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Crítica | Doctor Who: Eve of the Daleks

Um loop da pesada!

por Luiz Santiago
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Talvez tenha sido o efeito da 13ª Temporada ruim ou simplesmente o fato de eu não ter expectativa nenhuma para esse Especial de Ano Novo, mas eu até gostei do que tivemos aqui em Eve of the Daleks. Da trilogia de Réveillon, este é o meu terceiro colocado (a ordem de qualidade/preferência, para mim, é exatamente a que foram lançados, sendo Resolution o meu favorito) e vejo algumas coisas que potencialmente não me agradariam na série aparecer de maneira ciente de si, com o roteiro não evitando falar sobre algo que já estava óbvio há tempos, mas fazendo isso de maneira responsável e minimamente interessante. É. Foi melhor do que eu esperava.

Histórias com loops temporais estão entre as minhas favoritas na ficção científica, então foi com uma felicidade coberta de medo (dada a atual baixa qualidade da série) que eu embarquei nesse Especial. A base para a deflagração do loop é simples, talvez até simples e conveniente demais, porém não achei ruim. A TARDIS é uma nave poderosa e não é de hoje que sabemos que ela pode movimentar o Universo de maneira… inesperada. Há pelo menos uma lógica e uma solidez no roteiro de Chris Chibnall nesse ponto. Marcado esse passo, temos a apresentação de dois personagens. Sinceramente, não gostei de nenhum deles, embora Nick (Adjani Salmon) seja melhor que Sarah (Aisling Bea).

O tom claustrofóbico do episódio e o fato de ter um pequeno elenco foi um grande acerto do roteirista. Ele normalmente tem errado muitíssimo a mão fazendo trama com zilhões de blocos narrativos e mais zilhões de personagens para dar conta, o que nunca acontece. A jogada simples dele funcionou decentemente aqui. Mesmo com personagens que não são tão interessantes, a trama avança com a ameaça constante do ataque dos Daleks, causando a morte de todo mundo que está em cena e, melhor ainda, diminuindo o tempo de ação a cada vez que a realidade volta ao seu “ponto inicial”. De novo: tudo muito simples, nada muito criativo, mas decentemente exposto. Para o padrão menor em que a série está nos últimos tempos, já é uma vitória.

A Doutora tem uma participação melhor nas cenas de ação aqui e o escritor até ensaia um momento de “discurso marcante”. Ele falha na potência desse discurso, mas não é um momento ruim, e a diretora Annetta Laufer captura bem toda a dinâmica que a fala da Time Lady propõe. Mas o momento que realmente representou uma surpresa para mim foi a vinda à tona da paixonite de Yaz pela Doutora. Eu não gosto nada de questões românticas envolvendo companions e Doutores, mas se é para abordar algo e tirar isso da frente em definitivo, que se faça de uma forma sentimentalmente respeitosa e com sentido para as personagens. No caso de Yaz, isso já vem sendo colocado há muito tempo na série, então foi muito bom que um roteiro trouxesse a questão à tona, sem nada meloso. Estamos chegando ao fim de uma Era, então esse tipo de exposição de coisas guardadas não será algo raro.

A Doutora dá a entender que o seu tempo está acabando, o que nos leva à preparação para a regeneração. Serão mais dois Especiais até o fim da Era da 13ª Doutora e de Chris Chibnall à frente da série. Não tenho mais expectativas para o que vem pela frente; não creio que seja algo saudável tê-las nesse momento do show. Mas a sensação de excitação com a perspectiva da troca de protagonista e todo o ritual para essa troca é sempre algo que nos pega, como whovians. Nesse caso, não com a tristeza que nos pegou na Era do melhor Doutor da Nova Série, mas ainda assim… Uma pergunta que não quer calar, no entanto, é a seguinte: vocês também tiveram a impressão de que perderam uma colossal oportunidade de mudar pelo menos alguma coisa na TARDIS depois desse novo momento de reformulação da nave? Eu fiquei decepcionado com aquilo. Mas é o que temos pra hoje. Agora sim estamos no começo do fim.

Doctor Who: Eve of the Daleks (Reino Unido, 1º de janeiro de 2022)
Direção: Annetta Laufer
Roteiro: Chris Chibnall
Elenco: Aisling Bea, John Bishop, Nicholas Briggs, Mandip Gill, Adjani Salmon, Jodie Whittaker
Duração: 60 minutos

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