Equipe: 4º Doutor, Leela, K9
Espaço: Fetchborough, Reino Unido
Tempo: 1977
Mitos gregos e mistura de ficção científica com terror foram as bases para o enredo de Image of the Fendahl, um arco que se assemelha bastante, em diferentes aspectos, a outras aventuras da Série Clássica, como The Daemons, Planet of Spiders, The Masque of Mandragora e The Hand of Fear.
O Doutor e Leela chegam à Terra trazidos por um inesperado distúrbio de energia que força a TARDIS se materializar em Fetchborough, Reino Unido. Uma centro de pesquisa arqueológica está instalado na região e um crânio encontrado no Quênia, próximo aos sedimentos de um vulcão, recebe a atenção de um pequeno grupo de cientistas. Eustace, que é o nome que o crânio recebe, pertence à espécie dos Homo Sapiens, mas sua datação é de 12 milhões de anos antes do Homo Sapiens existir. Paralelo a este mistério, um culto se organiza para receber um certa entidade no corpo de uma mulher escolhida.
Ainda na esteira do que vimos em Terror of the Zygons, onde a mitologia local é utilizada como mola para o desenvolvimento da trama, o texto de Image of the Fendahl nos mostra como é possível a ciência se misturar a crenças e mitos, e como a ficção científica pode dar uma nova visão a cada uma das crianções humanas, do tarô aos computadores. Essa visão se aplica inteiramente ao Fendahl, o vilão do arco, um organismo predador do tipo gestalt cuja participação na aventura é maravilhosamente medonha, só perdendo qualidade quando o desnecessário monstro aparece.
É engraçado que, tal como no já citado Terror of the Zygons, a história se desenvolve sem precisar de uma ameaça monstruosa para sustentar a maldade do vilão em questão. Só o fato de haver nuances de terror, com todos os seus símbolos — tais como o pentagrama e o crânio que emitia ondas de energia e matava as pessoas sugando-lhes a alma –, bastaria para dar ao arco a sua camada de medo. Mas o produtor Graham Williams tinha uma queda por monstros. E cá temos mais um. Sem necessidade alguma.
O Doutor e Leela se dão muito melhor aqui do que nas aventuras anteriores, mesmo as desta 15ª Temporada. É claro que ele ignora ou procura desacreditar a companion sempre que algo novo aparece, mas aos poucos isso se torna um charme da relação entre os dois, mais ou menos como as patadas que o 3º Doutor dava em Jo Grant. Também a forma como Leela apresenta a sua “violência”, querendo atacar a tudo e a todos muda de figura e tanto o Doutor quanto o espectador entende melhor essa característica da personagem, que após a adição de K9 — aqui ele está completamente escanteado, mas já tem um importante papel na mudança do clima na TARDIS — se torna mais “sociável”, por assim dizer.
Por ter uma apelo científico mais forte e um apelo místico que se entrelaça a essa visão racional das coisas, Image of the Fendahl é uma daquelas histórias que se encaixa bem na sociedade dos anos 1970 e tem maior proximidade com o espectador, pelo nível de verossimilhança, de possibilidade de existir. Ele também amplia o contato e a parceria entre o Doutor e Leela (já comentamos que o relacionamento entre Tom Bake e Louise Jameson melhorou muito após The Talons of Weng-Chiang) e traz uma aventura na Terra que, talvez por sua característica geral mais claustrofóbica — com ótima direção de George Spenton-Foster nos pequenos espaços –, mostra-se mais interessante do que as outras no mesmo cenário. Não é um arco livre de problemas, mas é muito divertido de se assistir.
Image of the Fendahl (Arco #94) — 15ª Temporada
Direção: George Spenton-Foster
Roteiro: Chris Boucher
Elenco: Tom Baker, Louise Jameson, Wanda Ventham, Denis Lill, Edward Arthur, Derek Martin, Graham Simpson, Geoffrey Hinsliff, Daphne Heard, Scott Fredericks, Edward Evans
Audiência média: 7,80 milhões
4 episódios (exibidos entre 29 de outubro e 19 de novembro de 1977)