Equipe: 2º Doutor, Jamie, Victoria
Espaço-tempo: Planeta Telos, c.2486 (setembro)
Quando o 10º Doutor encontra River Song pela primeira vez, na Biblioteca, ele pergunta com cara de desgosto e em negação, se ela era arqueóloga e, evidentemente, não fica muito feliz ao ouvir a resposta. Essa insatisfação do Time Lord com arqueólogos vem de longa data e já em seu primeiro encontro com uma equipe desses profissionais no Planeta Telos, no século XXV, não teve muita sorte.
Após sair do Planeta Skaro, a TARDIS se materializa em Telos, que era o último refúgio dos Cybermen após serem derrotados pelo Doutor na Base Lunar, em 2070. Jamie já estava com o 2º Doutor a essa época e, quando revê os Cybermen, lembra-se aterrorizado do que passou ao lado de Ben e Polly para derrotarem esses ciborgues.
A história aqui é muitíssimo bem escrita e aposta em quebras dramáticas de qualidade, fazendo dos 4 episódios que compõem o arco uma ótima aventura, um misto de grande perigo e humor vindo dos três tripulantes da TARDIS. A ameaça não é apenas por parte dos Cybermen, mas também pelos investidores da expedição arqueológica, que tinham planos de barganharem com os alienígenas de Mondas (para quem não se lembra, este é o planeta natal dos Cybermen – veja em The Tenth Planet) e criarem um mundo melhor, seja lá o que isso queria dizer para eles.
Com esse duplo problema, o Doutor, Jamie e Victoria não tem um momento de descanso, ora tendo problemas de um lado, ora de outro. O roteiro investe nessa amplitude de problemas e leva-os até o fim, resolvendo a contanto todos eles, criando cliffhangers excelentes de um episódio para outro e ainda deixando um final sugestivo, algo que raramente tivemos na série até esse momento e que na minha opinião serviu para fechar com chave de ouro este arco.
Podemos ver a grande amizade entre o Doutor e Jamie a cada nova aventura e a relação ente eles é pontuada de humor e pequenas brigas porque o jovem escocês não entende todas as farsas do Time Lord e por isso mesmo o questiona, algo que sabemos não ser muito apreciado pelo Doutor. Victoria, a nova companion, praticamente substituiu Susan com seus gritos e pequenas trapalhadas, embora ela tenha, assim como a neta do Doutor, uma postura ativa diante de perigos e uma ironia que chega a surpreender o público.
Em se tratando de Doctor Who, especialmente da Série Clássica, não é de se espantar que os efeitos especiais sejam risíveis. Embora tenha muita coisa boa nesse âmbito, a maior parte das tentativas divertem mais do impressionam.
Apresentando pela primeira vez os Cybermats e o Cyber-Controller, este arco teve uma estrutura narrativa mais cinematográfica, uma mistura de filmes B de ficção científica e suspense, algo que combina bastante com a personalidade do 2º Doutor, que teve aqui o seu momento sério e muito tocante no pequeno diálogo travado com Victoria a respeito da perda de entes queridos e a memória deles – conversa iniciada após a garota comentar que estava com saudade do pai, morto nos eventos de Evil of the Daleks.
The Tomb of the Cybermen marca com louvor o início da 5ª Temporada Clássica de Doctor Who, e mostra claramente a nova estrutura (mais dinâmica, um pouco cinematográfica e menos didática) que a BBC imprimiu à série a partir de então.
The Tomb of the Cybermen (Arco #37) – 5ª Temporada – Season Premiere
Direção: Morris Barry
Roteiro: Kit Pedler, Gerry Davis
Elenco principal: Patrick Troughton, Frazer Hines, Deborah Watling, Shirley Cooklin
Audiência média: 6,75 milhões
4 Episódios (exibidos entre 02 e 23 de setembro de 1967)