Parte integrante da Safra 1981 do subgênero slasher, Escola Noturna é uma produção que fica no meio termo: não chega a ser uma das menos interessantes, pois concebe alguns momentos de intensidade e dinâmica para a sua estrutura narrativa, no entanto, se perde um pouco em sua proposta e aponta, ali e aqui, problemas de fluxo que impedem o desdobramento mais emocionante da saga de assassinatos de mulheres por uma misteriosa figura trajada de preto, com capacete acoplado que nos impede o seu reconhecimento, revelado, como de praxe, apenas em seu desfecho, relativamente anticlimático. Dirigido por Ken Hughes, cineasta guiado pelo roteiro de Ruth Avergon, o filme traz, ao longo de seus breves 88 minutos, a macabra incógnita acerca do responsável por crimes misóginos em Boston. Mulheres incautas de uma escola no turno noturno começaram a morrer violentamente, crimes que tem deixado a polícia local bastante perplexa, em especial, o investigador Judd Martin (Leonard Mann).
Erguido com bases em boas ideias, Escola Noturna falha em sua execução. A atmosfera sombria inicialmente envolvente e assustadora perde o fôlego antes da metade e transforma o que poderia ser um slasher memorável em apenas mais um dos tantos filmes do estilo lançados em 1981, era do ápice de exibições do tipo em diversas salas de cinema estadunidenses. Com as habituais cenas de nudez, sexo e violência, a narrativa traz uma figura implacável, montada em sua moto, munida de uma faca afiada que ceifa sem qualquer remorso os corpos destas jovens mulheres que sequer imaginam as motivações para a “punição” que será explicada, com mais detalhes, próximo ao painel de revelações do encerramento da trama.
Suas mortes, a maioria em off, expõem o modo de operação bastante peculiar da figura misteriosa mencionada anteriormente. Após decapitar as suas vítimas, o “monstro” mergulha o corpo (ou suas partes) na água, seja no vaso sanitário, um aquário público, dentre outros. As suspeitas vão todas para um professor da instituição, antropólogo que é a única presença masculina neste espaço de aprendizagem. Ele mantém uma relação com as suas alunas que é tão peculiar quanto os misteriosos assassinatos. Há também uma funcionária do local, mulher com predileções sexuais que nos deixa pender para o seu lado, não por seus desejos na seara da intimidade, mas pela forma como sua presença em cena é registrada em cena.
Com direção de fotografia tomada por diversos ângulos inusitados, bem como uso do ponto de vista que privilegia o olhar da figura assassina, Escola Noturna aposta num antagonista agitado, neurótico, apressado e tomado por uma fúria demasiada por sangue e morte. Repentino, surge do nada e chega até a nos surpreender com sua agenda inesperada de ataque, momentos adornados pela trilha sonora de Brad Fiedel, muito semelhante aos trabalhos realizados pelos compositores do giallo. Cuidadoso em sua cenografia, bem como na assertiva concepção dos espaços por onde circulam vítimas, assassinos e demais personagens, o filme flerta com uma atmosfera que nos remete bastante ao mencionado gênero italiano do terror, precursor do slasher. A sua perseguição final pelas ruas da cidade são intensas, mas como já dito, faltou só um pouco mais de empolgação nos ajustes ao longo do processo. Comparado aos demais da mesma época, a narrativa em questão consegue até algum destaque. Nada demais, mas consegue.
Escola Noturna (Night School/Estados Unidos– 1981)
Direção: Ken Hughes
Roteiro: Larry Cohen
Elenco: Leonard Mann, Bill McCann, Margo Skinner, Rachel Ward, Annette Miller, Nicholas Cairis, Karen MacDonald, Drew Snyder, Elizabeth Barnitz, Joseph R. Sicari
Duração: 102 min.