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Crítica | Esquema de Risco: Operação Fortune

Guy Ritchie e os gângters contra os nerd mercenários.

por Davi Lima
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Operação Fortune

Alguns dizem que o Guy Ritchie está melhorando nesse seu novo tempo prolífico, mas é só um diretor mostrando quais são seus reais vícios enquanto se atualiza como real comandante de um filme endinheirado em época de streaming e capitalismo nanotech, super impessoal. Em geral, Esquema de Risco: Operação Fortune é como um episódio de série de TV com Jason Statham interpretando o personagem que dá nome à série — semelhante à adaptação de O Agente da U.N.C.L.E. Fortune, o protagonista, assim como os agentes da U.N.C.L.E, tem pressa de tirar férias dessa nova era de gângster sem ânimo para a ação. Da mesma maneira, o filme parece feito no automático, da forma mais lenta dentro do cinema do diretor, para se fazer de desinteressado por esse novo mundo moderno de nerds traficantes.

Toda a comédia costumeira do cineasta, sempre em busca do anticlimático na ação e na pose insensível ao ambiente, está em posta aqui. Isso acontece porque é a maneira mais criativa que Guy Ritchie entende que pode avisar ao espectador que ele está se divertindo com seu próprio filme, quando, seriamente, ele está bem mais interessado nas cidades e cenários ricos para onde pode viajar para gravar. A todo momento, Fortune parece pronto para uma reviravolta, e o clímax é efetivamente previsível da maneira mais antiquada possível (e de propósito). Há todo um cálculo de piadas da atriz Aubrey Plaza, um humor racial com o guarda-costas negro do Bugzy Malone (cota famosa dos filmes do diretor) que aprende a tomar vinho, sempre numa constante muito implícita na base de um cinema de “ação a todo momento“.

Como desculpa para a fuga da ação, que acaba acontecendo, os personagens ganham fácil algum tiroteio, ou aplicam a piada de que “eles estão por cima” para não insistir numa sequência mais ágil. Porque o filme, na verdade, quer enfatizar como a tecnologia resolve tudo de alguma maneira. São engasgos acumulados na narrativa para surgir um clímax “analógico”, anti-tecnológico, como um simples papel ameaçando os grandes nerds vilões da parada toda. O diretor parece trazer a sua chamada “complexidade” na montagem e o humor britânico para o nível mais pretensioso possível: o comentário social. Desde Infiltrado, tentando decupar e organizar suas cenas sem o ritmo frenético de sempre, não há mais a busca pelo drama ou tentativa de reinvenção. É só uma transição pouco divertida da forma para o conteúdo/tema do filme. Nisso tudo, o que mais pode chamar atenção seria a volta do ator Josh Hartnett se encaixando até demais no esquema Guy Ritchie, especialmente nessa Operação Fortune.

Para os críticos que não se divertiam com o cinema do ex da Madonna, agora podem usufruir da amostragem padrão do diretor em saber montar um filme sem artifícios e estímulos alvoroçados, e um roteiro rodeado de personagens. Agora, se a crítica era só ao superficial que era apresentado pelo diretor, nada mais real que vê-lo, agora, mais do que nunca, tentando ser um criador “divertido” com seus comentários; buscando o tempo todo fazer uma piada interna e explícita sobre esse tal ator Francesco imitando Hugh Grant. Não há mais nada a ser dito. Simplesmente espere pelas cenas durante os créditos.

Esquema de Risco: Operação Fortune (Operation Fortune: Ruse de Guerre) – EUA, Reino Unido, China, Indonésia, Turquia | 2023
Direção: Guy Ritchie
Roteiro: Guy Ritchie, Ivan Atkinson, Marn Davies
Elenco: Jason Statham, Aubrey Plaza, Cary Elwes, Hugh Grant, Josh Hartnett, Bugzy Malone, Eddie Marsan, Peter Ferdinando
Duração: 114 min.

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