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Crítica | Drácula: O Demônio das Trevas (1974)

Jack Palance é o conde vampiro nesta tradução para o cinema da obra-prima de Bram Stoker.

por Leonardo Campos
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Muita neblina, sons de uivos, um castelo com estruturas peculiares, juntamente com a sensação de presenças sobrenaturais em cena. É clichê, mas funciona, e é assim que contemplamos a abertura de Drácula: O Demônio das Trevas, mais uma de tantas iniciativas em torno do livro considerado a obra-prima do escritor irlandês Bram Stoker, demasiadamente traduzido para o cinema na década de 1970.  Por ter se transformando em um fenômeno cultural na época, lido e relido em diversas perspectivas, as histórias em torno do vampiro definidor da mitologia vampírica se dividiam entre empreitadas ousadas e inovadoras, mas também em tramas cafonas e repetitivas. A crítica ora tinha o que exaltar, ora tinha o que detratar, no entanto, em relação ao público, a temática nunca foi um problema, pois se há procura, lógico que os realizadores dos grandes e pequenos estúdios precisavam ofertar. Drácula, então, era uma mercadoria de alta cotação nesta década, protagonista de suntuosos e medíocres espetáculos de horror.

Aqui, ao longo dos 98 minutos de desenvolvimento narrativo, temos algumas inovações no que tange aos processos de tradução de suportes: Lucy se torna o foco, diferente das abordagens que centralizavam Mina como o alvo principal do vampiro. Há também a associação com Vlad, O Empalador, sendo os demais aspectos focados na cartilha básica do estilo gótico, escolha que permite ao filme funcionar muito bem dentro de sua proposta. Com design de produção assinado por Trevor Williams, Drácula: O Demônio das Trevas nos coloca diante de uma cenografia gótica bem delineada, haja vista os aspectos arquitetônicos com seus corredores misteriosos, arcos ogivais, detalhes minimamente concebidos para instalar o clima lúgubre ao passo que a história alinhada com o romance ponto de partida avança e estabelece seus conflitos.

Com cenas realizadas em regiões da Iugoslávia, algo que permitiu ao diretor de fotografia Oswald Morris desenvolver bons momentos visuais, o filme ambientado em 1897 nos apresenta Jonathan Harker (Murray Brown) a caminho de Bistritz, na Hungria. Ele é um agente imobiliário que segue rumo ao castelo de Drácula (Jack Palance), um homem poderoso, interessado em adquirir propriedades na Inglaterra. Harker percebe um estranhamento logo em sua chegada, mas como figura urbana e moderna, sem vínculo com superstições, acredita que tudo que envolve a atmosfera sombria do castelo seja um efeito cultural mesmo, nada sobrenatural. As coisas, no entanto, começam a ficar estranhas após o conde ver uma foto de sua amada esposa. Para o monstro, há muitas semelhanças com a sua amada esposa, já falecida.

Pronto. Obcecado, o vampiro parte para Londres e aprisiona o agente imobiliário em seu castelo, tendo em vista não encontrar obstáculos para os seus projetos: estabelecer um império sanguinário na região para onde parte e conseguir o amor da mulher que partilha semelhanças absurdas com a sua esposa. E assim, situações do romance são colocadas em prática no desenvolvimento cinematográfico: Lucy, interpretada por Fionna Lewis, começa a apresentar comportamentos estranhos; Mina (Penelope Horner) tenta ajudar da melhor maneira; Abraham Van Helsing (Nigel Davenport) entra em cena para estabelecer o discurso e a prática científica, tornando-se também um obstáculo imponente para o vampiro.

Com uma condução musical eficiente, assinada por Bob Cobert, Drácula: O Demônio das Trevas foi dirigido por Dan Curtis, cineasta também responsável por assumir a realização de outros clássicos de horror. Com roteiro de Richard Matheson, esta tradução do romance de Bram Stoker flerta com elementos que se tornaram referências da mitologia desta criatura da noite: aversão ao alho, ojeriza ao crucifixo, sua morte garantida se tiver uma estaca fincada em seu coração, além de ser uma criatura maligna, mas precisar de um convite para adentrar na casa alheia. Monstro condenado ao caos da eternidade, Drácula dorme de dia e caça à noite, dorme no caixão de madeira protegido com terra natal e possui três noivas vampirizadas, acessórias para o estabelecimento de seu império macabro.

No geral, um bom filme, superior ao tantos produzidos na época.

Drácula: O Demônio das Trevas (Dracula, EUA – 1973)
Direção: Dan Curtis
Roteiro: Richard Matheson
Elenco: Gary Oldman, Keanu Reeves, Winona Ryder, Anthony Hopkins, Richard E. Grant, Cary Elwes, Billy Campbell, Sadie Frost, Tom Waits, Monica Bellucci, Michaela Bercu, Florina Kendrick, Jay Robinson
Duração: 92 min.

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