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Crítica | Dragon Ball Z: Broly, O Retorno do Guerreiro Lendário

por Guilherme Coral
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estrelas 2

Broly é sabidamente o vilão mais icônico, se não o único realmente memorável, dos filmes de Dragon Ball Z. Com inimigos, até então, genéricos, essas obras traziam tramas que, em geral, eram pouco engajantes, funcionando como um filler de 45 minutos de duração – O Resgate de GohanO Homem Mais Forte do Mundo são evidentes provas disso. A criação de Broly, contudo, nos trouxe uma trama mais coesa em relação ao universo de DBZ, utilizando um ponto central da mitologia da série, ainda que a figura do lendário super saiyajin tenha ganhado um diferente escopo a partir do one-shot (escrito por Naho Ooishi em 2011) Episódio de Bardock, que foi adaptado para OVA posteriormente.

Antes disso, porém, era óbvio que os executivos responsáveis pelo anime não deixariam o popular vilão cair no esquecimento. E que melhor maneira para fazer isso? Tirá-lo da morte certa, é claro. Com isso surge Broly, o Retorno do Guerreiro Lendário, nos trazendo uma explicação para a sobrevivência do super saiyajin que simplesmente não funciona, deixando muito para a nossa suspensão de descrença, o que torna ainda mais evidente o caráter de reaproveitamento deste filme.

A história se passa sete anos após a primeira, e terrível, batalha contra o inimigo. Agora já estamos na fase final de Dragon Ball Z, com Gohan já adolescente e com um Trunks e Goten crianças. Os dois pequenos e Videl estão à busca das Esferas do Dragão, quando se deparam com uma vila misteriosa realizando um estranho ritual de sacrifício. Tentando impedir que tal ação seja levada adiante, os três interferem e no processo, através de um choro forçado de Goten, acabam acordando Broly, que havia caído naquele local algum tempo antes e fora congelado no interior de uma montanha. O que se segue são consecutivas batalhas contra o vilão, que já acorda irado pela suas lembranças do grito de Goku bebê em seus ouvidos.

Os momentos que precedem a aparição de fato do inimigo nos trazem alguns pontos a se notar. As cores da vila, tanto do céu quanto do cenário à volta, antes mais vivas e quentes, rapidamente adotam tons acinzentados, monocromáticos – o céu adota uma disposição nublada – claramente anunciando a chegada da criatura temível. A diferença é evidente, óbvia e também ocupa outro papel dentro da animação em si. Através dos tons monocromáticos, o cenário fica em segundo plano de forma praticamente imperceptível, facilitando o trabalho dos animadores nas posteriores cenas de ação.

O cinza, porém, tem outro papel importante: o de ressaltar o típico verde-morte dos poderes utilizados por Broly. Por mais que o filme tenha seus grandes defeitos acerca da narrativa, sob o aspecto visual ele funciona sob determinado olhar. Muito desse trabalho, porém, é desperdiçado com a falta de coesão na arte, que passa a desenhar o céu de forma mais azulada com o decorrer da projeção, tirando parte da força da imagem construída até então. Felizmente, nos minutos finais, o contraste entre o verde e o branco/ azul claro ganha um maior destaque, compondo com facilidade a tensão das sequências de encerramento, ainda que essas sejam excessivamente longas.

O grande problema, de fato, do longa-metragem (ou média, dependendo do critério utilizado) está em seu tom oscilante. A tensão gerada pela aparição do vilão, pelo seu histórico do filme Broly, o Lendário Super Saiyajin, é praticamente jogada fora com a forte ênfase na comédia. Por mais que esse seja um elemento marcante na franquia Dragon Ball, especialmente em suas origens, ele não funciona nesta obra, soando forçada, ao passo que o filme não sabe encontrar sua linguagem ideal, transitando incessantemente entre esses dois tons. A imersão do espectador é, portanto, constantemente quebrada através da intercalação indevida entre a luta e o humor, misturando de forma não homogênea a sensação de perigo e o alívio cômico, jogando esses dois lados fora.

Broly, O Retorno do Guerreiro Lendário acaba não fugindo do que já imaginávamos: uma outra forma de ganhar dinheiro através do icônico personagem. Apesar de algumas boas escolhas da arte, o filme se constitui não só como dispensável, mas desnecessário e nada engajante, tirando do espectador qualquer tensão que sua narrativa procura gerar. O único ponto realmente memorável da obra é seu desfecho, ainda que ele seja devoto de um drama maior, parecendo jogado dentro da trama a fim de implorar por uma identificação com o espectador, algo que, de fato, jamais ocorre.

Dragon  Ball Z: Broly, O Retorno do Guerreiro Lendário (Doragon Bōru Zetto: Kiken na Futari! Sūpā Senshi wa Nemurenai, Japão, 1994)
Roteiro: Takao Koyama
Direção: Shigeyasu Yamauchi
Elenco: Masako Nozawa, Bin Shimada, Ryō Horikawa, Toshio Furukawa, Takeshi Kusao, Mayumi Tanaka, Naoki Tatsuta, Kouhei Miyauchi, Hiromi Tsuru, Naoko Watanabe, Hiroko Emori, Masaharu Satō, Iemasa Kayumi, Joji Yanami
Duração: 52 min.

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