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Crítica | Exterminador: Cavaleiros e Dragões

por Ritter Fan
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Originalmente lançado em capítulos via CW Seed no começo de 2020, Exterminador: Cavaleiros e Dragões, que tem o duvidoso “selo Berlanti de produção”, ganhou tratamento vip e foi editado na forma de longa-metragem animado para lançamento em VOD e vídeo doméstico com toda a fanfarra de grandes títulos animados da DC Entertainment. Afinal, convenhamos que um personagem milimetricamente pensado para ser cool como o Exterminador (ou Deathstroke, no original) – cavanhaque, caolho, fator de cura, armadura, espadas, mercenário – simplesmente merecia uma animação solo e, mesmo que esta não seja tudo isso, pelo menos é um começo que pode gerar frutos.

Afinal, se o objetivo do espectador é simplesmente ver o personagem falar palavrões, decepar cabeças e membros e fazer o sangue de seus inimigos jorrar aos borbotões, então a série convertida em filme será potencialmente apetitosa. Há até o luxo de um pouquinho de história como acompanhamento para tornar a pancadaria incessante algo que faça um mínimo de sentido e tenha algum tipo de drama que torne Slade Wilson um personagem razoavelmente relacionável para além de suas características físicas inegavelmente bacanas.

Agora, se alguém quiser mais do que apenas isso, o longa poderá desapontar, pois o roteiro de J.M. De Matteis, mesmo inteligentemente usando um artifício de enquadramento com base no livro infantil que Slade lê para seu filho e que justifica o subtítulo, sofre primeiro pela natureza originalmente episódica da proposta, repetindo-se com constância e trabalhando o drama com a mesma profundidade das poças de sangue que o vilão convertido em anti-herói deixa em seu rastro e, segundo, pela quebra da narrativa em dois momentos na vida do protagonista, com espaço de 10 anos entre cada um, o que torna a animação muito pouco fluida, retroalimentado reapresentações, novas explicações expositivas e, claro, uma sucessão interminável de “reviravoltas” e “surpresas” que acaba cansando.

Tenho para mim que um meio-termo poderia ter sido facilmente alcançado, com uma história sobre família que coloca o Exterminador correndo para salvar seu filho Joseph das garras do misterioso Chacal, líder da C.O.L.M.É.I.A., que tenta usar o garoto para arregimentar os serviços do pai. Claro que há muito mais nessa história, mas esse muito mais é que cria um vai-e-vem incessante de situações de quase-morte, de revelações sobre o passado e de uma tentativa de se falar sobre a importância da família, mas que fica só mesmo na tentativa. Talvez um pouco menos de tempo usado para alguns combates expletivos, com o tempo restante sendo investido em algo mais do que Adeline, esposa de Wade, reclamando da vida em um primeiro momento e, em outro, bem… reclamando da vida novamente.

Os trabalhos de voz têm resultados mistos. Michael Chiklis desponta como o protagonista e carrega o peso de sua culpa e responsabilidade no timbre de voz, mas sem perder o tão importante fator cool e Chris Jai Alex segura as pontas como o ameaçador Chacal. Por outro lado, Sasha Alexander como Adeline, Delbert Hunt como o Tigre de Bronze e Faye Mata como a Abelha Rainha soam genéricos e cansados e isso é particularmente problemático no caso de Adeline dada sua importância no longa. Pelo menos os efeitos sonoros são variados e dinâmicos, especialmente no que se refere a instrumentos cortantes e ao estrago que eles causam quando encontram carne humana.

Muito provavelmente por ter sido originalmente feita para uma web-série da CW Seed como Vixen, a animação camba muito para a simplicidade, sem conseguir extrair todo o potencial da mortandade feroz que o Exterminador é capaz de gerar. Com isso, os rostos são desanimados e quase não há detalhes de segundo e terceiro planos, ainda que os designs em si sejam caprichados, começando pelas armaduras do Exterminador e do Chacal, passando pela mudança visual de Adeline no pulo temporal, além das variadas armas e veículos utilizados. Não é, de maneira alguma, um trabalho descartável, mas o Exterminador merecia mais, talvez algo com o nível de detalhe que o cartaz e a capa do Blu-Ray do longa enganosamente dão a entender que ele é.

Já havia passado da hora de o Exterminador ganhar atenção exclusiva da DC de alguma maneira. Sua participação esporádica em outras animações, na série Arrow e na cena pós-créditos de Liga da Justiça sempre trouxeram sorrisos nos rostos dos fãs e chega a ser estranho ele ter levado esse tempo todo para ganhar seu filme solo. Exterminador: Cavaleiros e Dragões vem para ajudar a corrigir essa falha, mas certamente não é o suficiente. No entanto, agora que a porteira foi aberta, seria sensacional se Slade Wilson ganhasse uma versão pensada de verdade para ser um longa solo animado.

Exterminador: Cavaleiros e Dragões (Deathstroke: Knights & Dragons – The Movie, EUA – 04 de agosto de 2020)
Direção: Sung Jin Ahn
Roteiro: J.M. DeMatteis
Elenco: Michael Chiklis, Sasha Alexander, Asher Bishop, Castulo Guerra, Delbert Hunt, Chris Jai Alex, Faye Mata, Panta Mosleh, Colin Salmon, Griffin Puatu, Minae Noji
Duração: 87 min.

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