Home TVEpisódio Crítica | Doctor Who – Série Clássica: Full Circle (Arco #111)

Crítica | Doctor Who – Série Clássica: Full Circle (Arco #111)

por Luiz Santiago
284 views
full circle doctor who_plano_critico

estrelas 3,5

Equipe: 4º Doutor, Romana II, K-9 Mark II — primeira aparição de Adric
Espaço: Planeta Alzarius (E-Space)
Saga: E-Space Trilogy
Tempo: Indeterminado

Full Circle foi o primeiro arco com novidades + narrativa majoritariamente interessantes da era de John Nathan-Turner à frente de Doctor Who. Inaugurando a famosa E-Space Trilogy e apresentando Adric aos espectadores — que no arco seguinte já se tornaria companion — a história lança luzes sobre teorias estapafúrdias de “raça pura”, denuncia e critica a “ciência” que oculta seus dados e mais uma vez traz à luz o perigo que pode ser a obediência cega a qualquer tipo de norma/doutrina/regra/determinação tradicional da qual ninguém sabe a origem ou o por quê obedecer. Questionar, nesses casos, não é uma opção. E Full Circle mostra que esta deveria ser, na verdade, a primeira coisa a se fazer.

A caminho de Gallifrey e com um tremendo descontentamento por parte de Romana, que não queria voltar para lá, a TARDIS é pega por um CVE (Charged Vacuum Emboitment), raro fenômeno que pode levar um objeto de um Universo para outro. Ao se materializarem, o que a tripulação vê na tela de dentro da TARDIS (ela está mostrando o local com as coordenadas do N-Space, enquanto para além das portas estão as mesmas coordenadas, só que no E-Space) não é o que espera por eles. E-Space (também conhecido como Exo-Space, Ecto-Space e Exo-Space-Time Continuum) é um Universo de coordenadas negativas e bem menor em tamanho, se comparado ao N-Space (ou Normal Space, o nosso Universo), um lugar com uma coloração verde e onde se encontra o planeta Alzarius, local onde a aventura deste arco se desenrola.

O roteiro, escrito por Andrew Smith, divide-se em sessões onde o Doutor, Romana, K9, Adric e o grupo de rebeldes enfrentam problemas diferentes, todos parte de uma larga cadeia evolutiva aglutinada em um só espaço. Entre os episódios 2 e 3 existem uma grande quantidade de cenas que focam nos Deciders e no reparo da nave Starline, duas pontas que são repetitivas e não possuem o brilho que o enredo teria quando o verdadeiro motivo de tudo aquilo fosse revelado. A inicial pista para o questionamento necessário se torna um “eu avisei” darwinista, tendo o Doutor agindo como humanista brincalhão, com a cabeça decepada de K9 na mão (uma breve lembrança de Handles e do 11º Doutor passou pela minha mente quando vi a cena).

As sequências com os Homens do Pântano também não são as melhores coisas da história. Há muita semelhança deles com um certo arco da era do 3º Doutor, muito mais do que Andrew Smith, o roteirista, gostaria de admitir. A diferença é que a dinâmica aqui teve os polos de poder quase igualados — e o visual levemente mantido –, tornando o enfrentamento entre os “vilões” e os “mocinhos” algo mais “natural” e menos exterminador que aquele que tivemos em Doctor Who and the Silurians.

A trilha sonora faz um bom papel ao criar uma atmosfera de horror, que até funcionaria como uma versão ‘B’ de longas da década de 50 se o bloco das aranhas não fosse completamente inútil para o arco, valendo apenas uma citação ao final, algo que poderia muito bem ser colocado como parte da mesma cadeia de evolução, bastava estender um pouco o diálogo entre o Doutor e Romana.

É interessante vemos a chegada de Adric à série. Chego ao companion sem nenhum “preconceito whovian“, mesmo tendo ouvido pessoas falarem muito mal dele. Particularmente, gostei do rapaz, o ar de inocência e ao mesmo tempo excelência em conhecimento tecnológico e matemático será interessante de se ver nas aventuras seguintes. Uma pena que o texto dê tão pouco espaço para ele, mas o pouco que falou, me pareceu uma adição interessante para a TARDIS, que à parte o monta-desmonta de K9 (perceberam que aqui ele volta quase que automaticamente na cena final?), está bastante austera. Vejamos o que será do restante da “estadia” desses perdidos no E-Space.

Full Circle (Arco #111) — 18ª Temporada
Direção: Peter Grimwade
Roteiro: Andrew Smith
Elenco: Tom Baker, Lalla Ward, Matthew Waterhouse, John Leeson, George Baker, Leonard Maguire, James Bree, Alan Rowe, Tony Calvin, Richard Willis
Audiência média: 5,25 milhões
4 episódios (exibidos entre 25 de outubro e 15 de novembro de 1980)

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais