“A morte é o que dá sentido à vida. Saber que seus dias são contados. Seu tempo é curto. Você pensaria que depois de todo esse tempo, eu estaria pronta. Mas olhe só pra mim. Esticando um momento em mil… Só para poder ver a neve cair.”
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Sabe aquela história do “assisti errado”? Embora talvez seja costumeiramente mais associada às obras com maior abertura interpretativa em seu cerne, pode acontecer com absolutamente qualquer coisa. Eu penso que esse efeito – que muitas vezes se confirma acertado quando, em uma segunda assistida, uma nova perspectiva se oferece e você então se questiona sobre onde estava com a cabeça por ter não gostado (ou adorado) esta obra que agora tanto lhe agrada (ou ofende) – tem suas raízes em uma coisa muito simples: expectativas. Minha experiência com Doutor Estranho, à época de seu lançamento, comprova um pouco essa teoria.
Minha primeira reação, com esse que hoje está entre os meus favoritos da Marvel, foi de desapontamento com a película. A impressão que tive no lançamento foi de o filme era uma entrada apenas passável para o UCM, bastante abaixo do potencial levantado pelo personagem e seus conceitos. O choque foi tamanho que na volta do cinema já me pipocavam na cabeça formulações prontas do tipo que se costumeiramente vê sendo lançadas contra toda e qualquer coisa que os Estúdios Marvel lancem. “Os caras não querem abrir mão da Fórmula Marvel”. “Não querem mais arriscar”. “Fosse pra ver o Homem de Ferro eu via em casa mesmo” (brincadeira, por sorte não cheguei a tanto – mas isso foi algo que já vi ser dito a respeito desse filme).
Baixada a poeira da reação inicial, as boas impressões deixadas pela sessão foram aos poucos revelando algo que as reassistidas futuras só fizeram confirmar. Sim, minha revolta estava mais próxima do famoso ataque de pelanca do que de uma crítica legítima ao que eu havia assistido. Mas como, se afinal de contas eu não guardava praticamente nenhuma expectativa em relação ao filme? Dá pra contar a simples esperança de que seja um bom filme como expectativa? Bem, tentando responder essas questões, descobri que meu posicionamento não era, afinal de contas, tão inocente assim.
No fundo, o que eu trouxe para minha primeira assistida de Doutor Estranho não era bem uma expectativa elevada, mas uma vontade de ter as minhas expectativas quebradas. O que, por si só, é uma das maiores expectativas que se pode ter! Afinal de contas, depois de conseguir me divertir com o Homem-Formiga, de todos os super-humanos da face da terra, do que mais seriam capazes os esforços capitaneados por Kevin Feige? Não há limite para esses caras! Com um filme trazendo no papel principal Benedict Cumberbatch, após anos de rumor e especulação, adaptando um canto fascinante e ainda totalmente inexplorado dos quadrinhos e prometendo inspirações profundas na arte seminal de Steve Ditko, minhas preocupações a respeito do sucesso da empreitada eram praticamente nulas.
E o que eu chamaria de “sucesso” para o filme? Era ver uma das melhores histórias de origem de um personagem do Universo Marvel (ao lado da do Homem-Aranha, é claro) bem adaptada em um roteiro cheio de drama pessoal, doideiras metafísicas e visualmente embalado pelas viagens de ácido das paisagens de Ditko. Até aí, perceba a ironia pelo fato de ter avaliado inicialmente que a obra deixou a desejar – isso é exatamente o que eu tinha visto em tela. Porém, conhecendo as possibilidades-limítrofes das aventuras de Stephen Strange, permaneci esperando também por algo de dobrar a mente, o inexplicável elevado a novos horizontes em um filme que mal se preocuparia em se manter enraizado no universo compartilhado de que faz parte. Doutor Estranho não é esse tipo de abordagem do personagem. Não é um filme redefinidor do gênero, nem uma das entradas mais experimentais dentre os filmes da Marvel, panorama dentro do qual pode ser classificado como uma iniciativa de jogar seguro. Porém, reconhecida a natureza dessa proposta, há de se admitir que o jogar seguro rende aqui excelentes frutos, e coloca o filme no patamar das grandes introduções de personagem que tem marcado a Fase Três do UCM, provando que não é só de sequências que essa verdadeira máquina de fazer dinheiro (e bons filmes!) sobrevive.
Com o estúdio tendo adotado uma estância em explicitamente evitar histórias de origem, ao menos em seu formato tradicional, é interessante que seja aberta uma exceção aqui. Interessante, e plenamente compreensível. A transformação do arrogante e mesquinho Stephen Strange na figura sapiente do Mago Supremo é para mim, como já citado, um dos contos mais interessantes do tipo na extensa biblioteca da Casa das Ideias. Arrogante, mesquinho e – não podemos deixar de reconhecer – inegavelmente competente e realizado pessoalmente, Stephen Strange consegue ser pintado aqui sem recair em uma rota pronta do “babaca prestes a aprender uma lição de humildade”. É óbvio que este componente está presente e é central na jornada de Strange, porém ao mesmo tempo também é notável a forma como seu cair da graça traz nuances e detalhes que garantem uma caracterização bastante única ao personagem. A película aborda o conto de maneira sólida e equilibrada, sem pressa nem arestas soltas, emprestando o necessário tom dramático e caracterizando rapidamente nosso protagonista de forma que acompanhemos sua jornada bizarra rumo ao insuspeito cargo de protetor de nosso plano existencial contra ameaças impensáveis.
Stephen Strange não é Tony Stark. Embora seja tentadora a comparação, é sempre bom levar em conta as diferenças que os personagens possuem nos quadrinhos e em suas mais variadas versões ao longo dos anos (ainda mais levando em conta que o Stark do UCM enfatizou elementos que, nos quadrinhos, estariam a princípio mais ligados ao próprio Strange). Se é verdade que eles compartilham da húbris e de uma história de origem para suas versões super-heroicas que consiste em uma bela lição de humildade, as semelhanças de certa maneira param por aí.
Tomado comparativamente, o desafio específico do personagem do Doutor Estranho é que, enquanto que a jornada de Tony Stark acaba levando-o de um babaca egoísta até um super-herói que, ainda que disposto a fazer o bem, permanece suscetível a falhas e passos falsos ao longo do caminho, Stephen Strange passa por uma transformação mais profunda e radical que muda essencialmente seu modo de perceber as coisas e de ver seu papel no mundo. Tony continua a tocar em frente os exageros de seu estilo de vida descomedido concomitantemente com sua nova identidade dupla como Homem de Ferro, enquanto que Stephen se isola em um casarão repleto de quinquilharias místicas e torna-se uma figura excêntrica e distante mesmo em meio aos super-humanos que levam vidas igualmente bizarras. Stark se torna um herói, Strange se torna um sábio.
Que o filme tenha conseguido vender essa jornada de maneira tão fluida e convincente depõe bastante a favor da visão do diretor Scott Derrickson para a franquia. Tivesse havido mais preocupação em levar a história já de cara para campos totalmente fora da curva, como alguns dos entusiastas do personagem esperavam, corria-se o risco de perder a oportunidade de explorar essa interessante trajetória, que nos faz conhecer um pouco do homem por trás da figura absurda do Doutor Estranho antes que ele efetivamente “vista a capa”, criando assim um vínculo com o personagem que, de outra forma, poderia ser difícil de se construir.
Para tanto, a narrativa se serve de um dos elencos de apoio mais sólidos dentre os que figuraram no UCM até então. É no diálogo com seus próximos – sejam eles no âmbito “pé-no-chão” do hospital, sejam no âmbito já místico de Kamar-Taj – que exploramos os temas centrais e as transformações que se dão ao longo do caminho de Strange. Ainda que falte tempo de tela e material para caracterizá-la como personagem por seu próprio direito, Christine Palmer (Rachel McAdams) consegue ser um contraponto bastante funcional à megalomania de Strange, lembrando-o tanto de seu dever de cuidado enquanto médico, quanto de suas limitações e necessidades de cuidado consigo mesmo.
