Home FilmesCríticasCatálogos Crítica | Escola de Rock

Crítica | Escola de Rock

Espírito de liberdade.

por Kevin Rick
2,3K views

This is my final exam
Now ya’ll know who I am
I might not be that perfect son
But ya’ll be rockin’when I’m done

É muito difícil não se apaixonar pela premissa e a execução de Escola de Rock. A obra escrita por Mike White e dirigida por Richard Linklater acompanha a história de Dewey Finn (Jack Black), um músico mal-sucedido que acaba de ser demitido da sua própria banda e está sendo expulso do seu apartamento por não pagar sua parte dos aluguéis. Seu colega de quarto, Ned Schneebly (White), um professor substituto, recebe uma proposta de última hora para dar aulas temporariamente em uma prestigiada escola de ensino fundamental, mas quem atende o telefonema da diretora é o próprio Dewey, que aceita a oferta e decide fingir ser seu amigo no trabalho. Na escola, o protagonista descobre uma classe de estudantes que contém bons músicos, decidindo formar uma banda de rock com as crianças para concorrer ao prêmio de uma competição local.

Um dos elementos mais bacanas do longa está na inversão de papéis entre crianças e adultos em filmes infantis dessa ordem. Normalmente temos uma história sobre crianças mal criadas que aprendem a serem educadas, mas aqui os pequeninos são todos certinhos e rígidos, enquanto Dewey é a antítese do que se espera de uma figura adulta que molda mentes, sendo irresponsável, imaturo e meio pateta. De certa forma, a obra é um arco de amadurecimento tanto para as crianças quanto para o protagonista, que aprende sobre si mesmo, sobre comprometimento e sobre suas limitações, enquanto no processo abre os olhos dos jovens para um estilo de vida menos severo e inflexível ao som de rock’n’roll.

É notável como o roteiro de White é inteligente nessa composição dramática. Todo o cenário da história tem níveis de rigidez, da escola e pais autoritários até a namorada chata de Schneebly ou a diretora estressada, enquanto o rock vem como a solução para os problemas de insegurança, timidez, cinismo e letargia dos personagens. Afinal, o gênero musical de acordes energéticos e gritos estridentes é, acima de tudo, sobre o espírito de liberdade, o sentimento puro de diversão e até o discurso de rebeldia mesmo. O roteiro encapsula muito bem essas sensações autênticas do rock sem perder a essência inocente e a carga infantilmente carismática da história. É um filme familiar e feel-good, mas que traz substância e maturidade o suficiente para arrancar sorrisos de todas as idades.

Jack Black não entende a proposta da obra. Ele a personifica. O ator anda, respira, se contorce e emana rock’n’roll. Se o longa gosta de pagar homenagem ao gênero, o intérprete é o coração dessa celebração, mostrando o rock como uma filosofia de vida a ser aprendida – White e Linklater são extremamente perspicazes nas inserções de referências visuais e faladas a partir desta ideia de aprendizado do rock. Black não apenas tem personalidade e timing cômico, como também traz suas habilidades como cantor e guitarrista do Tenacious D para brindar a experiência com mais genuinidade. E as crianças são maravilhosos suportes, trazendo diversas peculiaridades cômicas (com destaque para a irritante Miranda Cosgrove) e talentos musicais próprios, especialmente com a poderosa voz de Tomika.

Escola de Rock é uma experiência que exala carisma e cura o tédio. Toda vez que revejo, não consigo tirar o sorriso bobo do rosto durante todo o longa. A diversão da obra vem da sua carta de amor ao rock, contendo o espírito do gênero musical através de um olhar infantil de aprendizado e rebeldia, e também de uma trilha sonora cheia de homenagens clássicas (incluindo “Immigrant Song” do Led Zeppelin, uma banda que normalmente não gosta de permitir o uso de suas canções no Cinema). Mas a diversão também vem da conexão entre este professor substituto maluco e seus alunos, sobre os momentos de autenticidade singela que as lentes espontâneas de Linklater capturam, e sobre a progressão dramática a toque de acordes simples e familiares até notarmos que estávamos vendo a preparação para um show de rock infantil inesquecível.

Escola de Rock (School of Rock) – EUA, 2003
Direção:
 Richard Linklater
Roteiro: Mike White
Elenco: Jack Black, Joan Cusack, Mike White, Sarah Silverman, Miranda Cosgrove
Duração: 86 min.

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais