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Crítica | Drop – Ameaça Anônima

De onde vem a ameaça?

por Felipe Oliveira
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Desde que começou com o terror, Christopher Landon trazia em seus filmes características que remetiam a diretores consagrados. Um bom exemplo disso foi Paranoia (Disturbia), suspense baseado em Janela Indiscreta, de Alfred Hitchcock, obra da qual foi co-roteirista. Mesmo tendo sido marcado com as sequências da franquia Atividade Paranormal em sua carreira, Landon estava jogando em lugar seguro ao misturar o subgênero do slasher com outros temas clássicos, como A Morte Te Dá Parabéns se misturando a Feitiço do Tempo; Freaky ao mote narrativo da troca de corpos entre personagens; e Heart Eyes costurando os tropos da comédia romântica numa noite brutal dos dias dos namorados. Com todas essas referências familiares, Drop – Ameaça Anônima surge como algo fresco, que segue um caminho oposto do slasher nostálgico e opta por um thriller clássico.

Se unindo a safra do “subgênero do terror e tecnologia”, o roteiro escrito por Gillian Jacob e Chris Roach é ágil em construir uma trama envolvente sobre traumas, relacionamentos e aparatos tecnológicos, e a direção de Landon se inspira em Voo Noturno, de Wes Craven, para compor a dinâmica do suspense, a diferença é que o terror aqui não se passa em um avião, e sim em um restaurante luxuoso ao apresentar Violet (Meghann Fahy), uma viúva que durante um encontro com um fotógrafo (Brandon Sklenar) passa a ser aterrorizada por mensagens anônimas em seu celular. A ideia de propor um ambiente limitado em que a protagonista precisa obedecer às ordens de seu algoz anônimo é algo que remete também a títulos como Velocidade Máxima, Por um Fio e Sem Escalas (também escrito por Roach), Drop articula sua própria tecnologia com mensagens de Airdrop – renomeado para Digidrop no filme, para evitar problemas com a Apple.

Tendo em mente como funcionam suspenses do tipo e as sacadas mirabolantes que precisam ser boas o suficiente para sustentar a trama, o que prende a atenção é a criatividade do Landon para explorar a tensão. Contudo, antes disso, o cineasta quer que prestemos atenção no espaço, as pessoas em volta dando dicas de possíveis suspeitas, principalmente quando Violet e Henry andam até à mesa. Quando as mensagens começam a surgir, o diretor investe em ângulos inesperados e utiliza elementos do espaço – janelas, teto, espelhos, pratos – para espelhar os textos que a protagonista recebe do seu observador, e são nesses momentos que percebemos que o restaurante funciona como uma gaiola monitorada, uma armadilha pronta para a viúva que estava ali apenas para um encontro. Se acompanhar a carreira de Landon trazia a expectativa de quando ele faria o próximo Happy Death Day e Freaky, Drop é a prova de que, se ele tiver a chance, vai mostrar as cartas que tem na manga.

Mesmo com todas as convenções que acompanham a trama de Drop – os momentos dramáticos, o arco sobre relacionamentos abusivos, e tiradas mirabolantes – o triunfo do filme está em como Landon cria um banquete visual para ser degustado e não deixar as cenas como meros artifícios absurdos e mal desenvolvidos em prol do suspense. Um exemplo disso são os trechos românticos surrealistas entre Violet e Henry, ou como quando Violet tenta explorar o espaço no seu campo de visão. Embora a personagem seja posta como vítima, a expectativa é de quando ela vai mostrar outras camadas – como na cena de abertura – e sair do papel de “mocinha em apuros” para fazer o que for preciso para manter seu filho e irmã a salvo. O que diverte é embarcar junto a personagem nos exageros descabidos que o roteiro arruma, e Fahy é ótima em ser tensa, psicótica e entregar carisma por dois, já que o há de bonitão em Sklenar e seu bigode grosso, falta na sua inexpressividade.

Graças ao estilo versátil de Landon, Drop pode ser uma montanha-russa que tenta transitar entre vários gêneros, e a famosa quebra de tensão com humor é o que menos funciona aqui quando os planos e ângulos inesperados que o diretor usa, e a apreensão gerada por cada vez que o celular de Violet vibra, são o suficiente para manter o tom de explorar o suspense por mais de 1h em poucos espaços. E o desfecho, apesar de abrupto e metódico, é outro exemplo de como a direção de Landon é criativa para acrescentar adrenalina em breves momentos que buscam abraçar uma urgência para compensar todo o risco prometido por mensagens.

Drop – Ameaça Anônima (Drop – EUA, 2025)
Direção: Christopher Landon
Roteiro: Gillian Jacob, Chris Roach
Elenco: Meghann Fahy, Brandon Sklenar, Violett Beane, Jacob Robinson, Reed Diamond, Gabrielle Ryan, Sarah McCormack, Jeffery Self, Ed Weeks
Duração: 95 min.

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