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Crítica | Drácula: O Perfil do Diabo

Mais uma vez, Christopher Lee interpreta um Conde Drácula sangrento e silencioso.

por Leonardo Campos
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Como já mencionado nos textos anteriores sobre a presença do mais famoso vampiro da literatura em suas passagens pelo cinema, em propostas de sucesso, a ideia é esticar o universo o máximo que puder, garantindo a rentabilidade dos negócios. Esta não é uma regra específica da indústria cinematográfica, mas a base do capitalismo. E, filmes, por mais independentes que sejam, dependem desta dinâmica econômica para o seu devido estabelecimento. Tanto no processo produtivo quanto na distribuição e demais segmentação que permita o consumo destas produções. Em 1968, após o sucesso de O Vampiro da Noite, tivemos as sequências As Noivas do Vampiro, Drácula: O Príncipe das Trevas e este Drácula: O Perfil do Diabo, terceiro desempenho dramático do lendário Christopher Lee no papel do vampiro definidor da mitologia destas famigeradas criaturas da noite, sugadoras da energia alheia, aqui, representada pelo sangue pulsante, vibrante pela perspectiva da Hammer. Parte integrante de um ciclo de repetições diante da temática, o filme é irregular, mas tem lá os seus méritos e funciona como narrativa de terror para a profícua década de 1970, a “Era de Drácula” no cinema.

Um ano após os eventos do anterior, acompanhamos a chegada de Ernst Muller (Rupert Davies) em um vilarejo nas imediações do castelo do vampiro temporariamente eliminado. Os aldeões locais ainda estão aterrorizados com a aparente onipresença do monstro. Temeroso da possível retomada das ações macabras na região, o personagem sobe o mais alto que pode no castelo e inicia um ritual de exorcismo, recitando e fincando uma imensa cruz na porta da construção. Acompanhado por um padre local, interpretado por Ewan Hooper, o homem de boas vontades cristãs sofre um acidente e com o sangue que escorre de sua cabeça, fornece a substância basilar para a ressurreição de Drácula, figura que transforma o padre em seu servo e parte em busca de revanche contra o monsenhor que fincou a imagem sagrada em sua habitação.

Ao longo da pavimentação de seu caminho, em 92 minutos de narrativa, o conde vampiro espalha o terror, transformando humanos em criaturas sanguinolentas, mantendo interesse especial por Maria (Veronica Carlson), sobrinha do alvo de sua vingança. Ter uma meta específica, por sua vez, não significa que outros pescoços tenham que ficar de fora da saga sangrenta. Drácula ataca Zena (Barbara Ewing), a garçonete de um bar, dentre outros personagens. As coisas, no entanto, não são exatamente fáceis para o monstro, pois em sua busca por Maria, ele precisa lidar com o namorado da jovem, Paul (Barry Andrews), um estudante que atua como padeiro e fará de tudo para manter a integridade de sua futura esposa. Com roteiro de Anthony Hinds e direção de Freddie Francis, o filme se equilibra no tom mediano, acompanhado pela textura percussiva de James Bernard, eficiente para a proposta desenvolvida ao longo da trama.

Com direção de fotografia assinada por Arthur Grant, Drácula: O Perfil do Diabo mantém a padronização estabelecida pela Hammer para as jornadas do icônico vampiro inspirado no texto de Bram Stoker, publicado em 1897. Bernard Robinson, mais uma vez, assume o design de produção simples, mas revestido com os principais elementos da cartilha gótica: corredores escuros, empoeirados e repletos de teias de aranha, passagem de criaturas notívagas, sensação de frieza diante dos espaços sombrios, ancorados no macabro, atmosfera nebulosa, reforçada pela maneira como os planos, enquadramentos e movimentação circulam pelos arredores dos ambientes de atuação do conde sedutor e maléfico. O constante nevoeiro, a passagem de carruagens misteriosas, uma igreja abandonada e a superstição que instiga formam a base desta narrativa que antecede O Sangue de Drácula, mais uma empreitada com Christopher Lee brincando de voto de silêncio, com algumas falas milimetricamente contadas, se apresentando em cena majoritariamente com suas expressões faciais tenebrosas e olhos profundamente assustadores. Em linhas gerais, ainda curioso, mas menos interessante que os anteriores.

Drácula: O Perfil do Diabo (Dracula Has Risen from the Grave, Reino Unido – 1968)
Direção: Freddie Francis
Roteiro: Anthony Hinds
Elenco: Christopher Lee, Rupert Davies, Veronica Carlson, Barbara Ewing, Barry Andrews, Ewan Hooper, Marion Mathie, Michael Ripper, John D. Collins, George A. Cooper
Duração: 95 min.

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