mais pé no chão para potencialmente desenvolver os personagens como seres humanos e não super-heróis somente.

Mas esse é apenas o primeiro episódio que, claro, é normalmente usado para estabelecer as premissas e, por isso, carrega o ônus de ser abrangente e um pouco mais desfocado. Sem dúvida alguma, faz parte do jogo, mas a série inegavelmente passa a impressão de algo mais convencional, mais padrão, mais esperado vindo da Marvel Studios. Não é um problema, pois a produtora já mostrou repetidas vezes que é capaz de fazer muita coisa com sua fórmula mágica, pelo que é só esperar para a história dos sidekicks do Capitão América engrenar de verdade.

Falcão e o Soldado Invernal – 1X01: New World Order (The Falcon and the Winter Soldier – EUA, 19 de março de 2021)
Criação e showrunner: Malcolm Spellman
Direção: Kari Skogland
Roteiro: Malcolm Spellman
Elenco: Sebastian Stan, Anthony Mackie, Wyatt Russell, Danny Ramirez, Georges St-Pierre, Adepero Oduye, Don Cheadle
Duração: 49 min.

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais