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Crítica | Dorm – O Espírito

por Leonardo Campos
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Menos macabro e mais fantasioso que a maioria dos filmes de terror oriundos do cinema oriental, Dorm: O Espírito é uma narrativa sobre um fantasma mais “camarada” que vingativo, numa trilha diferente do padrão estabelecido com as mulheres em trajes fúnebres e cabelos negros enormes, maquiadas de maneira assustadora, presentes no plano físico em busca de retaliação pelo que lhe foi infligido em vida. Lançado em 2006, a produção tailandesa evita o excesso de jumpscare comum ao segmento e investe numa trajetória mais imersiva no lado psicológico dos personagens, escolha narrativa que pode desagradar quem espera um frenético entretenimento tomado intensas imagens espetaculares de horror e medo.

Dirigido por Songyos Sugmakan, também responsável pelo roteiro, Dorm: O Espírito narra a história de Chatree (Charlie Trairat), um garoto de apenas 13 anos, enviado pelo pai para um colégio interno que segue as tradições deste tipo de narrativa, isto é, um lugar sombrio, voltado ao modelo de educação extremamente rígida, com sombras que parecem se mover no período noturno e sons que podem representar a questionável presença sobrenatural que tem como propósito, comunicar-se com um escolhido no mundo dos vivos. Ao chegar, o jovem sente a estranheza de habitar um espaço novo, bastante diferente da vida anterior que tinha com o pai.

Comandado por Ajarn Pranee (Chintara Sukapat), gestora que circula pelos espaços iluminados de maneira sombria pela direção de fotografia de Niramon Ross, o ambiente em questão é o típico lugar para a manifestação de entidades, palco ideal para eventos sobrenaturais, haja vista a sua atmosfera pesada. É um colégio soturno, frio, visualmente denso, com quartos coletivos e suas camas estruturadas em aço, em suma, um lugar para pouca inserção das individualidades e mais um quartel para apreensão e correção/educação de menores que possuem pais e responsáveis sem o devido tempo/interesse para o exercício de suas funções mentoras.

Neste local, os demais garotos de sua idade se divertem contando macabras histórias de terror, em especial, as lendas que gravitam em torno do colégio, supostamente habitado por fantasmas. Na leveza de sua proposta, o filme segue com seus constantes rompantes de silêncio, tomado por uma atmosfera de mistério que se revela parcimoniosamente. Basicamente, o tal jovem, ao se sentir isolado e confuso diante da nova vida, entrelaça-se com um espírito que saberemos mais tarde, morreu há 10 anos na piscina do internato. Por ter abandonado o corpo físico abruptamente, a criança não conseguiu se desconectar e seguir seu caminho espiritual. Saberemos, também, por qual motivo o garoto teve a vida ceifada, mistério que centraliza o seu foco na comunicação diária e amizade com Chatree.

É nesta linha de padrões vibratórios baixos que os jovens se comunicam, nos deixando sempre na incerteza sobre as intenções da presença que parece ter uma mensagem a deixar. Objetos mudam de lugar, alguns sussurros são espalhados pela textura sonora do filme, movimentos inesperados intervém na dinâmica física, situações que deixam claro a forte presença sobrenatural numa narrativa que podia, ao menos, ser mais dinâmica, tendo em vista atender aos anseios da parte do público interessada num espetáculo de entretenimento. Não é, entretanto, o que acontece ao longo dos 91 minutos de Dorm: O Espírito, filme que fica abaixo da linha macabra das produções lançadas na época, a maioria com terror mais gráfico e perturbador.

Dorm: O Espírito (Dek hor) — Tailândia, 2006
Direção:
Songyos Sugmakanan
Roteiro: Songyos Sugmakanan
Elenco: Charlie Trairat, Chintara Sukapatana, Sirachuch Chienthaworn, Pakasit Pantural, Jirat Sukchaloen, Thanabodin Sukserisup, Nipawan Taveepornsawan
Duração: 91 min.

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