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Crítica | Esqueceram de Mim no Lar Doce Lar

Esqueceram de escrever o roteiro.

por Ritter Fan
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Esqueceram de Mim é, incontestavelmente, um clássico. Sua continuação de dois anos depois é uma mera repetição que só se salva por trazer Macaulay Culkin de volta. Os três filmes seguintes, com outros elencos e que foram ganhando lançamentos cada vez menos prestigiosos – cinema, direto em vídeo e TV – precisam de muito esforço eufemístico para serem classificados meramente como ruins. Mas é claro que isso nunca impediu Hollywood de continuar tirando o leite da proverbial vaca, algo amplificado pela constante e cada vez mais acirrada Guerra do Streaming, capaz de reciclar absolutamente qualquer coisa. Com isso, o Disney+ soltou o sexto exemplar da franquia, agora intitulado Esqueceram de Mim no Lar Doce Lar ou, no original, Home Sweet Home Alone.

A criança esquecida da vez é Max Mercer, vivido por Archie Yates, um menino simpático, mas que, apesar de ser o protagonista, simplesmente não tem espaço para revelar-se como mais do que apenas isso. A premissa básica é a mesma, com seus pais e demais parentes próximos fazendo uma caótica viagem – desta vez para Tóquio – e esquecendo o jovem em casa. O que muda é a invasão da casa. Saem os ladrões, entra um casal “normal” – Jeff e Pam McKenzie, vividos por Rob Delaney e Ellie Kemper – que acha que Max, de molecagem, furtara um boneco horroroso que vale uma grana e que pode evitar que eles tenham que vender a casa. Ou seja, tudo mudou para nada mudar, com o roteiro de Mikey Day e Streeter Seidell tentando dar aquela repaginada esperta que dá a entender que eles realmente pensaram com cuidado no texto, mas que, na verdade, e só a mesma coisa com outro verniz.

E esse verniz é vagabundo até não poder mais, daquele que desbota com o primeiro raio de sol. Pela janela vão as mensagens que esquentam o coração do filme original para entrar diálogos torturantemente expositivos que cansam nos primeiros 10 minutos. Da mesma maneira, o momento climático da fita (que chega atrasadíssimo, aliás), ou seja, as armadilhas do garoto esquecido para lidar com a invasão, é cansado e burocrático, novamente com o roteiro tentando dar roupagem nova ao que já foi feito antes à exaustão. Claro que, dependendo do grau de bobeira momentânea do espectador, algumas risadas acabarão saindo aqui e ali, com foi meu caso com a completamente imbecil (e daí eu ter rido) sequência em que Jeff, depois de levar uma pancada de Max, acorda com um óculos de realidade virtual, achando que está em um despenhadeiro. Outra surpresa foi uma sequência em que vemos Max recriando uma sequência de Scarface, em que a montanha de cocaína é substituída por M&Ms (ousadia máxima essa, não é não?).

Além da temperatura morna de tudo o que acontece no longa e que impede que sequer tenhamos simpatia para além do básico por Max ou pelo casal McKenzie, há as obrigatórias referências, com a maior delas sendo uma ponta de um dos atores dos dois primeiros longas que mais parece um curta-metragem em separado que foi colado junto do filme só para elevar o fator nostalgia. É tudo tão forçado e tão didático – com explicações detalhadas sobre as conexões com o clássico – que dá vontade de rir, mas nunca pelas razões certas. E olha que seria fácil criar algo orgânico e bem costurado à trama principal, mas, pelo visto, os roteiristas não estavam muito preocupados em escrever algo que agradasse mal e porcamente uma criança de não mais do que cinco anos em uma daquelas errôneas conclusões de que quanto mais idiota um filme, melhor para os pequeninos, enquanto que a verdade é diametralmente oposta a esta.

E, com isso, a franquia Esqueceram de Mim que, pelo visto, não será esquecida tão cedo por Hollywood, ganha mais um exemplar completamente descartável que não consegue nem mesmo fazer o básico, que é tornar o jovem Max um personagem encantador e entregar armadilhas que não recriem – com “pequenas diferenças” –  o que já foi feito antes. Ou seja, estamos diante de uma continuação padrão de sucessos do Cinema, em que tudo o que era originalmente mágico e inesquecível torna-se banal e emburrecedor.

Esqueceram de Mim no Lar Doce Lar (Home Sweet Home Alone – EUA, 12 de novembro de 2021)
Direção: Dan Mazer
Roteiro: Mikey Day, Streeter Seidell
Elenco: Archie Yates, Rob Delaney, Ellie Kemper, Aisling Bea, Kenan Thompson, Tim Simons, Ally Maki, Pete Holmes, Chris Parnell, Andy Daly, Devin Ratray, John Novak, Eddie G
Duração: 93 min.

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