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Crítica | Emily em Paris – 3ª Temporada

Uma temporada menos empolgante, mas ainda assim, razoável.

por Leonardo Campos
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Um mundo de obstáculos, mas permeado por traços românticos substanciais. Assim é a jornada de Emily, interpretada por Lily Collins, na terceira temporada da série que carrega o seu nome no título, uma caminhada por Paris que parece não ter fim. Sendo um produto criado por Darren Star, o mesmo idealizador da versão televisiva do fenômeno cultural Sex and The City, não tinha como ser diferente: Emily em Paris aborda o protagonismo feminino, escapista, adornado por muito glamour e experiências amorosas dominadas por muitas emoções. Se fosse uma aula comparativa de história da literatura, provavelmente deixaria a produção como discípula do período romântico, ou então, uma daquelas obras de transição entre estilos, com nuances realistas no que concerne o cinismo dos relacionamentos humanos, mas escolhas narrativas voltadas ao pulsante Romantismo, conhecido por suas guinadas vertiginosas de situações e obstáculos clichês para impedir que almas apaixonadas se encontrem.

Sem explicitar o desenvolvimento temporal de sua trama, mas mantendo a gravidez de Madeline (Kate Walsh), chefe estadunidense de Emily, como ponto referencial para a jornada dos personagens, temos aqui a terceira incursão da “garota americana em Paris”, jovem viciada em redes sociais e especialistas em reverter situações corriqueiras em seu atribulado mundo profissional, um lugar de egos inflados, disputas acirradas e surpresas quase sempre indesejáveis. Com agenda repleta de contatos “quentes”, a protagonista que chegou na capital francesa para uma experiência acabou conquistando o seu espaço e demonstrando o quão competente é o exercício de suas funções, sempre cheia de manobras e muita esperteza.

Mantendo passagens enfadonhas, mas focando um pouco mais no ambiente profissional de Emily, deixando de lado o prejudicial excesso de açúcar da temporada anterior, Emily em Paris investe em ampliação dos demais personagens que gravitam em torno da publicitária, aumentando o rocambole de tramas direcionadas por muitas reviravoltas, pecando ainda na falta de desenvolvimento para quem assume o protagonismo, afinal, por mais que Lily Collins seja uma fofa, competente enquanto atriz, o seu personagem é muito plano, sempre pululante, como se estivesse na posição da “noviça rebelde” do pôster deste clássico hollywoodiano: cantarolante e demasiadamente plena. Uma falha dramática imperdoável, mas que por sua vez, não atrapalha o caminhar da série como entretenimento possível de ser assistido, sem muitas exigências.

Fosse mais humana, Emily seria ainda mais interessante, responsável por criar elos maiores com os seus espectadores. Não sendo, ficamos com o que a terceira temporada nos oferta. Aqui, temos uma gravidez, ponto máximo do drama ao estilo novela mexicana, como obstáculo para o encontro de pessoas que a narrativa insiste em distanciar. Como os filtros das redes sociais, a caminhada profissional de Emily é remendada por disfarces. Tudo que é nublado fica ensolarado e a maquiagem dos relacionamentos age em prol da felicidade constante. Em seus episódios de 30 minutos em média, Paris é um ponto geográfico alucinadamente lindo, haja vista a maneira que os realizadores guiam os personagens por suas ruas encantadoras. Um deleite, fato.

Tendo como desafio a língua e a cultura na primeira temporada, Emily em Paris flerta com os desdobramentos do amor em seu segundo ano, voltando ao eixo profissional nesta terceira empreitada, algo que não impede o coração de continuar palpitando. Para afastar Gabriel (Lucas Bravo) de seu caminho, a protagonista mantém o londrino Alfie (Lucien Laviscount) no radar, a sua “segunda opção”. Ao perceber o quão confuso é lidar com suas duas chefes, isto é, a americana Madeline e a francês Sylvie (Philippine Lerou-Beaulie), Emily precisa realizar escolhas impactantes. E urgentemente. O andamento da amizade com Mindy (Ashley Park) continua indo bem, diferente dos tensos encontros com Camille (Camille Razat), a namorada de Gabriel, personagens que oferta um feixe considerável de surpresas ao longo dos dez episódios desta temporada que recupera um pouco do vigor do ano inicial, mas ainda assim poderia ser mais cuidadosa na concepção das dimensões e necessidades dramáticas das figuras ficcionais que conduzem o seu tecido narrativo.

Emily em Paris – 3ª Temporada (Emily in Paris, Estados Unidos/França, 22 de dezembro de 2022)
Criação: Darren Star
Direção: Andrew Fleming, Zoe Cassavetes, Peter Lauer
Roteiro: Darren Star, Kayla Alpert, Ali Waller, Joe Murphy, Matt Whitaker, Emily Goldwyn, Sarah Choi, Grant Sloss, Alison Brown
Elenco: Lily Collins, Philippine Leroy-Beaulieu, Ashley Park, Camille Razat, Philippine Leroy-Beaulieau, William Abadie, Samuel Arnold, Bruno Gouery, Roe Hartrampf
Duração: 278 min. (10 episódios)

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