Enquanto que inicialmente considerei a personagem como um interesse romântico desnecessário na história toda, revisitando o filme percebi que, embora ela acabe recaindo por momentos nos lugares-comuns desse arquétipo já tão batido, felizmente no geral ela consegue contrbuir para a narrativa de forma bastante significativa. Não se trata de uma personagem tão marcante quanto uma Pepper Potts, mas também não é o desastre que é a triste versão cinematográfica de Jane Foster. Mais do que interesse romântico, Palmer é uma das poucas pessoas que vê Strange para além de sua tão inflada persona do “cirurgião lendário”, e isso é bem explorado ao longo de todo o filme, fazendo-se presente em dois momentos marcantes.
A cena em que Strange, em um surto narcísico, escurraça com as tentativas de ajuda da amiga é notavelmente realista, construindo uma atmosfera dramática bem acertada, que serve como ponto de partida para a jornada transformadora de Strange. Trata-se do momento em que ele finalmente encontra seu até então insuspeito limite, atige o proverbial fundo do poço e, sem mais nada a perder e muito a ganhar, começa o lento e doloroso processo de mudança. Por isso é icônico que, de todo o exagero pomposo de suas possessões, seja o relógio presenteado por Christine a última que reste e que ele leve consigo até Katmandu, lembrança de sua identidade passada que permanece significante mesmo depois de despedaçada em uma tentativa de assalto.
Não se trata apenas do ângulo do romance desencontrado e regredido a um status meio-platônico pelo qual eles vivem agora, mas antes e sobretudo o que simboliza o momento em que a necessidade de transformação se tornou inevitável. Assim, além de fazer referência ao tema central do tempo, a dedicatória do relógio (“Time will tell how much I love you”) também expressa essa fé de Christine na possibilidade de Strange evoluir além daquilo que ele era (e considerava perfeito, mas agora perdido para sempre), sem a qual sua cura permaneceria impossível.
Ao mesmo tempo em que a relação com Christine contribui para humanizar Strange – para o espectador tanto quanto para ele mesmo – ela também ressurge no momento do confronto astral entre o Doutor e um dos seguidores de Kaecillius no hospital enquanto seu corpo permanece na mesa de operação, um dos pontos altos da ação do filme. Após a arrogância com que tratou todos os que cuidaram dele após o acidente, Stephen aqui se mostra pronto a se entregar ao cuidado do próximo e confiar nas capacidades de alguém que não ele. Por sorte, ele pode começar onde é mais fácil, confiando inicialmente sua vida a uma pessoa amada. Após esse passo, o desenvolvimento consecutivo vem mais naturalmente e de forma bela, na cena em que ele confia a vida preciosa de sua mestra ao médico Nick (Michael Stuhlbarg), que havia sido alvo de seu deboche e humilhação no início do filme.
Já que citamos a mestra, falemos da outra figura feminina essencial para a jornada de Strange. A Anciã (Tilda Swinton) traz aqui um pouco de tudo aquilo que constitui a figura clássica do mestre: muita sabedoria, lições rigorosas (o teletransporte para o Everest é especialmente incrível), mistérios de um passado inexplicado e, é claro, o inevitável sacrifício. A escolha por fazer uma versão mulher do personagem traz frutos que vão além da interpretação brilhante e caracterização fantástica de Swinton. Seu porte ao mesmo tempo minimalista e energético sustenta muito bem diversas das cenas em Kamar-Taj, que fazem com que as tipicamente enfadonhas sequências de treinamento e diálogos expositivos passem num piscar de olhos, deixando o espectador interessado por saber mais sobre este fantástico canto místico do Universo Marvel.
É interessante ver como sua postura é diferente em relação a Strange e a Mordo (Chiwetel Ejiofor), denotando uma sabedoria materna no lidar com seus aprendizes, no sentido do cuidado mas também no do necessário rigor e da atenção às suas individualidades. Neste sentido, a cena de despedida entre Strange e a Anciã, no plano astral, é uma das mais belas de toda a película. Ali, vemos os personagens nessa situação tão difícil, íntima e profunda, onde o diálogo e a direção trabalham no sentido de nos mostrar a distância respeitosa que ainda existe (e para sempre existirá) entre Strange e a Anciã, ao mesmo tempo em que há também a óbvia gratidão de Stephen ao amor e aos ensinamentos de sua mestra. Tudo isso se encontra muito bem sustentado pelos belos visuais: o relâmpago estático no céu, denotando que tudo aquilo que passa em apenas uma fração de segundo, contraposto ao aspecto translúcido de suas projeções e seu ar etéreo e um tanto despersonalizado – abismo que por um breve momento é preenchido pelo segurar de mãos, momentos antes do fim.
