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Crítica | Dois Homens e Meio – 1X01: Pilot

O melhor ou o pior tio do mundo?

por Kevin Rick
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Bem-vindos ao Plano Piloto, coluna dedicada a abordar exclusivamente os pilotos de séries de TV.

Número de temporadas: 12
Número de episódios: 262
Período de exibição: 22 de setembro de 2003 até 19 de fevereiro de 2015
Há continuação ou reboot?: Não.

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Minha relação com Dois Homens e Meio é estranha. Eu nasci no final dos anos 90, então cresci vendo a série nos anos 2000, que foi o período em que a produção estava com a sua popularidade em um nível global completamente absurdo. E cara, como eu adorava essa série, fez parte da minha infância mesmo sendo um pouco inapropriada para uma criança e marcou minha entrada no universo de sitcoms. Quando fiquei mais velho, porém, comecei a perceber o quão sexista e ofensiva a produção realmente é, principalmente em suas temporadas finais com Charlie Sheen e à medida que a série começou a emular a vida real absolutamente pirada de seu ator principal, quase se tornando uma paródia de si mesma com cada vez mais piadas degradantes sobre mulheres.

Sei que muitos fãs da obra estão virando os olhos agora, mas qual é, Dois Homens e Meio é muito machista, apesar de entender que em determinados momentos, especialmente no início da série, isso meio que faz parte da brincadeira sobre o tiozão mulherengo que encontra afeição por seu sobrinho e, em alguns momentos, de seu irmão parasita. Eventualmente, a produção perde a linha, não ganha desenvolvimento e passa a gostar/defender as perspectivas sexistas de Charlie – algo similar aconteceu com o machismo nerd em The Big Bang Theory, outra obra de Chuck Lorre. No entanto, no piloto é possível ver uma inocência e o coração no lugar certo.

Em linhas gerais, o primeiro episódio apresenta Charlie Harper (Sheen), um galanteador rico que mora em Malibu, ganhando muita grana com jingles e pegando mulheres diariamente. Do nada, seu irmão Alan (Jon Cryer), um quiropata controlador e esquisito se divorcia de sua esposa, que se assume gay, e acaba indo morar com Charlie, levando seu filho Jake (Angus T. Jones). Inicialmente, Charlie não gosta da mudança, mas cria um carinho por Jake ao ponto de comprometer sua vida de solteirão e aceitar a casa cheia.

Grande parte do humor no episódio envolve os contrastes entre Charlie e Alan, que são completamente opostos. Sheen incorpora muito bem (até porque está interpretando uma versão de si mesmo) as características mulherengas e de poucos escrúpulos do sarcástico e bon vivant Charlie Harper, enquanto Cryer é ainda melhor com a neurose e as peculiaridades de Alan Harper, com destaque para suas expressões faciais e humor corporal. O amadurecimento complicado de Jake no meio do divórcio de seus pais e na recente influência ruim de Charlie também recebe muito atenção das piadas.

Algumas piadas aqui sobre o quão bonzão e pegador Charlie é, bem, não funcionam para mim mais e soam quase bobas para não dizer ofensivas, mas a química entre o protagonista e Jake é divertida, assim como suas pequenas brigas com Alan. A participação da mãe da dupla (Holland Taylor) cai como uma luva na dinâmica tóxica e fraterna do irmãos. Olhando em retrospecto, certamente não é um tipo de humor sofisticado, mas o piloto é divertidinho nessas cenas, apesar de um pouco repetitivo. Ademais, odeio todas as cenas que envolvem Rose (Melanie Lynskey), que sempre considerei irritante.

Memória afetiva é um negócio perigoso e engraçado, dependendo da situação. Dois Homens e Meio fez parte de uma época boa da minha vida, então é bacana voltar ao piloto e resgatar algumas lembranças, por mais que não veja a série com os mesmo olhos elogiosos de antes. De forma geral, o primeiro episódio é carismático e tem um apelo popular gigantesco com esse tipo de comédia que caminha numa linha tênue entre misoginia e humor bobalhão. Não penso que a obra evoluiu o bastante para crescer e desenvolver os dois homens e meio, mas certamente tem um legado televisivo em termos de números de audiência e fãs globalmente.

Dois Homens e Meio (Two and a Half Men) – 1X01: Pilot (EUA, 22 de setembro de 2003)
Criação:
Chuck Lorre, Lee Aronsohn
Direção: James Burrows
Roteiro: Chuck Lorre, Lee Aronsohn
Elenco: Charlie Sheen, Jon Cryer, Angus T. Jones, Marin Hinkle, Melanie Lynskey, Holland Taylor
Duração: 25 min.

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