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Crítica | Drácula: O Príncipe das Trevas (2013)

Drácula, icônico personagem de Bram Stoker, numa perspectiva épica.

por Leonardo Campos
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A década de 2010 não foi tão profícua para Drácula como os anos 1970, mas também rendeu um numeroso painel de traduções cinematográficas do romance de Bram Stoker, obra-prima deste escritor irlandês com longevo legado e impacto cultural. Drácula: O Príncipe das Trevas, lançado em 2013, segue a mesma linha de recepção do curioso Drácula: Ele Ainda Está Vivo, produção mais recente. A conexão entre ambos é que a maioria das críticas são negativas, mas quando observados por uma perspectiva panorâmica, são bem mais divertidos, interessantes e dinâmicos que muitas narrativas com orçamentos maiores, atores de luxo e distribuição mais poderosa.  Não temos por aqui uma obra-prima do gênero, no entanto, podemos considerar que a trama envolve com a mescla de elementos de tipologias distintas, mesmo com todas as suas irregularidades.

Com um tom romântico e sedutor, o filme se encaixa mais confortavelmente na seara da aventura, mesmo que a sua base estrutural seja o terror, estabelecido pela clássica criatura da noite, interpretada por Luke Roberts, um homem que até em seus momentos monstruosos, não deixa o charme e a sensualidade de lado. De cabelos loiros platinados, ele é um personagem de coração partido, consumido pelo assassinato do grande amor de sua vida. Envolto numa redoma de erotismo conciso, Drácula: O Príncipe das Trevas é uma versão fantasiosa do livro de Stoker, com alguns toques góticos e estilo que nos remete ao medieval. A sua sequência de abertura, por sinal, é bem interessante, pois recapitula de forma didática, mas não menos interessante esteticamente, as experiências prévias do príncipe tenebroso.

Temos uma conexão com as escolhas narrativas do filme de Francis Ford Coppola, lançado em 1992 e considerado como uma das principais traduções do romance para o cinema. Na busca por defender a sua pátria, ele perpassa os campos da batalha para derramar sangue dos turcos otomanos, uma ameaça em sua região. Concomitantemente, a sua esposa morre diante da rede de intrigas daqueles envolvidos na tomada de seu trono, traição exercida em plena ausência. Assim, Drácula renega o divino e se torna um rebelde cavaleiro das forças das trevas. Ao retornar da guerra e lidar com isso, o personagem não deixa de se vingar, mas se torna sentimentalmente abatido com toda a situação. Ao estabelecer um pacto com o maligno, garante sua imortalidade.

Como obstáculo, o vampiro precisa lidar com Leonard Van Helsing (John Voight) e duas jovens caçadoras de criaturas sobrenaturais, Alina (Kelly Wenham) e Esme (Holly Earl). Entre idas e vindas da narrativa, as jovens chegam ao castelo de Drácula. A mais velha delas, por ter semelhanças absurdas com a falecida esposa do imperador das trevas, desperta uma intensa paixão, levada às últimas consequências pelo monstro, transformado numa figura obcecada e desesperada por resgatar sentimentos tão calcificados. Em linhas gerais, uma trama que funciona dentro de suas limitações, com espaços concebidos pelo cuidadoso design de produção de David Hirschfield. Não é ruim, tampouco ótimo. Apenas funciona para sua proposta.

Dirigido por Pearry Reginald Teo, cineasta que tem como base o texto da dupla de roteiristas formada por Nicole Jones Dion e Steven Paul, o filme insere um tópico instigante, mesmo que pouco convincente em seu desenvolvimento: Drácula como descendente do personagem bíblico Abel. O único recurso para destruir os mortos-vivos, isto é, o exército do vampiro, é o Lightbringer, cajado utilizado por Caim para aniquilar o seu irmão lá no Gênesis. Apesar da criatividade, esta inserção exagerada beira ao bizarro, mas é algo que não atrapalha o desenvolvimento geral da trama com locações interessantes, similares ao que podemos contemplar ao longo dos episódios do clássico televisivo Xena: A Princesa Guerreira.

Drácula: O Príncipe das Trevas (The Dark Prince, EUA – 2013)
Direção: Pearry Reginald Teo
Roteiro: Blair Butler
Elenco: Luke Roberts, , Kelly Wenham, Ben Robson, Holly Earl, Jon Voight, Poppy Corby-Tuech, Richard Ashton, Vasilescu Valentin, Vlad Radescu
Duração: 100 min.

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