É todo esse trabalho cuidadoso de caracterização que faz com que funcione tão bem o payoff da descoberta que temos a respeito da longevidade da Anciã se dever ao uso proibido de energia da Dimensão Negra. A revelação do símbolo de Dormammu em sua testa nos mostra, de maneira dramática, a mancha do mal em meio ao feminino sagrado que seu visual até então sustentava, o caráter humano e falho de um ser que até então parecia tê-lo transcendido de forma definitiva. A descoberta despedaça um Mordo inflexível e apegado demais em seus entendimentos dogmáticos, ao mesmo tempo em que tem um caráter formador em um Strange que sempre buscou transitar nos limites possíveis desses mesmos conhecimentos. Trata-se de um set-up fortíssimo para um Mordo como futuro antagonista, no qual temos alguém que efetivamente tem motivos e razões legítimos por detrás de seus atos potencialmente imorais, e uma lição por ser aprendida que ressoa e tem íntima ligação com as origens de nosso herói.
Se por um lado toda essa construção do elenco de apoio é bem sucedida e arma um bom potencial para as inevitáveis sequências, por outro é preciso apontar para uma “maldição Marvel” da qual a película não escapou. Nosso vilão, Kaecillius (Mads Mikkelsen), consegue ser no máximo uma ameaça competente, mas sem nunca passar um senso de perigo ou ameaça maciços. Para alguém que iniciou o filme decapitando cerimonialmente um mago para roubar algumas páginas de um livro, isso significa que faltou algo nas subsequentes aparições do fanático da Dimensão Negra.
Embora o combate improvisado no Sanctorum de Nova York traga uma sequência empolgante de ação e uma confrontação interessante entre um Strange ainda iniciante e improvisando contra o já mais que habilidoso adversário, o espectador em nenhum momento sente a presença de Kaecillius como genuinamente sinistra no nível em que seu papel na história sugere.
Por sua vez, os paralelos com Estranho são interessantes e bem explorados por diálogos diversos, e é notável que o opositor ao nosso herói, que tenta aprender a ser menos individualista, seja justamente alguém movido por ideais tortos a respeito de fazer um bem universal e trazer realização para todos. Porém em nenhum momento ele deixa de soar e se portar como um mero capanga do mal maior que é Dormammu, do qual temos um vislumbre no combate final mas que permanece para ser explorado futuramente.
Por falar em Dormammu. a sequência final merece todos os créditos possíveis como uma das melhores de todo o UCM. O combate em “tempo rebobinante” traz visuais fantásticos não apenas pela precisão da técnica de CG utilizada, mas principalmente pelo próprio conceito e forma com que é utilizado, que oferece um twist ao evitar as distorções espaciais utilizadas ao longo de todo o filme e abordar criativamente o tema central do tempo. Trata-se aqui não apenas de dar vida à visão única da magia transdimensional de Ditko, mas em fazê-lo a serviço de uma narrativa forte que combina muito bem com uma história de origem para o personagem.
Natureza de nossa Joia do Infinito da vez, o tempo se fez presente de formas diversas ao longo de toda a trama: desde toda a simbólica envolvendo a jornada que vai do luxuoso display rotativo de relógios de Strange (que simbolizava de certa forma seu ilusório ser “acima do tempo”) até o relógio despedaçado de Christine (simbolizando a morte dessa ilusão, e o começo de um novo modo de ser para Stephen), chegando à declaração de Kaecilllius sobre o tempo ser o verdadeiro inimigo do homem – para o qual Dormammu oferece a total e completa libertação. O tema volta para ser utilizado de forma brilhante na sequência final quando Estranho, com ajuda do Olho de Agamotto, oferece a Dormammu um gosto desta mesma maldição. Fora a ressonância e coesão temática, a sequência é um sucesso em mais dois níveis: como clímax humorístico (um acerto diretorial) e como ápice da transformação de Stephen em Doutor Estranho (um acerto definitivo em termos de roteiro).
