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Crítica | Expresso do Amanhã – 3X09: A Beacon for Us All

Será que o sonho acabou?

por Ritter Fan
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Não tenho ideia firme do que acontecerá no último episódio da terceira temporada de Expresso do Amanhã, mas, por diversas vezes ao longo de A Beacon for Us All, fiquei com a impressão de que a história que vemos desenrolar aqui teria se beneficiado de mais tempo, do tratamento de episódio duplo. Outras vezes, porém, achei que, apesar da correria, o ritmo frenético foi muito bem conduzido pela direção de Christoph Schrewe, pelo que estou até agora decidindo se talvez o episódio não merecia meio HAL a mais por conseguir lidar com tanta coisa ao mesmo tempo e, ainda por cima, deixar-nos com um baita cliffhanger não para um a próxima temporada, mas sim para seu episódio de encerramento e de conexão com o já aprovado próximo ano. Seja como for, vamos ao episódio.

Sem perder tempo algum, os minutos iniciais de A Beacon for Us All são dedicados a revelar de vez que Melanie está viva (o que já era óbvio desde que ela “morreu” sem vermos seu corpo) e, de quebra, como ela sobreviveu esse tempo todo por meio do uso de espertos flashbacks que voltam três meses no tempo e revelam que ela fez como fizeram com o Soldado Invernal, ou seja, revezou hibernação com dias acordados na proporção, pelo que entendi, de oito para um, de forma a economizar alimento e água. Só mesmo a Melanie para retrofitar um mini-trem de serviço para esse fim e só mesmo ela para aguentar tamanha tortura por tanto tempo. Esse começo todo, incluindo o resgate, foi o primeiro momento em que senti que eu queria ver mais disso, tanto do passado próximo dela quanto do resgate em si, mas, ao mesmo tempo, percebi o quanto a direção de Schrewe foi eficiente em usar eminentemente o visual para passar toda a urgência e desespero da situação, ainda que seja um pouquinho decepcionante que a volta de Melanie seja apenas a volta de Melanie, sem que ela, aparentemente, tenha encontrado mais nada e mais ninguém em suas andanças.

Com Melanie de volta, em uma recuperação talvez rápida demais, mas que faz parte, eis que os momentos de reunião e e celebração acontecem, inclusive e especialmente dela com Wilford, de forma a entender exatamente a razão pela qual o bom velhaco apontou na direção de seu salvamento. Mas a conversa não é necessária. Wilford sabe disso. Melanie sabe disso. A análise dos dados que levam à Nova Éden basta e a terra prometida de Layton é, no mínimo dos mínimos, um risco grande demais que não justifica sequer a tentativa de se chegar lá, se é que o “lá” oferecerá alguma coisa para os últimos sobreviventes da raça humana. O que Melanie quer é a sobrevivência de todos. O que Wilford quer até passa por isso também como ele mesmo diz com todo o cinismo do mundo, mas o que ele quer mesmo, de verdade, é tomar o controle da situação e Melanie é seu instrumento para isso.

Esse processo decisório de Melanie é outro que talvez tivesse se beneficiado de mais tempo. Teria sido potencialmente mais interessante se o episódio tivesse dedicado mais tempo à pesquisa dela e à discussões com a elite do trem, ou seja, aquele grupinho que sabe que Layton inventou Nova Éden. Isso teria dado mais força ao momento em que ela se afasta da festa organizada por Ruth – sério que ela serviu todas as últimas garrafas de Champagne do mundo??? – para comemorar a última vez que o trem passaria pelo platô de Giza e retorna ao seu papel de líder do bólido para revelar que a matemática não fecha e que Layton é um mentiroso, mesmo que de bom coração. O que me deixou feliz nisso, mesmo que Nova Éden eventualmente exista ali ou em outro lugar, é que a ordem científica retornou ao trem. Nada de conclusões apressadas, nada de delírios de um sujeito que viu um cartão postal em um reator na Coréia, nada de mentiras fabricadas na cara dura e encampadas por toda a tal elite, inclusive Alex. Claro que isso significa o potencial retorno do Perfuraneve à algum tipo de divisão interna, mas, como fica claro ao final com a fuga de Wilford de seu cativeiro de luxo, essa divisão nunca deixou de existir.

Aliás, a orquestração da fuga de Wilford que tem LJ, mais conhecida como a melhor personagem da série, como peça fundamental, é o terceiro – e, prometo, último – momento em que achei que teria merecido mais tempo para se trabalhada. Tudo aconteceu como um furacão e talvez muito facilmente demais e alguns minutos a mais, talvez até começando um pouco antes, mostrando exatamente o momento em que o plano começou a ser colocado em movimento, talvez tivessem beneficiado a narrativa. Por outro lado, como já afirmei, a condução de tudo por Schrewe foi absolutamente exemplar, pelo que, por outro lado, mais minutos tivessem dado a impressão de enrolação.

No final das contas e independente de qualquer coisa, especialmente minha indecisão, A Beacon for Us All foi outro baita episódio da temporada, quiçá o melhor que não só traz Melanie de volta, como solta Wilford pelo trem para arregimentar sua tropa de “wilforditas” que, como sabemos, inclui três dos mais perigosos personagens da série, LJ, a serial killer sadomasô chupadora de globo ocular de vidro do pai, a Dra. Frankenstein e seu monstro misterioso e, claro, a assustadora – e aleatória – garçonete que faz o meio de campo com o veneno. Dependendo de como for o 3X10, talvez tenhamos mais clareza se o ritmo acelerado e compacto do episódio era mesmo necessário ou se foi só uma escolha injustificada, mas muito bem executada.

Expresso do Amanhã – 3X09: Um Sinal para Todos (Snowpiercer – 3X09: A Beacon for Us All – EUA, 21 de março de 2022)
Showrunner: Graeme Manson (baseado no filme homônimo de Bong Joon-Ho e na graphic novel O Perfuraneve de  Jacques Lob, Benjamin Legrand e Jean-Marc Rochette)
Direção: Christoph Schrewe
Roteiro: Aubrey Nealon, Michael Kraus
Elenco: Daveed Diggs, Jennifer Connelly, Mickey Sumner, Alison Wright, Lena Hall, Iddo Goldberg, Sean Bean, Katie McGuinness, Sam Otto, Sheila Vand, Roberto Urbina, Annalise Basso, Steven Ogg, Rowan Blanchard, Tom Lipinski, Archie Panjabi, Mike O’Malley
Duração: 47 min.

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