A sequência já icônica do “Eu vim barganhar.” funciona tão bem não apenas pela sobreposição um tanto jocosa das inúmeras mortes do Estranho com o visível espanto de Dormammu – que cresce proporcionalmente com a compreensão do espectador a respeito da tal barganha a que o nosso herói se refere – mas também pelo fato de que chega de surpresa ao final de um filme que, embora no absoluto tenha exagerado um tantinho na frequência de situações comédicas fora de lugar ao longo da narrativa, foi relativamente bem contido para os padrões Marvel. No geral, as piadas do filme que mais funcionaram para mim foram as que se apoiaram na atuação sardônica de Cumberbatch, e essa aqui é um caso que surge um tanto inesperadamente após um tempo mergulhados em uma atmosfera mais sóbria, funcionando melhor como clímax humorístico do que a dança de Guardiões da Galáxia, que fechava uma película toda já bastante recheada de piadas e gags.
Ao mesmo tempo, ainda que de forma mais despojada, a sequência representa para Strange um momento de grande sacrifício por um bem maior, completando sua trajetória do babaca individualista ao verdadeiro herói. Tamanho sacrífico é paralelo àquele que Tony Stark só viria a obter na batalha final de Os Vingadores, guarda ainda uma questão interessante, no sentido do quanto a possibilidade de viver a eterna repetição da própria morte realmente estava em jogo para o cirurgião transformado em Mago Supremo. Isso porque, como sabemos, para o bem e para o mal, Stephen Strange não gosta de apostar em casos em que não tem chances de sair vitorioso. Como ele chega já declarando sua intenção de negociar, podemos imaginar que o sacrifício aí tem um sentido duplo – ele se sacrifica porque realmente viu essa como a única possibilidade de defender a Terra de Dormammu, ou porque tem a certeza de que o blefe irá levá-lo a uma negociação da qual sairá vitorioso?
Introduzindo o personagem com precisão, Doutor Estranho faz como seu personagem titular e aposta apenas onde sabe que vai ganhar. Tarefa que não é tão óbvia quanto os Estúdios Marvel fazem parecer – de exemplos a história da indústria está repleta – mas que aqui é posta em movimento de maneira exemplar. Um roteiro enxuto que explora os principais núcleos temáticos do personagem é assim bem realizado tanto no nível das atuações (faltando ainda mencionar, fora os já elogiados Cumberbatch e Swinton, a boa dinâmica que temos ao longo de todo o filme com o Wong de Benedict Wong) quanto de uma direção que preza mais pelo equilíbrio do que pelo bizarro, mas parece o fazer conscientemente, justamente com o cuidado de não nos colocar o carro na frente dos bois. O futuro desta encarnação do personagem é particularmente promissor, e fica a expectativa de histórias que abordem mais conceitos obscuros e limítrofes, desafiando ao máximo as capacidades do recém-tornado Mago Supremo. Naquilo que essa estreia se propõe a fazer, o filme consegue felizmente obter bastante sucesso, de forma que quem até pouco tempo atrás já foi um personagem B nos quadrinhos hoje habita as telonas lado a lado com outros grandes nomes como Homem-Formiga e os Guardiões da Galáxia. Que tempos de sorte para os fãs – que ainda assim conseguem ser carrancudos!
Doutor Estranho (Doctor Strange) – EUA, 2016
Direção: Scott Derrickson
Roteiro: Jon Spaihts, Scott Derrickson, C. Robert Cargill
Elenco: Benedict Cumberbatch, Chiwetel Ejiofor, Rachel McAdams, Benedict Wong, Mads Mikkelsen, Tilda Swinton, Michael Stuhlbarg, Benjamin Bratt, Scott Adkins, Zara Phythian, Linda Louise Duan, Topo Wresniwiro, Mark Anthony Brighton
Duração: 115 min.